Feira de Santana

Artesãos do Centro de Abastecimento protestam contra a construção do Shopping Popular

A artesã chamou atenção que o trabalho com o artesanato regional garante o sustento das famílias dos comerciantes e permite o resgate da cultura, da arte e da história de Feira de Santana.

Rachel Pinto

Comerciantes da área de artesanato do Centro de Abastecimento, em Feira de Santana, não estão satisfeitos com a decisão da prefeitura de serem transferidos para o Shopping Popular.

A obra do equipamento municipal ainda não foi iniciada e os artesãos protestaram contra essa situação.Na tarde de segunda-feira (4), várias faixas foram colocadas com mensagens contra o Shopping Popular.

Segundo o comerciante Edvaldo de Souza, o objetivo foi mostrar para a sociedade que os artesãos não concordam com o Shopping Popular. Ele destacou que o espaço foi adquirido há muito tempo, durante a gestão do prefeito José Falcão, com a proposta que fosse um lugar para que os artesãos pudessem trabalhar até os seus últimos dias de vida. Edvaldo contou também que o projeto foi imposto aos artesãos pela prefeitura e não houve diálogo.

“A nossa área foi adquirida através da prefeitura na época do prefeito José Falcão que concedeu essa área para nós continuarmos trabalhando até os nossos últimos dias de vida. Hoje o prefeito José Ronaldo, com o seu projeto de Shopping Popular está querendo enfiar na nossa “garganta” de qualquer jeito. Não deu nenhuma condição à gente, ou a gente aceitava ou não aceitava. Não deu nenhum parecer favorável a nós. A palavra dele na única reunião que nós convocamos foi para dizer que o Shopping vai ser construído na área que estamos ocupando. A última reunião foi no ano de 2014. Nós não temos mais interesse de reunir com ele. Protestamos contra a construção do Shopping Popular”, disse.

Durante o protesto, de acordo com Edvaldo, funcionários da prefeitura foram ao local e recolheram algumas faixas. Ele destacou que no local existem 110 funcionários trabalhando e que os artesãos não vão desistir em lutar pelos seus direitos. Além disso, existem dois processos tramitando na justiça e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), assim como a Secretária de Cultura do Estado da Bahia (Secult), deram parecer favorável para que não haja intervenções no local.

Patrícia Barbosa, também artesã do Centro de Abastecimento, confirmou que não existiu diálogo entre os artesãos e a prefeitura. Ela ressaltou que os comerciantes não concordam com a obra do Shopping Popular e que não vão deixar o local.

“Não houve diálogo. O prefeito foi bem arbitrário, consistente em querer tirar a gente do nosso local e colocar em outro lugar que ele não poderia dizer onde é. Então, nós decidimos procurar os nossos direitos como cidadãos, comerciantes e pais de família que nós somos. Não vamos desistir”, completou.

A artesã chamou atenção que o trabalho com o artesanato regional garante o sustento das famílias dos comerciantes e permite o resgate da cultura, da arte e da história de Feira de Santana.

“Daqui que nós sustentamos nossas famílias e cultivamos a arte e preservamos a história de Feira de Santana, que nasceu de feiras livres e foi relocada para o Centro de Abastecimento. Tanto é que já existe um parecer técnico do Ipac para não mexer em nada arquitetônico nem em comerciante, nem artesão nenhum, no Centro de Abastecimento como todo. O IPAC não é favorável a essa ideia e recentemente a Secult, enviou um ofício para a prefeitura pedindo para não mexer aqui”, finalizou.

Com informações e fotos do repórter Paulo José do Acorda Cidade.