Orisa Gomes
Cerca de 5.500 dependentes de álcool e drogas são cadastrados no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas ) de Feira de Santana e 750 têm atendimento. Os dados foram revelados em audiência pública na Câmara Municipal, para tratar do impacto da dependência química no Município de Feira de Santana. Realizado nesta quinta-feira (15), o evento atendeu a solicitação do vereador Pablo Roberto (PT), membro da Comissão de Meio Ambiente, Direitos Humanos e Defesa do Consumidor.
Entre os palestrantes, a coordenadora do Centro Terapêutico Harmonia, Telma Carneiro, afirmou que é humanamente impossível a equipe do Caps AD, formada por duas psicólogas, um psiquiatra e duas enfermeiras atender a 750 pessoas. Ela defendeu a ampliação do número de Caps no município e maior apoio do poder público aos centros terapêuticos.
“As comunidades terapêuticas têm um papel que não é o do Caps. Quem trata das sequelas da dependência que, geralmente, são transtornos mentais graves, é a saúde, os Caps. As comunidades atendem dependentes visando o resgate de autoestima, fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e profissionalização. A abstinência é o resultado desse trabalho”, esclarece.
Com mais de 20 centros terapêuticos existentes na cidade, Telma informa que apenas dois, o Harmonia e outro, têm financiamento total do governo do estado, por terem vencido edital de seleção. “O tratamento dos dependentes químicos é uma política pública e compete ao governo financiar”, observa.
Ao tomar conhecimento de que o Caps AD não atende a demanda de dependentes, o vereador Pablo declarou ao Acorda Cidade que vai buscar diálogo junto a Secretaria Municipal de Saúde, estado e governo federal para que Feira possa garantir aos dependentes atendimento digno.
Sobre a dificuldade enfrentada pelos centros terapêuticos, o edil ressaltou que fez um apelo ao secretário de Prevenção a Violência e Promoção dos Direitos Humanos, Mauro Moraes, presente na audiência, para que o governo municipal contribua pelo menos com a equipe técnica.
“Entendemos que essa equipe é de fundamental importância para oferecer um atendimento qualificado. Não dá para acreditar que as comunidades, com a cuia nas mãos, vão conseguir garantir o atendimento. A prefeitura Municipal, através de suas secretarias, precisa de uma relação muito próxima com elas, para que possam realmente atender a demanda da cidade”, frisou.
A importância dos centros terapêuticos no atendimento aos dependentes foi reforçada por Mauro Moraes. Conforme o secretário, “é preciso termos uma legislação que não apenas cobre, mas que atenda e oriente as necessidades dessas unidades terapêuticas”.
Plano de enfrentamento as drogas
Como consequência da audiência, o vereador Pablo afirmou que na próxima semana vai apresentar na Câmara um plano municipal de enfretamento as drogas, que é um conjunto de ações articuladas na esfera municipal para atender ao dependente.
Entre os demais presentes no evento, estavam a presidente do Conselho Municipal Antidrogas e coordenadora do Centro Terapêutico Mansão da Vitória, Ana Lúcia Miranda, o coordenador do Caps Osvaldo Brasileiro Franco, Décio Gomes, a psicóloga da Fundação Casa da Rainha, Judinara Braz Mota de Carvalho e os vereadores José Nery (PT) e Aldinei Bastos (PMN).


