
O Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificou 96 línguas indígenas na Bahia. Apesar da diversidade, apenas cinco delas concentram 84,9% dos falantes do estado, o equivalente a 6.355 pessoas, entre os 7.489 indígenas que afirmaram falar ou utilizar alguma língua indígena no domicílio.

A língua Pataxó lidera com 4.607 falantes, o que representa 61,5% de todas as pessoas que utilizam uma língua indígena na Bahia. Em segundo lugar está a Tupinambá, com 1.019 falantes (13,6%), seguida pela Kipéa, com 310 pessoas (4,1%).
A Kipéa, da família Kariri e associada à etnia Kiriri, havia sido considerada extinta no Censo de 2010, mas voltou a ser registrada em 2022, com 359 falantes no Brasil, sendo 310 deles (86,4%) na Bahia. Desses, 293 (94,5%) vivem na Terra Indígena Kiriri, localizada em Banzaê, no nordeste baiano.
As outras duas línguas mais faladas completam o grupo das cinco principais: Pataxó Hã-Hã-Hãe e Dzubokuá.
Apenas 3,3% dos indígenas baianos falam alguma língua indígena em casa
De acordo com os dados do IBGE analisados pelo portal Acorda Cidae, entre os indígenas baianos, apenas 3,3% afirmaram falar ou utilizar uma língua indígena em casa, proporção equivalente a 7.489 pessoas. O percentual é bem menor do que a média nacional, que chega a 29,2%.
A Bahia ocupa a 5ª menor posição entre os estados brasileiros nesse indicador. Os maiores percentuais foram observados em Mato Grosso (77,5%), Tocantins (75,9%) e Maranhão (72,3%). Os menores índices estão no Ceará (1,7%), Sergipe (1,9%) e Alagoas (2,3%).
Mesmo com a baixa proporção, o número de falantes de línguas indígenas triplicou na Bahia entre 2010 e 2022, passando de 2.437 para 7.498 pessoas, um aumento de 207,3%. Nesse período, o total de línguas informadas também cresceu, de 87 para 96.
A Bahia tem o 5º maior número de línguas indígenas do país

Com 96 línguas registradas, a Bahia ocupa a 5ª posição nacional em diversidade linguística indígena. O estado era o 3º em 2010. O ranking é liderado por Amazonas (165 línguas), São Paulo (130) e Pará (126).
Conforme aponta o Censo, no Brasil, o total de línguas indígenas identificadas pelo IBGE subiu de 274 para 295 entre os dois últimos Censos. Apenas Espírito Santo e Sergipe apresentaram queda no número de idiomas informados.
As maiores etnias indígenas da Bahia

Em 2022, quatro em cada dez indígenas que informaram etnia na Bahia se declararam Pataxó, um total de 35.291 pessoas (38,7%). A segunda etnia mais populosa é a Tupinambá, com 15.842 pessoas (17,4%).
Segundo os dados do IBGE analisados pelo Acorda Cidade, a Bahia concentra as maiores populações de Pataxó e Tupinambá do Brasil: 89,9% dos Pataxó e 68,1% dos Tupinambá do país vivem no estado.
O número de Pataxó quase triplicou entre 2010 e 2022, crescendo 195,5%. Já os Tupinambá tiveram o maior crescimento percentual, multiplicando sua população por sete no mesmo período (+628,7%).
O estado também reúne as maiores populações de outras etnias, como Pataxó Hã-Hã-Hãe (7.033 pessoas), Kiriri (5.189), Tumbalalá (3.774), Pankararé (2.520), Tuxá (2.494) e Kaimbé (1.771).
Aumento da diversidade étnica

O Censo 2022 registrou 233 etnias indígenas na Bahia, frente a 165 em 2010. O crescimento foi de 68 novas etnias, o segundo maior aumento absoluto do país, empatado com Goiás e atrás apenas do Amazonas (+109).
Mesmo com a ampliação, a Bahia passou do 2º para o 3º lugar nacional em diversidade étnica, sendo superada pelo Amazonas (259 etnias). São Paulo manteve a liderança, com 271 etnias.
Perfil dos indígenas na Bahia
Apenas 38,5% dos indígenas baianos declararam pertencer a uma etnia, proporção bem abaixo da média nacional (74,5%). O estado tem ainda 41,1% de indígenas que informaram não saber sua etnia e 16,8% que não declararam.
A baixa taxa de identificação é explicada pela distribuição geográfica da população indígena: 92,5% vivem fora de Terras Indígenas e 78,5% estão em áreas urbanas.
Entre os que vivem nas Terras Indígenas, 99,4% informaram etnia, enquanto entre os que vivem fora delas, a proporção cai para 30,1% nas áreas urbanas e 49,8% nas rurais.
Declarações de etnia
A declaração de etnia indígena na Bahia ficou bastante abaixo da verificada nacionalmente. No Brasil como um todo, 74,5% das pessoas indígenas, ou 1.262.812 das 1,695 milhão, informaram ao menos uma etnia, povo ou grupo.
A proporção baiana (38,5%) foi também a 5ª mais baixa entre os estados. Roraima (98,3% de indígenas declaram etnia), Acre (97,4%) e Mato Grosso (96,3%) tiveram as maiores; Sergipe (33,3%), Rio de Janeiro (33,6%) e Goiás (33,9%), as menores.
A relativamente pequena proporção de indígenas que declaram sua etnia na Bahia tem forte relação com o perfil dessa população no estado, quase inteiramente concentrada fora das Terras Indígenas (92,5%) e em áreas urbanas (78,5%).
