Diga não ao racismo
Foto: Divulgação

A Educação tem um papel central na luta contra o racismo estrutural, pois é por meio dela que se formam consciências críticas e se constroem valores de respeito e igualdade. O racismo no Brasil não é apenas um fenômeno individual, mas uma estrutura histórica e social que se reproduz nas instituições, nas relações cotidianas e nas oportunidades de vida. A Universidade, como espaço de socialização e produção de conhecimento, pode ser tanto um instrumento de reprodução dessas desigualdades quanto um espaço de resistência e transformação. Nesse sentido, educar é também um ato político, capaz de romper com as lógicas excludentes que sustentam o racismo.

Paulo Freire (1996) defendia que a Educação deve ser libertadora, problematizadora e dialógica, permitindo ao sujeito compreender criticamente a realidade e atuar para transformá-la. Para o autor, a neutralidade na Educação é impossível, e assumir uma postura crítica diante das injustiças é um dever ético do educador. Aplicada à questão racial, essa perspectiva implica reconhecer o racismo como um problema social e político que precisa ser discutido abertamente na escola. Uma Educação pautada em Paulo freire, portanto, não silencia o tema, mas o coloca em debate, promovendo a conscientização e o empoderamento dos estudantes negros e a responsabilidade dos brancos em romper com privilégios.

Bell Hooks (2019), por sua vez, enfatiza a importância de uma pedagogia engajada e afetiva, que valorize as experiências e as vozes marginalizadas. Para a autora, o ensino deve ser um espaço de liberdade, onde o amor, o diálogo e o reconhecimento das diferenças são práticas revolucionárias. Hooks denuncia o racismo presente nas estruturas acadêmicas e escolares e propõe uma Educação antirracista que confronte o patriarcado, o colonialismo e as opressões interseccionais. Essa abordagem amplia o conceito de Educação transformadora, tornando-a também uma prática de inclusão e justiça social.

A construção de uma Educação antirracista exige que os currículos sejam revistos, incorporando a história e as contribuições dos povos africanos e afro-brasileiros, conforme prevê a Lei nº 10.639/2003. É fundamental que os professores sejam formados para trabalhar a diversidade étnico-racial de forma crítica, evitando tanto o silêncio quanto o tratamento superficial do tema. Projetos pedagógicos, materiais didáticos e práticas escolares devem valorizar a pluralidade cultural e combater estereótipos, tornando a escola um espaço de acolhimento e de afirmação identitária.

Nesse sentido, combater o racismo estrutural por meio da Educação é promover uma formação humana e cidadã que reconheça as desigualdades e atue para superá-las. Como afirmam Paulo Freire e Bell Hooks, educar é um ato de coragem e de amor. É enfrentar as estruturas opressoras e construir novas possibilidades de existência baseadas na equidade, no respeito e na solidariedade. A Educação antirracista, portanto, não é uma tarefa pontual, mas um compromisso permanente com a transformação social e com a dignidade de todos os sujeitos.

Artigo do Prof. Carlos Izidoro, reitor em unidade de ensino superior da Estácio.

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