Daniela Cardoso

Mais que dar a vida. Doar a vida. Para as histórias das mães que vamos contar agora, essa frase faz todo o sentido. Movidas pelo amor de mãe, elas superam dificuldades diariamente para se dedicarem aos filhos que precisam de cuidados especiais.

Neci Batista é mãe do pequeno Ícaro Santos de 3 anos e há dois anos reside em Feira de Santana para cuidar do filho que está internado no Hospital Estadual da Criança. Ele apresenta um quadro de insuficiência respiratória crônica e histórico de evisceração por gastrostomia. A família é natural de porto seguro, porém o município não dispõe de suporte para a complexidade do quadro da criança.

Neci Batista conta que no início não foi fácil enfrentar toda a mudança de vida. Ela lembra dos momentos difíceis, mas afirma que hoje consegue lidar muito bem com a situação e que é um prazer cuidar do filho.

“Cuido muito bem dele e é um prazer enorme. Meu filho é o um presente mais valioso que Deus me deu. Não foi fácil a adaptação aqui, mas a gente tem o hospital e em todos os funcionários a nossa segunda família. Graças a Deus tenho apoio do meu esposo, que me ajuda muito e nós largamos toda a nossa vida para cuidar do nosso filho”, afirmou.

A mãe do Ícaro considera que todos os dias são dias das mães, especialmente para ela, que tem um filho especial, que necessita de atenção 24 horas por dia. No hospital, ela e o marido se reversam para cuidar do pequeno. Ela fica durante o dia e o pai durante a noite.

“Eu e meu esposo deixamos de trabalhar para nos dedicar totalmente a cuidar dele. Hoje Ícaro se encontra em situação estável e já poderia ir para casa se a gente tivesse residência em Feira de Santana. Quando a gente conseguir a casa, também vamos ter que arrumar para a chegada dele, que precisa de ar condicionado, cama especial, entre outras coisas. Esse é outro passo grande que vamos ter que dar”, destacou.

Rosa Ferreira é outra mãe que não desgruda do filho. Gabriel é portador de paralisia cerebral, é tetraplégico, tem 10 anos e está cursando o 2º ano primário. A mãe cuida da rotina de cuidados do filho, que ela afirma ser um pouco cansativa, mas muito prazerosa.

“Para mãe tudo é bom, quando estamos perto dos nossos filhos. É cansativo devido ao transporte público, que ainda não tem adaptado no bairro onde moramos. Desde novembro do ano passado solicitei das autoridades, mas até agora nada. Tem dias que o ônibus quebra e a gente tem que ir andando”, disse.

Apesar das dificuldades, Rosa afirma que o filho Gabriel leva uma vida normal, com atividades que todas as crianças fazem. Porém ele necessita de uma atenção e um acompanhamento especial, o que fica por conta dela.

“Ele leva uma vida normal, com atividade física, fisioterapia, faz atendimento fonoaudiólogo, faz eco terapia, hidroterapia e eu o acompanho sempre, pois ele precisa de mim pra tudo. Desde comer a ir ao banheiro. No início foi complicado, pois todo mundo visa uma carreira. Então quando você é mãe de uma criança especial, precisa ter dedicação total pra ele. É um cuidado diário e pra mim é prazeroso, pois meus filhos são a razão da minha vida, independente de qualquer coisa”, destacou.

Além de Gabriel, Rosa Ferreira é mãe de Maria Eduarda de 4 anos. Ela conta que a menina se adaptou a rotina do filho e aonde um vai, o outro sempre acompanha. “Cada um é um caso a parte e a maneira que eu tentei lidar com os dois ao mesmo tempo é leva-los juntos para todos os lugares. Maria Eduarda se adaptou a rotina de Gabriel”.

A recompensa, de acordo com Rosa, “é ver que todo sacrifício vale a pena, no sentido de dar a uma criança especial a oportunidade de ela ter uma vida normal, independente da cadeira de rodas. Às vezes é difícil, mas eu tento colocar a vida pra ele da forma mais normal. Minha satisfação é enorme de ver cada progresso”, declarou.

As informações são do repórter Danillo Freitas | Imagnes José Ricardo