Bilionário da mineração e até o Bahia foram alvos do site Pura Política

Nem o Esporte Clube Bahia passou imune às chantagens do editor do site Pura Política, João Andrade Neto, preso por extorsão há uma semana.

Foto: Almiro Lopes

Bilionário da mineração foi alvo de dono de site

Nem o Esporte Clube Bahia passou imune às chantagens do editor do site Pura Política, João Andrade Neto, preso por extorsão há uma semana. Ontem (16), a polícia ouviu o depoimento de Marcos Guimarães Filho, irmão do presidente do clube e deputado federal Marcelo Guimarães Filho, que admitiu ter pago R$ 5 mil a Andrade Neto para que o editor o site não falasse mal do clube nem do deputado federal.

O time de vítimas do editor do Pura Política, que já tem empresários do ramo da educação, construção civil e advogados, ainda ganhou um reforço bilionário. O empresário da mineração João Carlos Cavalcanti, que também prestou depoimento à polícia na tarde de ontem, revelou que Andrade Neto chegou a pedir R$ 800 mil em troca de silêncio.

“Ele é um gângster. Não tem nenhum crédito nem credibilidade no mercado. Fez uso de um veículo de comunicação para conseguir tirar benefícios pessoais”, disse o empresário, que também é geólogo e tem fortuna avaliada em cerca de R$ 2 bilhões.

A delegada do COE, Gabriela Macedo, que conduz o inquérito, informou que o irmão do presidente do Bahia procurou a polícia para revelar o esquema de chantagens. “João chegou a pedir oito vezes mais o valor que foi pago – R$40 mil- para não publicar notas no site contra o time de futebol”, destacou a delegada.

‘Empréstimo

Cavalcanti disse estar sendo vítima das investidas de Andrade Neto desde abril deste ano. O bilionário denunciou e apresentou à polícia cópia de um texto enviado a ele por Andrade Neto solicitando um ‘empréstimo’ no valor de R$ 800 mil.
“Ele disse que, se não fechasse o acordo, ia começar a soltar notas negativas sob uma suspeita de fraude no meu negócio de minério (na região de Caetité, sudoeste baiano). Após várias conversas, ele baixou para R$ 55 mil. Não paguei nada”, disse Cavalcanti.

O bilionário admitiu ter tido três encontros com Andrade Neto – o primeiro em sua casa para conceder uma entrevista. “Recebi ele porque pensei que seria um trabalho sério, mas pelo visto foi algo para sondar minha vida”, disse o empresário, que agradeceu os esforços da Secretaria de Segurança Pública (SSP) na condução das investigações.

Cavalcanti citou ainda que recebeu proposta de Matias Uriel, que era um dos editores do site, para pagar R$ 20 mil para que fossem retirados vídeos do youtube. “O João Andrade é um psicopata. Disse que tinha dossiês que acabariam com a honra da minha família. Minha mulher chegou a parar no hospital Aliança por conta disso. Era uma série de denúncias infundadas contra a minha família”, disse. Cavalcanti é amigo do empresário que denunciou o esquema à polícia.

Testemunha

Além do irmão do presidente do Bahia e do empresário da mineração,
a delegada do caso ainda ouviu ontem uma mulher, de identidade não informada, que teria testemunhado alguns pedidos de extorsão do editor do site, preso durante operação do Centro deOperações Especiais (COE) da Polícia Civil que o flagrou em seu escritório com dinheiro de chantagens. Dez computadores e vários documentos, que foram recolhidos nos escritórios de Andrade Neto, ainda estão sendo periciados pela SSP.

SSP busca financiador de falso jornalista

Depois de ser pego desprevenido quando assistia à corrida da etapa baiana da Stock Car, domingo, o titular da SSP, secretário César Nunes, evitou comentar ontem frase publicada pelo site Bahia Notícias. “A gente adora confusão” foi a frase usada por ele para explicar que a polícia vai continuar investigando os políticos e qualquer outro “poderoso” que possa estar envolvido nos golpes aplicados por João Andrade Neto. Nunes revelou ao site que a maior dúvida dos investigadores é saber quem mantinha o falso jornalista em ação.
 

As informações são do Correio