O goleiro Bruno de Souza, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, deixaram o Juizado da Infância e da Juventude, em Contagem (MG). Eles permaneceram pouco tempo local e saíram por volta de 14h desta quinta-feira (22).
Os três e Sérgio Sales, primo do goleiro, foram ao juizado para participar da audiência de instrução do menor que foi detido na casa do atleta, no Rio de Janeiro. Segundo o Tribunal de Justiça, todos os intimados ficaram em salas separadas, sem comunicação, e foram chamados um de cada vez pelo juiz.
Bruno foi o primeiro, seguido por Bola e Macarrão. Eles se negaram a falar, segundo o Tribunal de Justiça. Por último, Sales foi chamado.
O goleiro foi o primeiro a ir embora do juizado, cerca de 20 minutos depois de chegar. Na saída, ele sorriu. Enquanto caminhava para o carro da polícia, ouvia gritos de "assassino". Pouco depois, o ex-policial e Macarrão também deixaram o local. Eles devem seguir para o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, onde estão presos.
"O sorriso de Bruno é a certeza de que a Justiça vai prevalecer", afirmou o advogado que defende o atleta, Ércio Quaresma, que explica que eles permaneceram em silêncio no juizado. "Todos permaneceram calados, porque não sabem do que são acusados. O inquérito ainda não foi concluído", disse.
Na sessão, deve ser definido o futuro do adolescente, que está em um centro de internação de Belo Horizonte. Se entender que o jovem cometeu um ato infracional, o juiz Elias Charbil pode determinar que o menino cumpra medida socioeducativa de imediato. Pesa contra ela uma representação por três delitos (homicídio, sequestro e ocultação de cadáver) feita pelo Ministério Público Estadual de Minas Gerais.
Chegada
Os quatro saíram da penitenciária em Contagem em carros separados e chegaram ao Juizado da Infância e da Juventude, em Contagem (MG), por volta das 13h30 desta quinta-feira. Eles foram recebidos aos gritos de "ão, ão, ão, Bruno é seleção" e "assassino".
Menor
O adolescente chegou ao juizado antes dos quatro suspeitos presos. O menor prestou depoimentos no Rio de Janeiro e depois que chegou a Minas Gerais. Em pelo menos dois testemunhos, ele revelou informações diferentes. De acordo com o advogado que Eliezer de Almeida Lima, que o defende, o rapaz inventou alguns trechos, na primeira vez que foi ouvido, devido à pressão sofrida.
Lima disse ainda que o adolescente não reconhece Marcos Aparecido dos Santos como sendo Neném. Segundo a polícia, Neném seria o ex-policial, que também é conhecido como Bola e Paulista.
No primeiro depoimento, no Rio, o menor disse que ele e Macarrão viajaram do Rio para Minas com Eliza. O grupo teria seguido para o sítio de Bruno, em Esmeraldas (MG), e, depois, para uma casa onde um homem identificado como Neném teria estrangulado a jovem. Esse homem ainda teria jogado a mão de Eliza para os cães.
O delegado Edson Moreira afirmou que o menor, além de reconhecer a casa onde Eliza teria sido morta e descrever a maneira como o assassinato aconteceu, reconheceu a fotografia de Bola como o autor do crime.
Na sexta-feira passada, dia 16, a delegada Ana Maria dos Santos afirmou que o adolescente mentiu sobre a cor da pele do homem que teria assassinado a jovem. Na primeira descrição feita pelo menor, Neném seria alto e negro.
Entenda o caso
Nascida em Foz do Iguaçu (PR), Eliza Samudio se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno, em Esmeraldas (MG). Os delegados já consideram Eliza morta.
Em 6 de julho, um menor foi detido na casa do jogador, no Rio, e afirmou à polícia que Eliza está morta. Ele disse que viajou do Rio para Minas Gerais com Eliza e Macarrão. De acordo com o adolescente, os três foram para o sítio do goleiro. Depois, seguiram até outro local, onde um homem identificado como Neném estrangulou a jovem.
Oito pessoas estão presas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por suspeita de envolvimento no desaparecimento da jovem, incluindo Bruno e Macarrão. Todos negam o crime.
No Rio, os dois são investigados por suspeita de participação no sequestro da jovem. Os dois também negam. As informações são do G1