Daniela Cardoso e Ney Silva
Os trabalhadores rurais do município de Feira de Santana estão enfrentando uma das piores secas dos últimos anos. Eles perderam as safras de milho e feijão e não conseguem nem água para beber. A diretora do Sindicato dos Trabalhadores rurais, Terezinha Lima Oliveira, faz uma avaliação dos efeitos da estiagem em nosso município.
“A situação está gravíssima. Não teve safra, a lavoura cresceu, mas quando foi chegando a floração do feijão e do milho, foi tudo perdido. O agricultor que planejava pegar oito sacos só conseguiu um ou dois. Feira de Santana não tem feijão nem milho esse ano. Até abóbora, que em muitos distritos tinha em boa quantidade, esse ano não teve safra”, informou a sindicalista.
Terezinha Lima afirma que esse ano teve bastante chuva, mas diz que ainda assim foi crítico para o agricultor, que já começa a ficar sem água até para beber.
“Já começaram a secar os tanques e daqui pra frente só Deus sabe como vai ser a vida do trabalhador do campo. É muito difícil com essa temperatura chegando aos 40 graus e os tanques secando. Feira tem mais de 3 mil tanques para serem abastecidos e só o abastecimento desses tanques não resolve a situação”, afirmou.
A sindicalista ainda falou sobre o seguro Garantia Safra, que, segundo ela, ainda é uma incerteza para os trabalhadores rurais. Ela destaca que o homem do campo precisa ter política de convivência com a seca.
“Vamos ver como vai ficar a questão do Garantia Safra esse ano. Não tenho nenhuma informação se vai ter ou não, mas se continuar do jeito que está, o sindicato dos trabalhadores rurais vai fazer alguma manifestação para que possa ter alguma política para que o homem do campo não sofra mais do que já vem sofrendo”, destacou.
Com a situação, a prefeitura de Feira de Santana já decretou estado de emergência e, de acordo com o secretário municipal de agricultura, Wellington Andrade, o município aguarda a aprovação do decreto pelos governos estadual e federal e, consequentemente, o envio de recursos.
“Uma vez decretada situação de emergência pelo prefeito José Ronaldo, temos agora que encaminhar ao governo do estado para que referende esta situação. O estado concordando, passaremos pelo crivo da união. As três instâncias precisam entender e concordar que Feira realmente está em situação de emergência. Isso ocorrendo, buscaremos os subsídios pertinentes para a situação”, explicou.
De acordo com o secretário, primeiramente, buscará ajuda do Exército Brasileiro para reaver quatro carros-pipas, que estavam à disposição do município até o mês de abril deste ano. Segundo explicou, com a situação de emergência decretada, o município poderá buscar outros auxílios, como recursos e cestas básicas, para melhorar as condições de convivência com a seca.
“Esgotaremos todas as possibilidades de buscar ajuda. A situação na zona rural é grave, podendo se tornar gravíssima. A zona rural já não tem água para consumo humano e para produção animal tem muito pouca. A prefeitura possui apenas três carros-pipas. Hoje haverá uma licitação para locarmos mais quatro carros. Nosso objetivo é totalizar 11, somando esses com os quatro do Exército”, informou o secretário Welington Andrade.