Andrea Trindade

A preservação e a revitalização da Lagoa Grande do distrito de Maria Quitéria, em Feira de Santana, foram discutidas na manhã da última quinta-feira (15) na Associação Comunitária do distrito.

A Lagoa de São José, como é mais conhecida, também já foi chamada no passado de Prainha, na época em que era a principal opção de lazer de muitos feirenses. Hoje ela está praticamente seca e os moradores se reuniram com os secretários de Desenvolvimento Urbano, José Pinheiro, de Agricultura, Wellington Andrade, de Serviços Públicos, Manoel Cordeiro, e de Meio Ambiente, Roberto Tourinho, para discutir ações que devem ser feitas para que a Lagoa Grande volte a servir de sustento para os moradores.

Também participaram da reunião o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, José Ferreira Sales, e o presidente da associação, José Cassiano Pereira.

José Cassiano recordou os momentos em que a lagoa servia em muitos aspectos a população. “Há mais de 15 anos a associação vem batalhando para conseguir fazer o melhoramento da lagoa. A vida inteira ela foi nossa sobrevivência na criação de peixes e no abastecimento dos carros-pipas que levavam água para o distrito de Jaguara e várias áreas rurais de Feira de Santana, Tanquinho e Santa Bárbara. A lagoa era a praia de São José e garantia a diversão de todos, mas ela foi decaindo até ficar abandonada”, relembrou.

“Aqui era cercado de olarias e uma ficava na fazenda carro-quebrado – onde muita gente trabalhava. Passou-se um ano sem ninguém trabalhar porque a lagoa estava cheia e a água não abaixava, então o dono da fazenda mandou uma pessoa abrir um pouco mais a trincheira e com a força da água uma parte da trincheira rompeu. Toda a água foi para um açude. Com a falta de chuva anos depois, houve a seca, e a prefeitura em vez de revitalizar a lagoa retirou o barro para vender para cerâmicas”, continuou.

Cassiano disse que cerca de cinco mil pessoas serão beneficiadas com a revitalização da lagoa, mas será necessário um investimento muito alto. “Dez milhões não é suficiente, é muito pouco. Terá que gastar muito mais que isso”, estimou.

O secretário de Meio Ambiente, Roberto Tourinho, ressaltou que serão realizadas ações pontuais para preservar a lagoa e afirmou que o Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente não tem recursos suficientes para a revitalização.

“Com o passar do tempo a lagoa praticamente secou, mas não deixou de ser lagoa. O que não pode existir são ações que resultem na morte dela. Estamos aqui discutindo a preservação para que um dia haja água suficiente para que essa lagoa seja ocupada em sua totalidade. Vemos hoje apenas um filete de água, diante do que é a lagoa com aproximadamente três quilômetros de extensão. São obras caras, que demanda recursos e enquanto isso não acontece estamos retirando o lixo no entorno e evitando a colocação de entulhos, além de outras ações para preservá-la”, disse Roberto Tourinho.

O secretário Wellington Andrade considera a obra difícil e ressaltou que só após um estudo é que poderá informar se a revitalização é possível ou não e, se for possível, como ela deve ser feita.

“Estamos avaliando a situação da lagoa. Ela está praticamente morta porque não está sendo abastecida por outras lagoas que antigamente sangravam e desaguavam nela. Aliado a este problema temos outro, que é o assoreamento (acúmulos de detritos no fundo da lagoa) pela extinção da mata ciliar (vegetação que acompanham cursos da água). Se a mata ciliar é retirada ocorre automaticamente o assoreamento e somado a isso existem as pessoas que jogam todo tipo de dejeto na água comprometendo a bacia da lagoa”, explicou.

Quanto aos custos da obra de revitalização, o secretário Wellington enfatizou que somente após o estudo será possível estimar valores.

Fotos e informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.