Bahia

Decisão liminar da Justiça suspende desmatamento em área de mata atlântica em Salvador

Decisão saiu após Ação Civil Pública protocolada pelo Ministério Público do Estado da Bahia e pelo Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá).

Decisão liminar da Justiça suspende desmatamento em área de mata atlântica em Salvador Decisão liminar da Justiça suspende desmatamento em área de mata atlântica em Salvador Decisão liminar da Justiça suspende desmatamento em área de mata atlântica em Salvador Decisão liminar da Justiça suspende desmatamento em área de mata atlântica em Salvador

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A Justiça da Bahia decidiu, em caráter liminar, que seja paralisado o desmatamento em uma área de mata atlântica onde está em andamento um projeto imobiliário no bairro de Pituaçu, em Salvador. Assinado pela juíza Ivana Carvalho Silva Fernandes, o documento do Tribunal de Justiça, publicado neste sábado (22), é uma resposta à Ação Civil Pública protocolada, em caráter de urgência, pelo Ministério Público do Estado da Bahia e pelo Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá).

Segundo a promotora Hortênsia Pinho, do MP-BA, a denúncia de desmatamento chegou ao MP no dia 20 de dezembro, com informações de que máquinas estavam destruindo uma área de mata atlântica pertencente ao Parque de Pituaçu.

A Ação Civil Pública foi protocolada na noite de sexta-feira (21), durante o plantão judiciário, e neste sábado, a Justiça concedeu a liminar.

De acordo com a decisão, uma autorização concedida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), no ano passado, para que a empresa AL-TEX Patrimonial LTDA, explorasse e desmatasse a área em questão "não tem amparo legal, afrontando a legislação de proteção da Mata Atlântica […]".

O documento aponta ainda "ausência da anuência do Ibama, órgão competente para o licenciamento da supressão de mata em área superior a três hectares, bem como do Inema, porquanto tratar-se de área de conservação ambiental".

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) informou, por meio de comunicado oficial, que irá cumprir a decisão judicial sobre o embargo da supressão de vegetação assim que for acionada pela justiça.

A Sedur argumentou que a área em questão está fora do poligonal do Parque de Pituaçu, conforme o Decreto Estadual 18.679, que alterou os limites da área recentemente. Além disso, o órgão apontou que o alvará de supressão de vegetação foi concedido em conformidade com a legislação ambiental.

A promotora do Ministério Público Hortênsia Pinho aponta que a área em questão foi excluída, por meio de decreto no dia 1º de novembro, do poligonal do Parque de Pituaçu. A promotora destaca, no entando, que quando a autorização foi concedida pela Sedur, em 2017, o espaço ainda não tinha sido alvo do decreto que redefiniu os limites.

O decreto do governo estadual foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 2 de novembro.

Ainda de acordo com o MP-BA, a área que estava autorizada para supressão da mata atlântica corresponde a aproximadamente 120 mil metros quadrados — o equivalente a 12 campos de futebol.

O G1 entrou em contato com o Inema, mas ainda não recebeu retorno sobre a questão.

O diretor da AL-TEX, André Teixeira, afirmou que a empresa ainda desconhece o teor da liminar e que aguarda citação formal para apresentação de defesa. Teixeira destacou que a área de mata atlântica pertence à empresa desde 2012, e que se tratando de uma área privada, nunca integrou o Parque de Pituaçu. No entanto, ainda segundo o diretor, em 2014, por equívoco, o governo do estado inseriu o terreno da empresa aos limites do parque e, por ter reconhecido esse equívoco após análises, publicou o decreto do dia 1º de novembro deste ano, fazendo a exclusão.

A respeito da área suprimida nesta semana, o representante da AL-TEX esclarece que o terreno é formado 99% de vegetação de mata atlântica em estágio inicial, e que não está em uma área de preservação, o que daria competência ao município para autorizar a exploração.

Segundo a AL-TEX, os trabalhos de supressão começaram na segunda-feira (17) e foram encerrados na sexta-feira (21), totalizando uma área desmatada em torno de 70 mil metros quadrados.

A Secretaria de Comunicação do governo da Bahia informou que o Inema liberou a área seguindo rigorosamente a legislação em vigor.

Fonte: G1