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Celebrado no dia 08 de março, o Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para debater e colocar em prática ações que estimulam a busca por melhores condições para mulheres nos diversos setores da sociedade. A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi) se antecipou à data e já pôs em prática projetos direcionados ao público feminino, com vistas a fomentar o empreendedorismo e a geração entre mulheres negras de bairros populares.
“As marcas do racismo estrutural brasileiro se repercutem, com maior impacto, sobre as mulheres negras. Por isso temos políticas estruturantes previstas no Estatuto da Igualdade Racial, bem como uma política estadual de empreendedorismo para negros e mulheres. Nossos projetos têm focado na participação de 50% do público-alvo nas ações desenvolvidas pelas entidades beneficiadas. Essa é uma forma continuada e progressiva de contribuir para a correção das desigualdades”, assinala Fabya Reis, titular da Sepromi.
A ação, realizada através do edital Novembro Negro 2017, levou o curso ‘Mulheres Negras: Da cozinha ao empreendimento’ a representantes do gênero feminino assistidas pela Associação Sociocultural e de Capoeira Mangangá. Moradoras do Nordeste de Amaralina, Pau Miúdo, Federação, Vila Mar, Nova Brasília e Nazaré aprenderam a costurar as vestimentas com referência afro e utilizadas nas religiões afrobrasileiras, bem como paramentos e acessórios; e a cozinhar os pratos ofertados nos rituais e nos terreiros, com ingredientes utilizados pelos ancestrais africanos. Doces e salgados tradicionais também fizeram parte das lições.
O fundador da Mangangá, o músico baiano Tonho Matéria, inscreveu um projeto da ONG por acreditar que “todo edital bem elaborado é bem vindo, com linguagem artística, social e cultural, e que dê possibilidades de uma ONG como a Mangangá avançar através das próprias ações, por meio de um bom projeto, não só inscrito no papel, mas que direciona pessoas simples das comunidades à profissionalização”. Matéria completou dizendo que “os cursos estão levando as mulheres negras para o mundo do empreendedorismo e isso é muito importante”.
Fazendo a diferença
Tem gente que já está ganhando dinheiro com o que aprendeu. É o caso de Sheila Denise Souza. “O que aprendi está fazendo a grande diferença na minha vida. Já estou vendendo bolinhos e quitutes nas escolas, no bairro em que moro. Estou ansiosa para participar de mais iniciativas como essas, para aprender ainda mais”.
A técnica de Enfermagem Rute Sueli não quer mais atuar na área da Saúde e vê, no que aprendeu, a possibilidade de trilhar um novo caminho. “Sou da comunidade da Federação e estava à procura de uma nova forma de ganhar a vida. Vou aproveitar a oportunidade para daqui para frente tentar ser, realmente, uma empreendedora de sucesso”.
Outro grupo de mulheres beneficiado pelo edital Novembro Negro 2017, via Sepromi, foi o que frequenta o Terreiro Ilê Oxumarê, mais conhecido como Casa de Oxumarê, que fica no bairro da Federação. As representantes do sexo feminino da entidade tiveram acesso a cursos de corte, costura e bordados, inclusive o tradicional ‘richelieu’, tido como uma das mais antigas técnicas do mundo, na qual desenhos de figuras, como flores e folhas, são contornados por meio de um ponto chamado de casear.
Recentemente, a Sepromi lançou mais uma iniciativa que contempla as mulheres. Trata-se do Edital da Década Afrodescendente, com investimento na ordem de R$ 2 milhões. O foco principal é a redução das vulnerabilidades social e econômica da população negra, principalmente dos segmentos de povos e comunidades tradicionais, juventude e mulheres negras. A chamada pública consta no Diário Oficial do Estado e está disponível no site da Sepromi.