
O vereador Edvaldo Lima (União Brasil) classificou a lei que transformou o Dia da Consciência Negra em feriado nacional como uma lei racista e preconceituosa. A fala controversa do parlamentar, que se autodeclarou pardo na última eleição, foi uma resposta a um colega e ocorreu durante a sessão desta quarta-feira (12), na Câmara de Vereadores de Feira de Santana.
Entenda a polêmica
Durante a sessão, o vereador Silvio Dias (PT) utilizou a tribuna para criticar a decisão que autorizou o comércio de Feira de Santana, formado majoritariamente por trabalhadores negros, a funcionar no dia 20 de novembro. O parlamentar fez um apanhado histórico, ressaltando a importância da data ter se tornado feriado nacional e afirmou que, em tese, o dia seria um momento para membros da comunidade negra reafirmarem suas lutas e comemorarem os avanços na conquista por direitos básicos.
Após a fala de Silvio Dias, o vereador Edvaldo Lima criticou tanto o colega quanto a lei que transformou a data em um feriado nacional. Demonstrando uma clara falta de interpretação de texto, intencional ou não, o parlamentar afirmou que Dias estava errado ao defender a lei, que, nas palavras dele, é racista, pois garante a folga do feriado apenas para pessoas negras.

“Essa lei que o nobre vereador falou é racista. Veja bem, o feriado é só para os negros. Os brancos que se acabem, que se destruam trabalhando. Isso é um desrespeito, essa lei racista, irresponsável, feita no Congresso Nacional e em algumas Câmaras de Vereadores. Eu sou negro, de uma família negra, mas não aceito esse racismo irresponsável que criaram para dividir a nação brasileira”, disse Edvaldo Lima na sessão.
Posição marcada
Após a sessão, a reportagem do Acorda Cidade procurou o vereador Edvaldo Lima para entender melhor por que ele considera o feriado da Consciência Negra como uma data racista. Repetindo a fórmula apresentada na Câmara, estranhamente o vereador voltou a afirmar que a data foi criada para beneficiar somente pessoas negras.
“Esse feriado é só para os negros. Os brancos estão totalmente excluídos desta lei. Onde é que o Congresso Nacional, as Câmaras Municipais e as Assembleias Legislativas encontraram que devem fazer uma lei só para uma cor de pessoas? Isso não é preconceito? Isso não é ser racista? Isso aí é que é ser racista. É uma lei racista e eu não concordo, não concordo com quem adere a ela”, disse Edvaldo.
E o parlamentar continuou verbalizando o pensamento polêmico: “Eu já vou dar um conselho para todos os brancos. Vocês, meus irmãos brancos, vão trabalhar, porque a lei não serve para vocês, a lei só serve pros negros. Um desrespeito, uma imoralidade que é esta lei aplicada só no nosso país, por causa de um lote de dementes que estão no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais que aprovaram uma lei dessa natureza.”
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves
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