
Durante o período da manhã desta quinta-feira (20), Dia Nacional da Consciência Negra, o Espaço Marcus Moraes, na Avenida Getúlio Vargas, recebeu uma série de atividades voltadas à valorização da cultura afro-brasileira e ao debate sobre o combate ao racismo. A abertura oficial contou com apresentações culturais e, em seguida, dois momentos de discussão com os palestrantes Gilsam Santana e Hely Pedreira, que abordaram temas centrais à luta do povo negro.

O cantor e compositor Gilsam Santana destacou que a data é um convite à reflexão sobre a posição da população negra na sociedade brasileira.
“É um momento de reflexão crítica sobre uma problemática histórica, que é a condição da população negra no nosso sistema. As artes funcionam como instrumento de denúncia das exclusões e como ferramenta de transformação para que possamos vislumbrar uma sociedade em que negros ocupem espaços de privilégio”, afirmou.
Ele reforçou que a cultura tem papel fundamental na formação de consciência e no enfrentamento aos estereótipos ainda impostos ao povo negro.
“A cultura molda consciências. É por meio dela que refletimos sobre a condição da população negra e como desconstruir estereótipos e delimitações sociais.”

Gilsam também criticou a decisão do comércio de Feira de Santana de abrir no feriado, mesmo sendo uma data simbólica e de luta.
“Feira de Santana sai na frente abrindo o comércio em um dia tão histórico. A força negra sempre foi explorada para manutenção do capital, e isso continua. A cidade não pode descumprir uma lei tão importante.”

Para ele, celebrar o Dia da Consciência Negra significa revisitar o legado afro-brasileiro e cobrar reparações históricas.

“Esse país é inconcluso enquanto não houver distribuição econômica justa e igualdade nos cenários educacional, artístico e social. É preciso continuar gritando por dias melhores.”
A professora Hely Pedreira também integrou a programação e ressaltou que os debates seguem indispensáveis enquanto o racismo continuar determinando espaços e oportunidades no país.
“Ainda é necessário travar esses debates. Enquanto o racismo dividir e demarcar espaços, precisamos dialogar. Infelizmente ainda há um fosso que separa a sociedade, e é sobre isso que precisamos refletir.”
Segundo Hely, o evento busca provocar a sociedade a enxergar a condição do povo negro e questionar sua presença ou ausência em espaços de poder.
“Precisamos discutir qual a condição do negro na sociedade. Ocupamos os espaços de decisão? Ainda não. Estamos aqui para dialogar, trocar experiências e convidar a sociedade a pensar conosco.”
Ela reforçou que o 20 de novembro é uma conquista histórica do movimento negro, mas lembrou que a luta é diária.
“Somos negros todos os dias do ano. As questões raciais incidem sobre nós diariamente. Celebramos Zumbi dos Palmares como símbolo de resistência, mas a reflexão não pode ficar restrita a uma data.”
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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