Eleições 2014

Paulo Souto garante que se eleito concluirá as obras do Centro de Convenções de Feira

A entrevista que estava agendada para sábado (16) com a senadora e candidata ao Palácio de Ondina pelo PSB, Lídice da Mata, será adiada, por conta do falecimento do candidato à presidência da República pelo mesmo partido, Eduardo Campos.

Daniela Cardoso

O candidato ao governo da Bahia pelo DEM, Paulo Souto, é o entrevistado desta sexta-feira (15), dando sequência à série de entrevistas realizadas pelo Acorda Cidade, no projeto Eleições 2014. Na quinta (14), ouvimos as propostas do candidato pelo PRTB, Rogério Da Luz. A entrevista que estava agendada para sábado (16) com a senadora e candidata ao Palácio de Ondina pelo PSB, Lídice da Mata, será adiada por conta do falecimento do candidato à presidência da República pelo mesmo partido, Eduardo Campos. A nova data ainda não foi definida.

O que o senhor fez nesses oito anos em que esteve sem cargo público?

Eu fazia algum tipo de consultoria do ponto de vista de governo para colaborar, por exemplo, com minha experiência, além de alguns trabalhos com minha atividade profissional, como Geólogo, e nos momentos vagos me dedicando sempre, não de uma forma muito pública, às discussões políticas, sobretudo, sobre os problemas baianos. Na eleição de ACM Neto, ele me chamou para que eu coordenasse o programa de governo e eu fiz isso com muita satisfação. Acabei ficando na equipe de transição, isso é uma coisa que me deu muita alegria, pois a eleição dele foi um marco muito importante na política da Bahia. Eu não sei se o panorama eleitoral da Bahia seria esse se não tivéssemos tido a eleição dele e também do prefeito José Ronaldo, que demonstraram para a população um sentimento de que ela tem a liberdade de escolher o seu candidato. A população hoje quer ter essa liberdade de escolher a opção que ela considera a melhor e isso tem uma influência grande no que está acontecendo nas eleições da Bahia.

O senhor atribui o seu desempenho nas pesquisas a essa mudança?

Não tem dúvida nenhuma que a população percebe que a forma de administrar do Democratas é diferente. Isso está sendo demonstrado em Feira de Santana, em Salvador e em outras cidades. Aliado a isso, não há porque negar um sentimento de exaustão com o governo do PT e também ao fato de eu ser um político já conhecido, a população não tem surpresas com relação a mim. Ela sabe a forma como ajo, a forma como eu governei. Isso tudo passa um sentimento de confiança e acho que isso que determinou que, desde o primeiro momento, nós fossemos muito bem acolhidos pela população da Bahia.

Que avaliação o senhor faz das pesquisas de intenções de voto para candidatos ao governo da Bahia, em que o senhor aparece em primeiro lugar com mais de 40% dos votos?

O processo só será definido no dia da eleição. Estamos trabalhando intensamente do ponto de vista político, preparando as nossas plataformas. Agora não há como negar que é um início que nos encoraja muito, que nos dá energia para trabalhar cada vez mais e não há porque deixar de reconhecer também que isso acaba determinando a precipitação de alguns apoios, que não aconteceram no início da campanha e que começam a acontecer com mais intensidade. É um resultado muito positivo, mesmo porque esse número significa aproximadamente 64% dos votos válidos, o que é um resultado bom, mas nada que vá desviar do caminho que nós traçamos para fazer uma campanha tranquila.

Quais são as propostas do senhor para Feira de Santana?

Feira é uma cidade polo da maior importância, que congrega em torno dela uma população extremamente numerosa. Ela sozinha já tem uma população maior do que algumas capitais brasileiras, tanto que criou-se a região metropolitana, de modo que é uma cidade que está interligada a Salvador, portanto merece toda atenção de um governante. Por falar nessa interligação para Salvador, esse é um primeiro problema. Não é possível conviver como nós estamos com esse nível de insegurança do ponto de vista desse trajeto de Feira para Salvador. As pessoas não conseguem se planejar mais devido ao estado que está o trajeto. O problema, não sei se é exatamente assim, mas o que se diz é que essa terceira pista só estaria programada para um fluxo de veículos, por exemplo, como acontece no São João, no Carnaval, na Semana Santa, o que seria um absurdo. Eu acho que o Estado pode fazer um trabalho político, junto ao Governo Federal, para que essa concessão possa atender as expectativas da população das duas maiores cidades da Bahia e que seja construída essa terceira pista de cada lado, pelo menos. A minha ideia é que isso seja feito em uma primeira etapa, por exemplo, entre Salvador e a entrada para Camaçari, que é um trecho de muito fluxo, e entre Feira de Santana e o entroncamento da BR-101, e depois concluir inteiramente isso. O Estado não pode interferir diretamente nisso, mas ele como prejudicado pode fazer um esforço junto à população para que haja uma solução. Desse ponto de vista, quero focalizar uma diferença enorme que existe entre o nosso comportamento e dos petistas. O que acontece com o governo do PT é que por causa desse alinhamento, eles não conseguem, em qualquer atitude do governo federal, que seja uma atitude que não interesse a Bahia, ter uma posição franca de oposição, no sentido de dizer que não é possível continuar dessa forma. Eles não fazem nada, não protestam, pois consideram os interesses dos partidos maiores do que os interesses da Bahia.

E para os municípios da região de Feira, o que está previsto no plano de governo do senhor?

O que é uma coisa comum hoje são os problemas de assistência à saúde, aliás, eu diria melhor se dissesse desassistência à saúde, que é o que está acontecendo na Bahia. O problema na área de segurança pública também continua sendo gravíssimo. Temos hoje uma epidemia de violência na Bahia. Temos que cuidar também da melhoria na educação, especialmente, na questão que diz respeito ao Estado, que é o nível médio. Temos que ter mais qualidade. A nossa educação já não tinha níveis bons e na última avaliação houve uma queda do Ideb no nível médio da Bahia. Isso é muito grave. Esses três problemas precisam ser enfrentados. Vamos começar pela saúde. Por vários motivos o Clériston Andrade não tem condições de atender Feira e região. Ele tem uma estrutura física muito próxima à sucateada, para ser tolerante. Há uma enorme desorganização dos seus serviços. Não é que isso vá resolver, mas temos que tomar algumas providências, algumas mais emergenciais e outras de médio prazo. Primeiro, reorganizar os serviços. Temos que identificar se há problemas de equipamentos, de pessoal, de medicamentos e colocá-lo em uma situação de funcionar melhor. Uma sugestão que as pessoas até já discutem e eu recebi até de um grupo de médicos daqui: se temos dois andares ociosos no Hospital Estadual da Criança, temos que utilizá-los dentro de uma possibilidade que não desvirtue o objetivo daquele hospital. Utilizá-lo, por exemplo, para uma unidade materno-infantil, que tire toda a obstetrícia do Clériston Andrade e que dê uma melhor assistência às mães. Eu não diria que num prazo curtíssimo, mas num prazo curto, a possibilidade de utilizar essa área que hoje está ociosa e diminuir o fluxo sobre o Clériston. O problema está tão grave, que temos que perceber que podemos também contratar leitos e procedimentos junto ao setor privado. Temos que negociar de que forma podemos, nessa situação de emergência, contar com uma estrutura privada. Não há como sair imediatamente dessa situação difícil, se não for assim. Temos que conseguir também dar um apoio às Santas Casas e a hospitais de pequeno porte nos municípios em torno de Feira de Santana, para que eles possam fazer pelo menos um número de procedimentos, que hoje está sendo feito no Clériston, e que poderia ser feito nesses hospitais das cidades do entorno. Chamar os prefeitos e discutir com eles uma forma de como esses hospitais podem colaborar para diminuir o fluxo de pacientes do Clériston Andrade. Essas são algumas coisas possíveis de serem realizadas a curto prazo e que exigem recursos financeiros. O problema é que hoje na Bahia não adianta mais falarmos em obras faraônicas, se aquelas coisas que dizem respeito ao dia a dia da população e que influenciam diretamente a vida das pessoas não estão sendo feitas. Eu vejo o governo falar tanto em comparação, por exemplo, nós, no Programa Saúde da Família, quando estávamos no governo, em quatro anos, ajudamos os municípios a aumentarem a cobertura de 21% para 51%. Eles estão há oito anos e elevaram de 51% para 66%. É um avanço relativamente pequeno. Agora, mais do que isso, precisamos dar sequência ao que acontece depois com o paciente atendido no posto de saúde da família. Ele precisa ter uma segurança de que o exame que foi prescrito para ele, a consulta que foi recomendada seja feita, pois a pessoa não pode ficar seis meses com uma requisição de exame na mão e não conseguir uma solução, ou ficar dois anos aguardando por uma cirurgia. Nos lugares onde não tiver uma capacidade instalada, vamos fazer policlínicas. Não vamos poder fazer uma policlínica dessas em todos os municípios, mas podemos chegar em um determinado município, que seja uma sub-sede regional. Além disso, temos que melhorar a regulação, que é um instrumento importante. Ela existe para dar sequência lógica ao fluxo dos pacientes, mas hoje ela não está servindo para isso. Há problemas no gerenciamento da regulação, do ponto de vista da capacidade que ela tem de influenciar um pouco no giro de leitos, criando vagas nos hospitais. Isso depende de um protocolo consensual entre as direções dos hospitais e a própria regulação.


Pedimos sugestões de perguntas aos ouvintes e internautas e veio uma série de questionamentos sobre a descrença com os políticos. Qual a garantia que o senhor tem de que as promessas serão cumpridas?

Quem fala em descrença dos políticos está absolutamente correto. A classe política no Brasil, não está contribuindo em nada para que seja mais respeitada pela população com tantos maus exemplos que estamos acostumados a ouvir. Esse sentimento existe e eu quero dizer que tenho muito cuidado com isso. As pessoas dizem que eu preciso prometer mais, mas tenho cuidado com o que prometo em uma campanha política, pois a promessa quando é feita de forma que não é responsável, ela só tem um momento de alegria, que é aquele em que ela é feita e que as pessoas acreditam. Depois, ele não tem condições de cumprir e determina esse sentimento nas pessoas. Eu sou um homem comedido com relação a isso, eu não gosto de enganar as pessoas. Eu estou sempre aberto a discussões, mas quero ter absoluta convicção de que as coisas são justas e preciso de tranquilidade para executar. É importante não generalizar as coisas. Não podemos dizer que os políticos são todos iguais, pois isso não é verdade. Eu não me incluo e tenho direito a isso.

Se eleito, as terceirizações, cooperativas, redas, irão continuar?

Reda não é uma terceirização, é um sistema provisório que o Estado deveria lançar mão somente em condições excepcionais. O que aconteceu com o governo atual, é que diminuiu o reda da forma mais esquisita que existe. O Tribunal de Contas começou a achar que eles teriam que diminuir o número de reda. Eles diminuíram, mas aumentaram o PST de forma irregular. É a contratação de outro serviço de terceiro de forma exagerada. O Estado está gastando algo da ordem de 250 milhões de reais por ano. Essa prática tem que acabar. O PST pode ser utilizado num momento mais crítico, mas ele é feito para contratar pessoas para fazer serviços rápidos. O Estado está contratando para atividades permanentes. É preciso fazer um concurso para aquelas áreas que tenham a necessidade contínua de profissionais. As outras terceirizações dependem muito de como são feitas. Se são feitas através de processos seletivos para atender as necessidades de algumas áreas, onde nem sempre é possível contar com funcionários efetivos, não há mal nenhum nisso. O que precisa é haver fiscalização, auditoria, para que não prejudique o interesse público. Médios, por exemplo, eu acredito que há espaço para fazer concurso. Eu tenho a convicção de que Feira precisa de um hospital regional. Quando Aécio Neves esteve aqui eu pedi a ele que participasse junto comigo nisso e ele tomou esse compromisso. Espero ter o apoio para fazer.

Alguns candidatos vêm defendendo o enxugamento da máquina pública, com corte de secretarias e cargos. Alguns afirmaram ainda que o excesso de partido dificulta a governabilidade. O senhor também pensa assim?

Depende de que forma os acordos com os partidos foram feitos. Se eles foram feitos criando compromissos que prejudiquem a governabilidade, isso é verdade. Mas, por exemplo, um sistema utilizado nas democracias mais avançadas é um sistema parlamentar, onde os partidos políticos participam densamente do governo. O que não pode é criar secretarias desnecessárias para atender a um partido político. Estávamos a oito meses da eleição e transformou-se na Bahia um conselho em uma secretaria para atender a um interesse de um partido. Eu acho que 32 secretarias é um número exagerado, que tem que ser revisto, dentro de todos os cuidados. É preciso conhecer melhor como a máquina está funcionando, mas não há dúvida que existe um excesso de secretarias e pode estar havendo excesso de cargos de confiança. Pior do que isso, eu desconfio que esteja havendo contratações disfarçadas dentro das empresas de consultorias, apenas para atender certos tipos de interesses políticos. A máquina extremamente expandida traz um problema grave e esse sim influi na governabilidade. Tem 32 secretarias, dá pra acreditar que alguém despache com 32 secretários em uma semana ou em 15 dias? Esse é o problema. Além disso, começam a criar as chamadas secretarias cinzentas, onde não se sabe se a demanda é de uma secretaria ou de outra, exigindo um esforço muito maior de coordenação. É preciso acabar com a ideia de que um determinado setor só vai ser prioridade do governo, se tiver uma secretaria específica. Precisa-se é de bons projetos, bem articulados e que muitas vezes precisam ser feitos por diversas secretarias em conjunto. Um erro que eu não vou cometer é parar os projetos bons do atual governo. O que for bom, nós vamos continuar. Não vou cometer o desatino que eles fizeram com diversos projetos meus.

O que o senhor pretende fazer para melhorar a Polícia Militar na Bahia?

Nós antes tínhamos força-tarefa para combater assaltos a bancos, para combater os grupos de extermínio, para combater o tráfico de entorpecentes. O conceito da força-tarefa é a integração entre as polícias para que elas ajam de forma harmônica. Esse é um conceito moderno, associando ações de inteligência, de aumento de tecnologia. É isso que interessa. Mas o PT acha que a Bahia foi descoberta em 2007, que todos os governadores antes não fizeram nada. Temos que recuperar a relação de confiança entre o governo e a polícia. Essa relação está desgastada. Em conversas com policiais, percebi que não é propriamente porque o governo deixou de atender certas demandas, mas principalmente porque não teve transparência no trato da questão. Os policiais acham que o governo prometeu muita coisa, mas na hora de concretizar, fez récuos. Isso desgastou muito, provocou greve. Tanto o governo como a polícia têm que se convencer que eles têm uma missão, uma função importantíssima. A Bahia não pode conviver com os atuais níveis de violência. Somos hoje um dos estados com maior crescimento da violência de todo o Brasil. Temos que aumentar a capacidade operacional da polícia. Se fala muito em contingente. Acho que uma parte é necessária, mas temos que distribuir melhorias para os policiais. Policiais estão em atividades que não são finalísticas e ver de que forma essas atividades podem ser exercidas por outros funcionários e colocar os policiais que foram treinados para isso para trabalharem na sua atividade principal, que é o patrulhamento, o policiamento. Tem algumas outras medidas como a utilização mais intensiva da inteligência. Eu criei um grupamento aéreo da Polícia Militar com dois helicópteros e hoje, oito anos depois, continua com dois. É preciso descentralizar esse grupamento, colocar algumas unidades no interior, principalmente para combater os assaltos a bancos. Eu criei também as companhias especializadas no interior, conhecida como a Caatinga, entre outras. Eles diminuíram a capacidade operacional dessas companhias. Essa é uma coisa que deve ser restaurada, além de estudar a possibilidade de criar um batalhão de operações especiais. Temos que fiscalizar mais as nossas fronteiras, essas companhias podem fazer isso. Outra unidade pode ser criada para tentar coibir o problema de tráfico de drogas, de tráfico de armas, que vem de outros estados. Temos que melhorar o atendimento nas delegacias, recompor o projeto de que assistentes sociais têm que ficar nas delegacias para atender pessoas que chegam em condições psicologicamente muito abatidas. Acho que fizeram uma coisa, que em tese é acertada, que é a centralização do Departamento de Investigação de Homicídios, mas acho que para uma cidade como Salvador, uma unidade só talvez não seja suficiente. Tem muita coisa que deve ser feita. A questão dos delegados, por exemplo, existem municípios que não têm delegados. Os profissionais trabalham em um município e ocasionalmente vão a outros. Acho que há muitas situações em que isso não é solução. Se nós conseguimos, ao final de quatro anos, se eu chegar ao governo, voltar aos índices de violência de 2006 já seria uma coisa excepcional.

O governo do estado culpa o senhor pela obra inacabada do Centro de Convenções e o senhor culpa o governo. A obra continua inacabada. Se o senhor for eleito, a gente pode contar com esse Centro?

Esse projeto foi bem feito, foi iniciado e eles pararam. Tem oito anos e eles não foram capazes de colocar recursos no orçamento? É para isso que existe o plano plurianual. Isso é desculpa, se chama birra. Não foi feito, pois eles não quiseram e é uma coisa lamentável no setor público. O governador teve uma oportunidade que ninguém na história recente da Bahia teve. Ele foi governador por oito anos. Ninguém teve essa oportunidade. Ele deveria saber se isso era prioritário ou não para uma cidade como Feira de Santana, que é uma capital regional. Eu não tenho culpa nenhuma nisso e, claro, que vou me empenhar muito para terminar isso, assim como vou tentar fazer com o Centro de Convenções de Itabuna, que foi a mesma coisa, o que demonstra que não foi nada com problemas no projeto.