Daniela Cardoso e Ney Silva
Usuários do transporte público de Feira de Santana têm mais do que razão para reclamar do serviço. A equipe do Acorda Cidade visitou os terminais de transbordo Norte, Sul e Central e verificou que a situação é gravíssima. Além de um transporte que não tem qualidade, com atrasos e ônibus sem bom estado de conservação, os próprios terminais estão com a estrutura muito ruim.
Os transbordos geralmente estão sujos e com equipamentos dos banheiros quebrados. Esse fato está causando indignação dos passageiros, como o aposentado Osvaldo Lopes do Carmo, que estava no terminal Norte no bairro Cidade Nova, aguardando um ônibus. “O transporte está péssimo. Aqui no terminal nada presta, as cadeiras estão quebradas, os ônibus demoram a passar. Já fiquei até uma hora aguardando um ônibus. Isso não deveria acontecer”, afirmou.
A dona de casa Maria da Conceição Rodrigues da Silva estava aguardando um ônibus para ir para a Universidade Estadual de Feira de Santana. Ela também reclamou da demora. “Já tem uma hora que estou aqui esperando. Já perdi o horário do meu compromisso. Aqui no terminal está tudo uma imundice, as cadeiras velhas, sujas, quebradas, não tem lugar para os idosos sentar, não tem sanitário, não tem água, não tem nada. Está horrível”, afirmou.
No terminal Sul, localizado no bairro do Tomba, o aposentado Rosevar Cordeiro também estava insatisfeito com o serviço de transporte. “Os ônibus demoram muito. Não sei que horas vou chegar ao meu destino. As condições físicas do terminal são as piores possíveis. Tudo acabado, sem condição nenhuma de uso”, disse.
A dona de casa Maria Sônia de Jesus Reis aguardava uma Van para ir para o condomínio Eco Parque II. Segundo ela, só tem um veículo para atender a comunidade. “Só tem uma van e demora cerca de 40 minutos para passar. Quando a van chega ainda está lotada e algumas pessoas ficam no ponto. De manhã mesmo, não consegui pegar a van e tive ir andando pegar um ônibus em outro local. Deveriam colocar pelo menos mais outra van”, afirmou.
No terminal Central, o gráfico Jorge Amorim também estava indignado com a demora do ônibus. “Atrasa demais. Já tenho cerca de 30 minutos aguardando e não sei quando vai chegar o ônibus. O transporte em Feira demora muito e o prefeito José Ronaldo já deveria ter tirado essas empresas. No terminal nem fiscais tem para fiscalizar o horário. Tem dias que os ônibus ficam no terminal 20 minutos parados mesmo com o ônibus cheio”, relatou.
Questionado sobre a situação do péssimo estado de conservação dos terminais, o secretário municipal de Transportes e Trânsito Ebenezer Tuy, disse que a responsabilidade da manutenção não é da prefeitura e sim da empresa Patrimonial Marques e Filhos.
“Foi feita uma licitação e existe uma empresa responsável pela manutenção e limpeza dos terminais. O contrato dessa empresa vence em setembro, mas independente do prazo, a empresa tem a obrigação de administrar os terminais até que termine o contrato. O poder público está atento, inclusive, estive nos três terminais realizando fiscalização e tenho relatórios constando as situações pontuais de cada um”, informou.
De acordo com o secretário, já foi realizando um processo licitatório para a aquisição das cadeiras dos terminais e também, de acordo com ele, já estão sendo desenvolvidos trabalhos com engenheiros da prefeitura com o intuito de fazer uma reforma nos terminais.
“Estamos fazendo inspeções para constatar novamente as situações das instalações físicas para adotarmos as providências cabíveis. A prefeitura está em fase de estudos e nós temos o pensamento em realizar a devida licitação para que outra empresa possa explorar esse serviço, mas estamos vendo outros estudos, outras análises em termos de administração do patrimônio público”, destacou.
O empresário Carlos Marques Filho reconhece que a situação dos terminais gerenciados pela empresa dele é ruim. Mas atribui os problemas a ação de vândalos e diz que não tem como investir por que há um desequilíbrio financeiro. Segundo ele, o negócio é tão ruim que até já tentou entregar os terminais à prefeitura.
“Tínhamos uma expectativa que não se confirmou. O projeto não contribuiu para que tivesse uma ação econômica forte. Hoje vivemos para pagar as despesas básicas. Não rende, não tem resultado, existem muitos vândalos, os banheiros são reformados praticamente mensalmente. Colocamos uma descarga e no outro dia já está quebrada e até vaso sanitário já foi roubado. Estamos mantendo isso há 10 anos e estamos segurando essa situação dentro do possível”, disse Carlos Marques Filho.
Ele destacou que a prefeitura não tem nenhuma responsabilidade na manutenção e no conserto e que a responsabilidade é totalmente da empresa. Porém, de acordo com ele, os terminais não geram receita suficiente, pois não há espaço para a implantação de novas empresas.
“O interesse em renovar o contrato só ocorreria se houvesse uma modificação no projeto, com ampliação do espaço. Os transbordos não são como o terminal rodoviário, onde a área comercial é a parte da área de embarque. Nos transbordos, para ter acesso as estações, tem que pagar tarifa, então tudo que empreender lá dentro, depende apenas das pessoas que usam o transporte. Fora isso, não tem espaço físico suficiente. Por exemplo, nos terminais não existe a possibilidade de ter uma farmácia, pois não tem tamanho mínimo para isso”, afirmou o empresário.
Em nota, a prefeitura reiterou que ações e investimentos pelo Governo Municipal vão melhorar as condições das estações de transbordo do transporte urbano em Feira de Santana. De acordo com a nota, de imediato, já foi autorizada a compra de 100 longarinas, que representam 500 assentos novos, para os terminais. A licitação acontecerá no dia 9 de junho, às 8h30.
Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade