Rachel Pinto
Após a manifestação polêmica realizada ontem (1º) pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), a Jornada Pedagógica 2016 de Feira de Santana deu continuidade normal às suas atividades e hoje (02) foram discutidas as relações entre a educação e as questões étnico-racial.
O evento contou com a participação da professora Ana Lúcia Souza da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que destacou sobre a importância da inserção da história e cultura negra no currículo escolar. “Significa chegar à escola e encontrar conteúdo, encontrar formas de ver que digam respeito à vida desses sujeitos que lá estão. Nesse sentido, em especial num lugar de maioria de população negra essa escola tem que pensar o seu currículo e o seu plano de ensino que contemplem essas realidades, essas trajetórias e essas histórias de vida. Isso envolvendo toda a comunidade da escola não somente dentro da sala de aula, nem no trabalho pontual, mas em um trabalho que estruture a vida escolar”, explicou.
A professora ressaltou que na Bahia, assim como no Brasil, já houve grandes avanços, mas ainda é preciso avançar mais e pensar na divulgação de materiais didáticos e na implementação de políticas públicas. “Falar em políticas públicas não só no chão da escola, mas em verbas. Precisamos falar de condições de trabalho, para que as pessoas se apropriem dessa discussão e tenham condições para fazerem com que seja uma verdade no cotidiano”, complementou.
Maria Nazaré Mota, professora doutora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que também palestrou no evento falou da necessidade de discussão da temática, porque é uma obrigatoriedade da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e também porque se relaciona com a identidade de 97% do alunado da rede municipal do município.
“O grande alunado da escola pública é um alunado negro, pardo, ou preto, autodeclarado e é muito importante que ele tenha na escola a sua identidade, o seu povo a sua cultura, refletido nos estudos que desenvolve para que ele se ligue cada vez mais com as questões de aprendizagem. É muito importante que ele estude a partir de uma referência cultural, que ele conhece que vivencia no cotidiano, na família nos grupos sociais em geral”.
A professora Josélia Araújo Oliveira, diretora do Departamento de Ensino fez uma avaliação das atividades e reforçou que o objetivo de todas as discussões é para que sejam levadas para as unidades escolares e sejam mais aprofundadas dentro da proposta curricular.
“Nesses dois dias tivemos discussões bastante relevantes que contemplaram desde a educação infantil, ensino fundamental, educação de jovens e adultos , bem como outras temáticas, que também são relevantes neste contexto. A gente discute, procura a inserção no currículo, como uma construção social e circunstancial.
Segundo a educadora, todas as discussões convergem para a elaboração do currículo e também para a concretização das aprendizagens da rede municipal.
A Jornada Pedagógica 2016 continua as suas atividades até amanhã, com encerramento às 11h30.
Com informações e fotos do repórter do Acorda Cidade Ed Santos.