Feira de Santana

Mesmo arrecadando mais de R$ 3 milhões por mês, empresas de ônibus dizem que não é suficiente

O secretário municipal de Transportes e Trânsito, Ebenézer Tuy, lamentou a situação e criticou o posicionamento das empresas de paralisar as atividades, sem antes entrar em contato com a prefeitura.

Daniela Cardoso

Desde o final da manhã de domingo (16) a população de Feira de Santana está sem o serviço de transporte público. Os ônibus não estão rodando e, segundo as empresas, o motivo é a falta de combustível. O secretário municipal de Transportes e Trânsito, Ebenézer Tuy, lamentou a situação e criticou o posicionamento das empresas de paralisarem as atividades, sem antes entrar em contato com a prefeitura.

O secretário informou que somente no mês de julho a empresa Princesinha arrecadou um total de R$ 3.501.95,5. Já empresa 18 de Setembro arrecadou um total de R$ 1.627.844,85. Ele acredita que com essa receita as empresas conseguiriam pagar os funcionários e outras despesas, como o combustível.

“Isso é o valor total da receita, mas o valor que eles recebem em dinheiro, à vista, é um valor que eles teriam o fluxo suficiente de caixa para efetuar os pagamentos. Acho que o diretor do Sincol, Roque Gomes, deveria respeitar a classe trabalhadora. Eu digo isso porque em momento algum eles entraram em contato com o poder público, antes de pararem os carros. Eu fui até a empresa na sexta-feira no final da tarde, mantive contato com o gerente das empresas, e, em nenhum momento, ele me colocou dificuldade de abastecimento”, afirmou. 

Leia também 

Sem ônibus, táxis estão autorizados a fazer ‘ligeirinhos’

Para suprir falta de ônibus, vans do SIT voltam a circular

Mototaxistas cobram até R$ 20 para transportar passageiro

Ebenézer Tuy disse que a secretaria vai continuar buscando as reuniões com os segmentos representativos da empresa, para buscar uma solução. Segundo ele, as empresas que venceram a licitação têm o prazo de seis meses para ajeitarem a parte operacional, e o município está pensando em oferecer um prazo de mais seis meses para que as atuais empresas continuem prestando o serviço, porém sem trazer prejuízos para a população e principalmente para a classe trabalhadora.

“O município está buscando alternativas. A gente fica bastante sentido com o que vem acontecendo com o transporte. A ideia do poder público é justamente melhorar esse quadro em que se encontra, e a população sempre cobrou que a gente providenciasse um transporte com qualidade, conforto e segurança. Queremos melhorar não apenas para a população, mas também oferecer melhores condições de trabalho para os motoristas e cobradores”, afirmou.

Em resposta, o advogado do Sincol, Ronaldo Mendes, afirmou que mesmo com uma arrecadação superior a 3 milhões de reais, as empresas enfrentam dificuldades financeiras, especialmente após a redução das tarifas ocorrida em 2013. Segundo ele, somente as despesas com a folha de pagamento dos funcionários passam de 2 milhões e meio de reais.

“A partir dessa redução, as empresas entraram em colapso financeiro. A mídia noticiou que duas empresas de São Paulo vão operar o sistema de transporte e os fornecedores retraíram e deixaram de fornecer insumos para as empresas, sob o argumento de que não sendo mais elas as detentoras da operação do sistema, e com dívidas, elas não teriam segurança de receber. Os donos das empresas resolveram parar o sistema por não terem condição de colocar mais nenhum recurso”, destacou o advogado.

Ronaldo Mendes ainda falou sobre a licitação para contratação de novas empresas. De acordo com ele, esse novo contrato garante benefícios para as novas empresas, como, por exemplo, um aumento de tarifa previsto para dezembro deste ano, além de um novo aumento previsto para o ano que vem. “Tudo isso é benefício para quem vai chegar”, afirmou.