
O mês de novembro marca o alerta para o câncer de próstata, o segundo tipo mais comum entre os homens brasileiros. Mesmo com campanhas massivas e exames cada vez mais precisos, o cenário permanece preocupante: a maioria dos diagnósticos ainda é feita em estágios avançados, quando o tratamento é mais complexo e as chances de cura diminuem.
Para o urologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Alexandre Sallum Bull, esse atraso não é apenas uma questão individual, é um problema cultural. “A maior barreira não é o exame em si, mas a resistência do homem em procurar o médico. Muitos só buscam ajuda quando o corpo já está dando sinais de que algo não vai bem”, explica.
Segundo o médico, o câncer de próstata é uma doença silenciosa. Na fase inicial, geralmente não causa sintomas, o que torna o rastreamento essencial. “O exame de toque retal e o PSA são complementares, e juntos permitem identificar alterações precoces com alta taxa de cura. Quando o diagnóstico é tardio, as opções de tratamento se tornam mais limitadas e invasivas”, reforça Dr. Sallum.
Mas o problema vai além do câncer. O comportamento de evitar consultas preventivas impacta toda a saúde masculina. Hipertensão, diabetes, obesidade e distúrbios hormonais são frequentemente diagnosticados tardiamente pelo mesmo motivo: a falta de acompanhamento regular. É um padrão de negação. O homem costuma agir apenas diante de dor ou perda de desempenho, enquanto a medicina preventiva atua antes dos sintomas.
O Dr. Alexandre Sallum Bull também observa que há uma mudança geracional em curso. Homens mais jovens, preocupados com performance e qualidade de vida, estão procurando acompanhamento médico não apenas para tratar doenças, mas para otimizar saúde e envelhecer bem. “A nova medicina masculina é proativa. Fala sobre nutrição, hormônios, sono, intestino, estresse e saúde sexual como um todo. O exame de próstata é parte disso, não o centro”, diz.
Hoje, o diagnóstico precoce do câncer de próstata conta com recursos modernos, como o PSA ultrassensível, a ressonância multiparamétrica e a biópsia por fusão de imagem, que aumentam a precisão e reduzem a necessidade de procedimentos desnecessários. Além disso, cirurgias robóticas e radioterapias direcionadas tornaram o tratamento mais seguro e com melhor recuperação funcional.
“O medo é compreensível, mas a informação precisa vencer o preconceito. A prevenção não tira a masculinidade de ninguém, ela preserva a vida”, conclui Dr. Sallum.
O câncer de próstata é altamente tratável quando diagnosticado precocemente. O desafio agora não é tecnológico, é comportamental. Mudar a relação do homem com o próprio corpo pode salvar milhares de vidas, e essa mudança começa com uma simples atitude: marcar uma consulta antes que os sintomas apareçam.
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