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Um dos grandes destaques do Carnaval deste ano, o Afródromo, chegou para levar toda música, cultura e tradição dos blocos afro, índio e afoxé em destaque no circuito do Campo Grande. Desde o seu primeiro desfile, na noite de ontem e madrugada de hoje, o projeto já promete ser um grande sucesso, tendo reunido milhares de pessoas para ver passar blocos tradicionais como Filhos de Gandhy, Comanches, Muzenza e Apaxes do Tororó, entre outros, que trazem para a avenida seus ritmos e danças tradicionais, encantando a todos.

 
Os Filhos de Gandhy abriram caminho, estendendo seu tradicional Tapete Branco da Paz. Pioneiro entre os blocos de afoxé, fundado em 1949 por estivadores, hoje conta com mais de 15 mil associados e é um dos mais aguardados pela sua beleza e tradição. Raimundo Nonato, de 79 anos, há 50 desfila no Afoxé. “Depois de tanto tempo, vira tradição”, conta. E ano que vem tem mais. “Só paro quando chegar aos 80 anos”, disse, orgulhoso.


 
O Muzenza levou seu afro reggae para a avenida com a Banda Muzenza. O bloco, que surgiu no bairro da Liberdade em 1981, em homenagem ao músico jamaicano Bob Marley (1945-1981), responsável pela difusão internacional do reggae, consolidou-se como um dos que desenvolvem o maior número de variações rítmicas no Carnaval de Salvador. Este ano, o tema escolhido foi “Reggae, futebol e Paz”. Outros blocos também tiveram seu espaço, como o das Baianas e o Templo dos Orixás, que diziam orgulhosamente que estavam desfilando no Afródromo.
 
Carlinhos Brown puxou o Apaxes do Tororó e sua percussão, que em 2014 comemora 45 anos. Para ele, a iniciativa do Afródromo é de grande importância para trazer de volta à mídia os blocos afro, tradicionais do Carnaval baiano, que estavam perdendo espaço para os de axé. “A expectativa é a melhor possível. Todas estas entidades estão aqui para receber o carinho e o conforto que a gente não esperava encontrar na avenida. O Carnaval agora está muito melhor”, ressaltou.
 
Os foliões que estavam na avenida aprovaram a iniciativa de trazer para o horário nobre os blocos afro. O porteiro Roberto dos Santos, que desfilou pela primeira vez no Gandhy, elogiou a proposta. “É bom porque dá mais visibilidade a esses blocos que ficavam esquecidos”, disse. Para o músico Roberto Vaz, que sai no Apaxes do Tororó há 12 anos, esse novo momento representa resistência. “São 45 anos de Apaxes, 45 anos de resistência. É o reconhecimento para um bloco de tradição no Carnaval de Salvador”, conta.
 
Visibilidade – Inicialmente idealizado pelo cantor Carlinhos Brown, o Afródromo tem o intuito de dar maior visibilidade aos blocos afro no Carnaval, que ficavam restringidos a horários tardios e sem repercussão na grande mídia. A proposta inicial era de ganhar um circuito próprio, no bairro do Comércio. Porém, o projeto teve seu modelo adaptado e ganhou o horário nobre no circuito do Campo Grande.
 
Tendo desfilado pela primeira vez no domingo de Carnaval do ano passado, a partir deste ano o Afródromo ganha três dias, saindo no domingo, segunda e terça-feira de Carnaval, a partir das 18h30. Confira a programação esta terça-feira:
 
– CORTEJO AFRO (Banda Cortejo Afro)
– FILHOS DE GANDHY (Banda Show Gandhy)
– FILHAS DE GANDHY (Banda Filhas de Gandhy)
– COMBOIO AFRICANO
– COMANCHE DO PELÔ (Pagode da Mulher Solteira / Banda Show Comanche / Jorginho Commancheiro)