
Você sabia que os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres no Brasil? A resistência masculina aos cuidados com a saúde está enraizada em padrões culturais que associam o ato de se cuidar à fragilidade. Essa masculinidade que exalta a invulnerabilidade transforma o autocuidado em tabu. Como resultado, muitos evitam consultas médicas, ignoram sintomas e só procuram ajuda quando a doença já afeta o trabalho ou a vida sexual. Deixam escapar a prevenção para viver o risco da urgência.
Essa rigidez cultural leva a diagnósticos tardios de doenças como câncer de próstata, diabetes e hipertensão, além da menor adesão a tratamentos crônicos. Logo, há maior mortalidade por causas evitáveis”, alerta o especialista em medicina integrativa Italo Almeida. Neste Novembro Azul, o chamado é para romper esse ciclo e enfatizar autocuidado consciente.
A pressão para ser o provedor da família faz com que muitos homens vejam o cuidado com a saúde como perda de tempo, irresponsabilidade ou besteira. Exames como o toque retal ainda geram resistência por associações equivocadas. Além disso, o sistema de saúde foi historicamente desenhado para perfis tidos como femininos, horários que conflitam com jornadas mais corridas. “O corpo fala, mas muitos homens não escutam. Dor abdominal, cansaço constante, insônia e irritabilidade podem ser sinais de alerta, não apenas físicos, mas emocionais” explica Almeida, que é diretor médico da clínica Neuro Integrada.
Os impactos da masculinidade tóxica vão além da saúde física, estendendo-se também à saúde mental. Homens cometem cerca de quatro vezes mais suicídios do que as mulheres e apresentam altos índices de subnotificação de casos de depressão e ansiedade. Além disso, estão entre os que mais recorrem ao uso abusivo de álcool e outras drogas como forma de automedicação, reflexo da dificuldade em expressar emoções e buscar apoio psicológico. Através da Medicina do Estilo de Vida é possível encontrar um caminho com mais saúde e equilíbrio. A abordagem preventiva e integrativa considera corpo, mente e emoções.
Para mudar essa cultura, é preciso ensinar desde a infância que o cuidado é sinal de força; não de fraqueza. O médico Italo Almeida acredita que as campanhas do Novembro Azul precisam ir além do alerta sobre a próstata e incluir saúde mental, entre outras doenças. Na visão do especialista, as mídias devem ser aliadas nessa conscientização. “Quando figuras públicas compartilham suas experiências com terapia, exames e relatos de superação de vulnerabilidades ajudam a reforçar a importância do autocuidado”, conclui Almeida.
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