Laiane Cruz e Ed Santos

Muitos motoristas enfrentam diariamente dificuldades para estacionar seus veículos devido à falta de vagas. Lucro garantido para os proprietários de estacionamentos, que estão sempre cheios e possuem vagas também para mensalistas. Quem também lucra com a situação são os flanelinhas, que loteiam as principais ruas do centro comercial com a promessa de organizar o trânsito e olhar os carros que param diariamente no centro, em troca de dinheiro.

Um dos motoristas ouvidos pelo Acorda Cidade, o jornalista Girlanio Guirra afirma que tem um escritório na Avenida Senhor dos Passos, mas já faz três ou quatro anos que não consegue estacionar o veículo por lá. Segundo ele, a falta de estrutura do centro comercial e a grande quantidade de motocicletas são causas que dificultam os carros estacionarem. Além disso, ele reclama da grande quantidade de flanelinhas, que dão prioridade às motos e alguns chegam a ameaçar os motoristas quando não recebem dinheiro.

“Com isso a gente não acha espaço e pesa no bolso procurar estacionamento. Sem falar que quando você sai e dá o dinheiro ao flanelinha, você sai tranquilo, quando você não dá o seu carro está arranhado”, afirmou o empresário.

Ele diz ainda que não concorda em ter que pagar sempre para estacionar em via pública, mas que essa é uma faca de dois gumes. “Não vá com dois reais,tem deles que jogam, que eu já vi acontecer jogar o dinheiro de volta e até ameaçar. Eu acho que deve vir a zona azul com urgência. Também porque as motocicletas tomam conta de tudo”, protestou.

Um flanelinha, que não quis se identificar, conta que é morador do bairro Rua Nova e vem para o centro todos os dias olhar os carros a partir das 7 horas. Segundo ele, é melhor trabalhar estacionando veículos a praticar delitos, já que está desempregado.

Ainda conforme o flanelinha, ele não se importa se em algum dia não receber dinheiro do ‘patrão’, mas confirma que muitos não pensam assim e arranham mesmo os carros daqueles que não dão dinheiro em troca do serviço. Ele disse também que grava a fisionomia dos donos dos veículos para evitar que outras pessoas peguem os carros.

“Nós olhamos os carros para ninguém mexer. Se o patrão não der gorjeta comigo não tem nenhum problema, fica para a próxima. Tem patrão que dá um real, outros dão R$ 1,50, tem muitos humildes e muitos que não são humildes”, afirmou o flanelinhas, de 26 anos. Ele afirma que chega a faturar uma média de 40 reais por semana, cerca de 600 reais por mês.

Fiscalização

O superintendente de Trânsito, Francisco Júnior, informou que já está em curso o processo licitatório para implantação do projeto da Zona Azul no centro de Feira de Santana, o que deve melhorar a fluidez do trânsito e organizar o estacionamento de veículos. “Eu imagino que respeitando os prazos legais, é possível que ainda esse ano a gente possa colocar em prática o projeto da Zona Azul”, afirmou.

Sobre a presença de flanelinhas loteando as ruas do centro comercial e cobrando gorjetas toda vez que alguém estaciona um carro, o superintendente declarou que esse trabalho de fiscalização não compete ao órgão e sim à Polícia Militar e a Civil.

“Algumas pessoas nos procuram e falam sobre a situação de alguns flanelinhas em alguns pontos da cidade, que inclusive cometem o tráfico de drogas, mas isso não compete à SMT. Compete à PM e a Civil fazer a investigação e a abordagem policial, não voltada para o trânsito e sim para a criminalidade”, disse.

De acordo com Francisco Júnior, a pessoa que se sentir constrangida, ameaçada ou agredida deve se reportar à Polícia Civil e Militar, porque a SMT toma parte da ocupação do trânsito e não da relação do flanelinha com o cidadão. Ele falou ainda sobre a colocação de cones e cavaletes na frente das lojas. “Constantemente fazemos operações visando a orientação e posteriormente a remoção dos cavaletes e cones que ficam sendo insistentemente colocados nas lojas e nas empresas.”