Aniversário do Comendador

Dilton Coutinho, um campeão!

Dilton Coutinho, nosso festejado comunicador, que hoje completa idade nova, é um personagem marcante em Feira de Santana.

Dilton Coutinho
Foto: Iasmim Santos/Acorda Cidade

Por: Valdomiro Silva

Estamos neste mundo para enfrentar desafios, superar obstáculos e vencer. Nesta caminhada, dura e tão cheia de surpresas, vamos fazendo amigos e com eles construindo histórias, compartilhando uma mesma estrada.

São essas histórias que, ao final de tudo, vão revelar o quanto vivemos, nesta extraordinária experiência que Deus nos ofereceu. Muitos aproveitam bem a oportunidade e conseguem colecionar as vivências mais sensacionais. Outros, lamentavelmente, se perdem pelo caminho e encerram o ciclo da vida sem ter muito o que contar.

Dilton Coutinho, nosso festejado comunicador, que hoje completa idade nova, é um personagem marcante da longa estrada que percorri, nesta cidade onde eu não nasci, mas tenho como minha terra, devendo oficializar isto qualquer dia desses, recebendo a Cidadania Feirense que me foi concedida anos atrás.

São vários os capítulos desta relação sempre respeitosa e carinhosa e, aqui, vou lembrar alguns, para provocar a memória do nosso aniversariante, reconhecer a sua importância em minha atuação profissional e fazê-lo rir com o que vivemos, na juventude, quando a luta pela sobrevivência era bem complicada.

Tentarei fazer uma linha do tempo, desse período, que se inicia em 1983. Portanto, são 42 anos de amizade. Nos conhecemos por intermédio de meu irmão, o radialista José Ribeiro, então operador de áudio na rádio Sociedade, onde Dilton já brilhava como repórter do futebol. Era setorista do Fluminense de Feira. Mochila de couro nas costas, ele vivia entre a Vila Olímpica e a rádio, tendo como meio de transporte sua possante e famosa mobilete.

Depois de muita insistência do meu irmão, Dilton usou de seu prestígio e amizade no Fluminense para conseguir um teste, para mim, nos juniores do clube, então dirigido por professor Veraldo Santos. Quem conhece Dilton, sabe que ele não gosta desse tipo de interferência, mas ele e Ribeirinho eram muito amigos e não deu pra negar o pedido.

Aprovado, passei a frequentar os treinos. Em várias ocasiões, fui pra Vila na garupa da mobilete. Até que lesionei o joelho e me afastei do futebol. Dilton brinca que não deu certo a única investida dele em empresariar um jogador. Nossos caminhos voltariam a se cruzar várias outras vezes. Segui meus estudos, no curso Técnico em Redação, do Colégio Estadual, sem fazer a mínima ideia do que a vida me reservava em Feira de Santana.

Logo meu irmão faria mais um pedido, por mim, desta vez a Zadir Porto, o então produtor do programa “Antena Pioneira”, na mesma Sociedade. E ainda em 1983, início estágio na emissora, à noite. Saía do Estadual, caminhava até os Capuchinhos. Retornava pra casa meia-noite, quando Ribeiro encerrava seu trabalho de operador no “Musical Dentro da Noite”, apresentado pelo “Professor do Amor”, Antônio Carlos Cerqueira. Seguíamos para casa, nos transmissores da emissora, onde também moravam dona Milu e o radialista Tanúrio Brito, em uma Monareta emprestada por Rogério Santana, que ainda estava no começo de carreira.

Zadir me encaminha, poucos meses depois, para seguir o estágio no jornal Feira Hoje, onde ele acreditava que eu seria melhor sucedido. Era um preparativo para que eu e Dilton voltássemos a nos encontrar. No jornal, o meu novo estágio foi com o esporte amador (Jackson Soares era o editor da página) o que me aproximou de um outro grande amigo, Rogério Santana (o dono da Monareta), que, naquela altura, apresentava “A Voz do Fluminense”, na Rádio Carioca, hoje Povo FM, todos os dias, das 8 às 9 da noite. Ele gostou dos meus textos, da minha voz e me convidou para fazer uma participação no programa.

Dilton já estava lá, dividindo com Rogério a apresentação. Nos encontramos, eu e Coutinho, várias vezes percorrendo os corredores do Supermercado Cupertino, da Praça do Nordestino. Rogério pagava pra gente com uma feira mensal de mercado, através de permuta com aquela saudosa empresa feirense. Sentávamos na mesma poltrona, no primeiro andar, para aguardar pelo autorizo de Kennedy, bom amigo, grande figura desta cidade. Às vezes a gente tomava um bom chá de cadeira, pois o jovem Kennedy era mesmo muito ocupado.

Por volta de 1984, Dilton e Edna se casam. Recebi o convite e compareci à concorrida cerimônia na Igreja Santo Antônio. João Marinho Gomes Júnior foi padrinho. Saímos, eu e minha noiva, do beco chamado “Penico Parmeado”, onde morava, se não me falha a memoria ali nos arredores do bairro Muchila, a pé, para os Capuchinhos, naquele mês de dezembro. E voltamos a pé, depois de cumprimentar o casal. Não havia dinheiro para táxi. Era na base da “perna pra que te tenho” mesmo.

Visitei algumas vez o “quarto e sala”, ou quitinete, como queiram, onde Dilton e Edna moravam (ele vendeu uma linha telefônica para completar o pagamento daquele minúsculo imóvel). Para o casório, a televisão, obviamente preto e branca, o casal ganhou ou comprou, usada, de Rogério Santana. O som, também usado, Dilton comprou de mim, um rádio-gravador Phillips.

O futuro ainda reservava bem mais, nesta nossa relação de trabalho e amizade. Fizemos juntos com Rogério, no salão do Feira Tênis Clube, a festa “Melhores do Ano”, entrega de um certificado aos destaques do esporte em Feira de Santana, em 1985. Era pra ganhar um troco através de patrocinadores, mas quase deu prejuízo.

Por volta de 1986, eis que a Rádio Subaé resolve montar o seu departamento de esportes. Contrata de uma só vez Itajaí Pedra Branca e Dilton Coutinho, um desfalque e tanto para a Sociedade. Neste momento, eu, que já era editor de esportes no Feira Hoje e também havia sido narrador, repórter e comentarista nas transmissões esportiva da Carioca. Para minha surpresa, eis que Pedra Branca, maior narrador da história no interior da Bahia e um dos melhores do Brasil, me convida para ser o comentarista de sua equipe. Olha aí, eu e Dilton de novo juntos.

Itajaí retorna para a Sociedade. Dilton assume o comando do esporte na Subaé. Daí a pouco, ele chefia também o jornalismo e passa a apresentar o Subaé Notícias, com a saída de outro monstro do rádio, Agnaldo Santos. Eu sou acionado a substituir Categó, como Guina era também conhecido, na redação e produção do Ronda Policial. Dilton, então, é meu chefe duas vezes, no esporte e no jornalismo.

Em um outro momento, estivemos juntos também na TV Subaé. Tive a honra de editar matérias do bom repórter Dilton Coutinho. Pensam que acabou? Ainda não. Surpreendentemente, ele deixa a rádio Subaé, para desenvolver o projeto “Acorda Cidade”, na Rádio Sociedade. Era um grande desafio. Afinal, se na emissora dos Irujo ele recebia o salário todo mês na conta, na emissora da Fundação Santo Antônio teria que apresentar, vender publicidade, pagar a terceirização do horário, manter funcionários.

E foi neste momento que vivenciamos a nossa mais recente experiência profissional juntos. Anos mais tarde, decidiu ampliar o horário do programa, que passaria a apresentar das 6 às 9. Recebo sua visita na sala da minha residência na rua Simões Filho, onde instalei escritório e redação do então semanário Tribuna Feirense. Duas mesas e um computador, era tudo o que dispunha o pequeno jornal, que mais tarde se tornaria diário, com gráfica própria e média de 40 funcionários em diversas áreas.

Dilton queria alguém para chefiar a produção do jornalismo do seu programa, agora com três horas de duração. E também que lhe ajudasse a criar novos quadros, já que ele teria muito tempo a mais para preencher. Entendeu que eu seria este profissional. Fiquei por lá durante cinco anos, comandando a produção e também comentando com ele os fatos mais importantes. Foi uma parceria muito boa, aprendi muito com este radialista sério, competente, disciplinado e criativo e vi, passo a passo, como ele atingiu um sucesso bem maior do que se poderia imaginar.

Acompanhei o nascimento dos seus filhos e ele aos meus. Temos uma amizade fraternal, de irmãos e não pode ser diferente. Afinal, combatemos juntos o bom combate. E seguimos firmes, hoje com uma vida bem menos difícil que aquela lá do começo, cada um colhendo os frutos daquilo que semeou.

Meus parabéns, pelo aniversário. Que Deus lhe dê saúde e muitos anos de vida, para continuar sua importante contribuição ao povo desta nossa querida cidade, meu ilustre e digno comendador. Você é um campeão!

Texto do jornalista Valdomiro Silva

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