Laiane Cruz
O Acorda Cidade entrevistou nesta quinta-feira (14) o candidato ao governo da Bahia pelo PRTB, Rogério da Luz, como parte do projeto Eleições 2014. Na quarta-feira (13) ouvimos as propostas do candidato Rui Costa, do PT. Amanhã será a vez de Paulo Souto, do DEM, falar sobre como pretende governar a Bahia. No sábado, a entrevista do dia seria com a candidata do PSB, Lídice da Mata, mas em virtude da morte do candidato à presidência da república Eduardo Campos, o compromisso foi adiado. A assessoria de comunicação da candidata afirmou que irá entrar em contato para informar a nova data.
Acorda Cidade – Quem é Rogério da Luz?
Da Luz – Eu sou Analista de Sistema, trabalhei nos maiores bancos do mundo hoje em operação no Brasil, já tive oportunidade de organizar empresas que tinham faturamento acima de 60 bilhões de dólares, e a Bahia pra mim é uma empresa que tem uma arrecadação de 36 bilhões de reais apenas, muito mal gerida. Se tivessem hospitais funcionando na Bahia, se tivessem escolas em tempo integral para as crianças, creches para as crianças, a violência não fosse uma crescente, você pode ter certeza que eu jamais teria saído candidato, porque eu estaria contente com quem estava administrando a Bahia. A política hoje vem dessa maneira arcaica de se montar governabilidade à custa do sangue do povo, a governabilidade que eu chamo é a tal oposição e situação. A pessoa chega para ser governador e monta a base de apoio na Assembleia, ele bota um líder do governo, e a partir daí vêm os partidos: ‘Eu tenho cinco deputados’, e eles querem secretaria A, B, C quer Detran, e final da história hoje nós temos um governo com 32 secretarias, um governo inchado, uma máquina para poder contemplar partidos. Então nós vamos romper essa lógica perversa de se fazer política.
Acorda Cidade – O senhor defende a bandeira do enxugamento da máquina pública, é isso?
Da Luz – Você tem que enxugar urgente a máquina pública, e eu não estou falando dos funcionários públicos, pelo contrário, os professores, o policial militar, as pessoas técnicas em cada área têm que ser valorizados. E as nomeações, que no meu caso não seriam políticas, seriam técnicas, eu colocaria pessoas de alto gabarito em cada área. Já que estou falando de cultura e corte de gastos, vou exemplificar: em 2013, foi reservado para a cultura no orçamento quase 222 milhões de reais, advinha que só foi 19 milhões para a cultura, dos 222. Para você ter uma ideia, 96 milhões foram aplicados para pagar funcionário, e que não são de carreira não, foram esses nomeados. Agora eu quero saber quem são esses eruditos que mereceram arrastar quase 100 milhões da cultura da Bahia, que só ficou com 19 milhões, e o pior: quem ficou com esses foram as grandes bandas, os grandes blocos, as grandes peças de teatro, mas o povo mesmo que precisa de um berimbau na comunidade não tem nem acesso a fazer um projeto, e quando consegue fazer esse projeto, a liberação máxima é de 35 mil reais no fundo de cultura. Quando ele consegue pegar esse dinheiro, por falta de estrutura, acaba não conseguindo prestar conta, e no final da história ele só pega uma vez, porque não tem um órgão do governo que dê assessoria contábil, uma assessoria técnica e jurídica para que os pequenos possam também participar do edital, que possam também ser contemplados com o dinheiro da cultura.
Acorda Cidade – O senhor acha que é possível mudar essa realidade? Porque normalmente as pessoas estão descrentes. Acham que alguns candidatos pregam desta forma, mas quando chegam ao poder não conseguem fazer as mudanças necessárias.
Da Luz – E não vão conseguir fazer as mudanças necessárias ainda que sonhem ou queiram, porque ou não sabem fazer ou não querem, o que é pior. Mas porque eles só sabem fazer assim, não tem outro jeito. Todas as câmeras funcionam desse jeito, todas as assembleias funcionam desse jeito, o congresso nacional funciona assim, e o senado funciona assim. Se não inventar um sistema diferente desse, não teria sido inventado o carro, nem sido inventado o avião, e nem sido inventado a televisão, o telefone celular, nem nada. A invenção parte de uma inovação, então nós vamos inovar. Quero e vou governar com 417 prefeitos, com 63 deputados estaduais, 39 federais, e três senadores. E como eu não vou montar base de governo, não vou ter o tal do líder do meu governo, que o líder do meu governo é o povo, e eu vou ter 63 deputados que vão trabalhar em conjunto comigo, porque eles precisam levar para as suas bases obras, e é isso que nós vamos fazer. Nós não vamos dar cargos, nós vamos dar obras.
Acorda Cidade – Por que as propostas do senhor ainda não chegaram, e a comunidade não respondeu? Eu pergunto pelos números no Ibope: Paulo Souto, 42%; Lídice, 11%; Rui Costa, 8%; Da Luz, 2%; Marcos Mendes, 1% e Renata Mallet, também 1%. Ontem, a Babesp: Paulo Souto, 40%; Rui Costa, 16%; Lídice da Mata, 13%; Marcos Mendes, 2%; Da Luz caiu um ponto e Renata Mallet, um ponto. E o senhor tem agora a oportunidade de avaliar as duas.
Da Luz – A do Datanilo (Babesp) está fora de qualquer conversa. Na do Ibope, nós estamos com 2%, o Rui com 8%. Como é três para mais, três para menos, o Rui e eu estamos com um impate técnico, segundo várias televisões que noticiaram. Agora a estrutura de campanha que eles têm, o recurso que eles têm, se você achar algum material meu, você vai ver bem pouco. Há limitação financeira, porque eu não peguei recursos das empreiteiras.
Acorda Cidade – E como é que o senhor vai fazer campanha sem recursos?
Da Luz – A princípio, quando se começar a televisão, que o povo entre nesse jogo. Porque eu vou governar pra o povo, eu não posso aceitar dinheiro de empreiteira e deveria ser considerado crime. Empresa que doar dinheiro pra campanha, ela jamais deveria participar de licitação do governo que ganhou, senão fica considerado o crime de favorecimento.
Acorda Cidade – O ouvinte pergunta: os eleitores estão cansados de falsas promessas. Será que esse clima que está aí?
Da Luz – Eles vão continuar mentindo, dando falsas promessas. Fizeram uma pergunta pra mim: por que os políticos sempre falam de saúde, educação e segurança. Porque eles são incompetentes e não resolveram nesses 40 anos, nem saúde, nem educação, nem segurança. Porque eles dividem o bolo com os políticos e não pra o povo.
Acorda Cidade – O que o senhor pensa para nossa cidade, caso seja eleito. Conhece bem a nossa realidade?
Da Luz – Feira de Santana é uma cidade muito para a Bahia, não só por ela ser a segunda cidade do estado, mas pela localização geográfica que ela hoje está colocada na BR. Por isso, nós faremos um grande de centro de distribuição, um grande porto seco, como se tem aquele lá em Salvador, sendo que Feira eu acho mais estratégico do que em Salvador, para que se possa desenvolver a questão de cargas. Por isso, teremos que fazer com que tenha-se um aeroporto de verdade para cargas, e que essa função seja tirada de Salvador, e que se coloque aqui uma central de cargas, para poder atender esse manejo da produção. Precisamos interligar com o trem. A Bahia e outros estados estão foram dos trilhos, e nós precisamos colocar nos trilhos porque é a melhor maneira de você poder escoar a produção. E hoje estão praticamente sucateadas, há muitas décadas, as nossas vias férreas. Então Feira de Santana precisa de um hospital com uma estrutura para que muitas das cidades circunvizinhas não precisem se deslocar até Salvador para cirurgias de alta complexidade, para procedimentos e exames de alta complexidade. A classe médica ganha 12 ou 13 reais do SUS. Eu sei que o SUS é federal, mas nós economizando esse recurso que economizaremos com esses cargos que não fazem sentido, nós vamos poder fazer com que tenha um recurso maior destinado aos médicos.
Acorda Cidade – O partido do senhor é favorável à reforma política?
Da Luz – A reforma política é a mesma coisa que você pegar galinha e botar a raposa para tomar conta, porque quem vai votar a reforma política são esses que estão destruindo o país. Eles preveem fazer financiamento de campanha. Eles vão continuar fazendo boca de urna. A reforma política tem que ser assim: fez boca de urna vai preso, fica inelegível pra o resto da vida e não pode mais sair candidato.