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Indústria do medo

O medo é um importante elemento para a preservação da vida humana, pois ele sempre se manifesta diante das situações de perigo aparente ou real e deixa a pessoa em estado de alerta, acionando seus recursos defensivos e ofensivos.

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Todas as pessoas sentem certa inquietação diante de um perigo ou de uma ameaça, real ou imaginária. Para evitar esse mal-estar é necessário que haja um mínimo de controle das situações de perigo e de ameaças, principalmente quando presentes na realidade mais próxima das pessoas.

O MEDO é um importante elemento para a preservação da vida humana, pois ele sempre se manifesta diante das situações de perigo aparente ou real e deixa a pessoa em estado de alerta, acionando seus recursos defensivos e ofensivos.

AS CAUSAS do medo, podem ser decorrentes de problemas de ordem econômica, como fome, miséria, falta de moradia e desemprego; medo decorrente de catástrofes, produzidas pela ação humana como desastres ecológicos, acidentes nucleares, inundações causadas por rompimentos de barragens; medo decorrente de discriminações como racismo; medo decorrente da violência e medos de origem religiosa.

ALÉM DISSO, a sociedade em que vivemos não tem como fundamento principal a pessoa humana, mas sim o poder econômico, segundo o qual tudo deve contribuir para o lucro. A busca do lucro está presente nas mais diversas situações como uma grande força devoradora que submete tudo a si.

AQUI ENCONTRAMOS as causas da existência da indústria do medo, a qual, para manter-se, depende, paradoxalmente, de que as pessoas continuem com medo. Este transforma-se em mercadoria, atraindo empresas que vão desde aquelas que lidam com sistemas de defesa, alarmes, vigilância escolta, monitoramento, blindagens, seguros dos mais diferentes tipos até aquelas que lidam com a comunicação de massa.

O NÚMERO de vigilantes cadastrados na Polícia Federal é cerca de dois milhões. A crescente expansão de serviços particulares de segurança está diretamente relacionada a três fatores: o crescimento da criminalidade, a percepção da violência e o sentimento de insegurança e medo.

A ISSO SE acrescenta o fato de que, em muitas regiões do país, o Estado não se faz presente ou sua presença é marcada pela corrupção de seus agentes ligados ao mundo do crime ou coniventes com ele. Neste caso, o Estado deixa de ser garantia de segurança e abre caminho para que a indústria do medo se imponha.

+ Itamar Vian – Arcebispo Metropollitano
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