Feira de Santana
Amigos contam drama vivido na busca de emprego em Feira de Santana
Eles já foram em vários setores da indústria, comércio e recursos humanos e não conseguem vaga.
30/05/2016 às 11h08, Por Maylla Nunes
Daniela Cardoso e Ney Silva
A taxa de desemprego do primeiro trimestre do ano, que ficou em 10,9%, o equivalente a 11 milhões e 100 mil pessoas subiu em todas as regiões do país, na comparação com o mesmo período de 2015. Os dados fazem parte da pesquisa nacional por amostra de domicílio Pnad contínua. Essa situação também se reflete em Feira de Santana.
Formado em Administração, Tancredo Carneiro está desempregado há dois meses. A amiga dele, Jaciara Menezes, que tem a mesma formação, também está sem trabalhar há seis meses. Os dois são exemplos de brasileiros que estão vivendo um verdadeiro drama na busca de um emprego. Eles já foram em vários setores da indústria, comércio e recursos humanos e não conseguem vaga, como explica Tancredo Carneiro.
“A gente já percorreu todo o Centro Industrial Subaé (CIS), as principais empresas de RH da cidade, clínicas, laboratórios e a história é sempre a mesma. Eles dizem que não estão com vagas abertas e a gente viu até casos de indústrias que disseram que estão fechando as portas, pois a produção está parada. A gente tem encontrado bastante dificuldade e a situação é muito complicada. A estrutura do CIS está totalmente abandonada e eu creio que isso afasta até as empresas”, afirmou.
Tancredo Carneiro é deficiente físico e acredita que isso também dificulta encontrar um emprego. Ele afirma que ainda existe preconceito, pois algumas pessoas acreditam que o deficiente físico não é capaz de desenvolver certas atividades. Apesar disso, o administrador conta que a qualificação também atrapalha na hora de conseguir um trabalho. Ele afirma que já se deparou com situações de a empresa dizer que ele e a amiga são qualificados demais para a vaga, por eles terem nível superior.
“Já teve caso do recrutador olhar o meu currículo e dizer que eu tinha qualificação demais para o que ele tinha para me oferecer e me dispensar sem nem me ouvir. Já passei por quatro empresas em Feira de Santana e nunca tinha passado por essa situação de ficar desempregado. Em todas as empresas que passei eu que pedi demissão para ir para uma oportunidade melhor”, destacou.
Tancredo disse que fica triste com a situação, mas que não desanima. “A gente faz um investimento com graduação, faz planos e agora estou vendo tudo cair por terra, então é frustrante, mas eu não desanimo, pois sou uma pessoa muito perseverante. Acredito sempre no melhor. Mas é de entristecer, a gente perde o chão e fica pensando como será o futuro”, lamentou.
A administradora Jaciara Menezes diz qual é a sensação de ficar desemprega, mesmo tendo um curso superior. “A gente se sente frustrada. Eu trabalho desde os 18 anos, sempre busquei meu sustento, paguei minha faculdade, investir acreditando que teria uma condição de vida e de trabalho melhor e chega numa situação dessa, que a gente não consegue uma vaga, mesmo tendo um bom currículo. A gente pensa: ‘estudei tanto pra que?’ e não temos a resposta. Tem dias que a gente acorda desanimado, mas temos que continuar correndo atrás”, disse.
De acordo com ela, a ideia de se juntar ao amigo Tancredo Carneiro para procurar emprego, surgiu da necessidade de compartilhar o momento que estão passando. “Essa não é uma situação fácil. Conversamos e resolvemos sair juntos para colocar currículos batendo de porta em porta. Acho que sem ele não teria feito o tanto que já fiz. Estamos nessa batalha juntos, nos apoiando. Indo nas empresas, a gente percebeu que temos uma receptividade maior. As vezes a gente manda um currículo por email e não temos resposta”, observou.
De acordo com a administradora, a busca inicial é para trabalhar na área em que ela escolheu se qualificar, mas diante da dificuldade em encontrar uma vaga, ela e o amigo estão aceitando oportunidades também em outras áreas. “Já fiz entrevista para recepção, auxiliar de escritório, mas a gente escuta que a empresa não tem muito a oferecer para uma pessoa que tem nível superior. A situação que a gente sente é que não está tendo trabalho pra ninguém. É uma situação triste, infelizmente, e não é só com a gente”, lamentou.
Diretor fala sobre situação do CIS
O diretor do Centro Industrial do Subaé (CIS), Jairo Miranda, falou sobre a situação do CIS. De acordo com ele, o núcleo, localizado no bairro Tomba é historicamente crítico, pois é o primeiro de Feira de Santana, além de estar em local urbano, com grande circulação de pessoas.
“São 45 anos de existência e ao longo do tempo vem sendo um pouco deteriorado, até por conta de ser um núcleo urbano. Tem um bairro dentro dele, além de ser um ponto de ligação entre a BR 116 Sul e a BA 502, que vai para São Gonçalo dos Campos e Conceição da Feira. Ali tem uma estação de transbordo com um fluxo grande, então é um núcleo que sempre tem uma dificuldade em termo de infraestrutura. O que esperamos é que com a taxa criada pelo governo do estado, em dezembro, e que está sendo discutida a aplicabilidade a partir de agosto, a gente tenha recursos para ser aplicado na manutenção e recuperação do local”, destacou.
Jairo ainda disse que é preocupante o cenário atual do desemprego no Brasil. Apesar disso, ele afirmou ser uma pessoa otimista, que acredita na recuperação da estabilidade financeira do país. “Creio que as coisas devem caminhar em breve para uma reação do mercado. O Brasil passou por um período onde o mundo inteiro estava em crise, e ainda continua”, afirmou.
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