Bebê picado por aranha marrom corre risco de morte

Um bebê de 11 meses, completados nesta terça, está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Jorge Valente (Av. Garibaldi) em estado grave. No último domingo, a criança teve a perna esquerda amputada, devido a uma necrose causada, supostamente, por uma picada de aranha da espécie Loxosceles, conhecida como aranha-marrom.

O fato ocorreu em Alagoinhas (a 107 km da capital), no dia 21 de fevereiro. “De madrugada, ele gritou e começou a chorar muito”, conta a mãe, Jamile Ferreira. “Pegamos ele do berço e fomos, então, a um posto de saúde na cidade. Ali, vimos um pequeno hematoma”, ela lembra.

Os pais voltaram ao hospital, ainda na tarde daquele domingo, pois o menino continuava com febre e chorando muito. De acordo com a mãe, os médicos locais não identificaram o que era, mas queriam internar a criança, chegando a sugerir a drenagem do ferimento. “Tive de assinar um termo de responsabilidade para tirá-lo do hospital”, lembra Jamile. O filho foi levado até um pediatra, que recomendou aos pais procurarem tratamento em Salvador, “com urgência”.

No dia 22, o bebê deu entrada no Hospital Jorge Valente, onde todas as investigações para a causa da necrose foram “exaustivamente discutidas pela equipe médica da unidade e de centros especializados”, como afirma o diretor médico Humberto Alves.

“Enviamos as fotos para o Centro de Informações Antiveneno da Bahia (Ciave) e outros institutos especializados, em São Paulo, Rio e Paraná”, explica o médico. “A hipótese com a qual trabalhamos é que o menino teria sido picado pela aranha-marrom”, ele assegura.

Incertezas 

Mas a vice-coordenadora do Núcleo de Animais Peçonhentos da Universidade Federal Bahia (Noap-Ufba), Tânia Brasil, diz que, apesar de o quadro apresentado ser compatível com o de picada de aranha, outros fatores no processo provocam incertezas. “O fato de a necrose continuar a evoluir é estranho, principalmente porque o soro antiveneno foi ministrado, o que, por si só, deveria interromper este progresso. Outra razão que me deixa em dúvida é que a perna comprometida foi amputada”, ela pondera.

O que dificulta o diagnóstico preciso é que não existem exames específicos para identificar o caso. “Apenas quando conseguem pegar o animal é que podemos ter certeza”, explica Tânia.
Ela salienta que, no país, há apenas três gêneros de aranha tidas como de importância médica – Phoneutria nigriventer, Latrodectus geometricus e a Loxosceles, conhecidas como aranha-armadeira, viúva-negra e aranha-marrom, respectivamente. “Mas apenas a marrom pode provocar estes sintomas”, detalha.

O diretor do Jorge Valente descartou qualquer hipótese de necrose bacteriana, mas o fato é que os tecidos da criança continuam a ser comprometidos. “Se progredir ainda mais, é possível que atinja a região do abdômen, o que tornaria complicada a recuperação”, destaca o médico. Alves afirma que todas as medidas estão sendo adotadas. “Estamos acompanhando o caso de perto. Esperamos que a situação seja revertida logo”, espera o médico.

(A Tarde)

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