Daniela Cardoso
Os alunos do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Igualdade Racial (Nepir) assistiram nesta terça-feira (5) a uma aula com o índio tupinambá Marcos Vieira de Carvalho (Hyani Tyera), integrante da Aldeia do Divino Espírito Santo, de Ipitanga, no município de Camaçari. A aula foi realizada na Sala de Imprensa Arnold Silva, no Centro de Atendimento ao Feirense (Ceaf).
Durante a aula, o tupinambá Marcos Elder falou sobre a história do Brasil numa perspectiva indígena, já que, segundo ele, a história até hoje é contada como se o Brasil tivesse sido descoberto. “Na verdade os índios já estavam aqui, então o Brasil não foi descoberto”, afirma.
Marcos ressaltou a importância de um curso com foco na necessidade de discutir como fazer ações práticas da política de igualdade racial. Ele considera que muito tem se falado na questão da igualdade, mas na prática o avanço ainda é muito pouco.
“A constituição de 88 deu um prazo de cinco anos para todos os territórios indígenas estarem demarcados. Já estamos em 2014 e ainda hoje essa é a maior pauta do movimento indígena, que não avança. Isso mostra o descompasso entre a teoria e prática da ação. Podemos observar que vivemos um momento histórico com o resgate da identidade indígena, pois as discussões voltaram à tona e para mim é uma grande felicidade ter recebido o convite, já que Feira de Santana também tem raízes indígenas”, afirmou.
O tupinambá falou ainda sobre as dificuldades das políticas públicas chegarem até as comunidades indígenas. Ele cita como exemplo, o direito à terra. “Para o indígena a terra faz parte da própria vivência dele. Somos frutos da terra”, destacou.
“Buscamos mais representatividade. Estamos em um momento de eleição e esperamos colocar no poder pessoas da minoria. É importante ter mais indígenas na política, assim como outras minorias que lutam por justiça social”, acrescentou.
A presidente do Conselho das Comunidades Negras e Indígenas, Lurdes Santana, informou que o curso foi iniciado em 2012 e que os alunos que assistiram à aula de hoje estão no segundo módulo. Segundo ela, esse é um curso aberto para a população e o objetivo é que as pessoas conheçam sobre a política da igualdade racial, do índio, do cigano e do albino.
“Nós precisamos colocar isso dentro da sociedade para não termos a questão do racismo. Muitas pessoas não entendem o que é racismo e precisamos trazer alguns palestrantes para participar desse processo. É um projeto muito bom e espero que continue”, afirmou.
As informações são do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.