Campanha "Sem Medo" promove 21 dias de ativismo para enfrentamento da violência contra meninas e mulheres
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Bahia é o estado do Nordeste com o maior número de casos de violência contra mulheres. O dado, que reflete um cenário alarmante e persistente, foi um dos temas centrais da coletiva de imprensa que marca o início da campanha “Sem Medo – Pela não violência contra meninas e mulheres”. O lançamento aconteceu nesta quarta-feira (19), na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). 

Campanha "Sem Medo" promove 21 dias de ativismo para enfrentamento da violência contra meninas e mulheres
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A campanha tem proporção mundial e é aderida no Brasil com objetivo de promover a conscientização na comunidade e levar informação às mulheres vítimas de violência. Em Feira de Santana, a iniciativa é do Movimento de Organização Comunitária (MOC).

Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora do evento, Selma Glória de Jesus, explicou que serão 21 dias de atividades intensas, envolvendo todas as organizações parceiras do MOC. 

Selma Glória de Jesus, coordenadora da campanha Sem Medo - Pela não violência contra meninas e mulheres
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Já é o 15º ano que o MOC lança a campanha e convoca todas as organizações. A gente começa no 20 de novembro, que é o Dia da Consciência Negra, estamos antecipando hoje porque amanhã é feriado, e vai até 10 de dezembro que é o Dia Universal dos Direitos Humanos”, destaca Selma.

O tema “Sem Medo” vem da perspectiva de que para denunciar, as mulheres precisam ser encorajadas e acolhidas, e a sociedade, bem como os equipamentos públicos e forças de segurança precisam atuar nesta rede de proteção.

“A gente precisa, de uma certa forma, ajudar as mulheres a se encorajar. Porque não basta ter os equipamentos, não basta ter o disque denúncia, se as mulheres não são encorajadas e se elas não são apoiadas.”

Campanha "Sem Medo" promove 21 dias de ativismo para enfrentamento da violência contra meninas e mulheres
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“‘Sem Medo’ convocando para que as mulheres assumam esse protagonismo. E aí tem um ditado de Margarida Alves que ela diz “Medo nós tem, mas não usa”. Então, mesmo com medo, como enfrentar e superar todas as formas de violência contra meninas e mulheres.” 

É necessário a compreensão de que toda mulher ou menina, pode acabar vivenciando uma situação de violência, mas existem atualmente perfis mais suscetíveis e atingidos pelos índices.

“Segundo os dados do Mapa da Violência, do IPEA, também são várias fontes de dados que nos mostram e comprovam, que as mulheres negras e as mulheres pobres são as principais vítimas de violência e do feminicídio. Portanto, esse perfil tanto é de mulheres, quanto também é de meninas, porque meninas de 0 a 14 anos, elas são as principais vítimas de violência sexual.”

Campanha "Sem Medo" promove 21 dias de ativismo para enfrentamento da violência contra meninas e mulheres
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

No topo do ranking estão, respectivamente a violência psicológica, física e sexual, mas estas não são as únicas. A violência patrimonial e moral também faz parte da realidade de várias brasileiras.

Para fortalecer o combate, o MOC tem buscado as instituições de aporte para incentivar melhores planos de ação envolvendo jurídico, psicológico, entre outros.

“O que nós estamos fazendo constantemente é o diálogo com o poder público para melhorar os equipamentos de atenção, como o Centro de Referência, Casa abrigo, Deam, a Ronda Maria da Penha. Então são esses equipamentos que a gente puxa para o diálogo para melhorar a sua atuação na proteção às mulheres”, conta.

Campanha "Sem Medo" promove 21 dias de ativismo para enfrentamento da violência contra meninas e mulheres
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Esteve presente no lançamento, a comunicadora social, Roseli Carvalho. Ela é natural de Salvador, e lançou um livro de reportagens narrativas que documenta e preserva as histórias de vida de oito Griôs Sisaleiros da Comunidade Rose em Santaluz (BA). Os Griôs são contadores de histórias, figuras fundamentais na manutenção e transmissão dos saberes ancestrais. 

A campanha do MOC para ela é mais uma forma de fazer história, ouvindo, e incentivando a mudança da cultura do machismo que traz consigo uma histórico de violência. Em sua trajetória de pesquisas e oitivas, ela relata que é muito comum encontrar relatos de ciclos repetidos da violência.

Roseli Carvalho, comunicadora social
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Precisamos combater a todo momento esses crimes contra a vida, contra a mulher em vários aspectos. Eu penso que esse evento é muito importante para debater essas pautas no geral. São vários relatos e principalmente a violência psicológica, porque não é só a violência física”, pontua.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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