Cirurgia robótica
Imagem ilustrativa gerada por IA por meio da ferramenta do Gemini

A cirurgia robótica representa uma das principais transformações recentes na medicina, permitindo a realização de grandes procedimentos de forma minimamente invasiva. O urologista, uro-oncologista e especialista em cirurgia robótica Nilo Jorge Leão explica que a tecnologia reduz incisões e amplia a precisão cirúrgica. A entrevista foi concedida ao portal Acorda Cidade durante evento com palestras na área de saúde promovido pelo Sindicato dos Bancários de Feira de Santana, na noite de quinta-feira (7).

Sindicato dos Bancários realiza palestra sobre prevenção do câncer e cirurgia robótica em Feira de Santana
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Antigamente, para fazer uma cirurgia de câncer de próstata, era necessário um corte de aproximadamente 30 centímetros e vários cirurgiões para afastar tecidos e órgãos. Com a cirurgia robótica, fazemos pequenas incisões de 8 milímetros e conectamos um aparelho chamado robô, que permite enxergar tudo de perto, com visão ampliada em 15 vezes e em 3D”, afirmou.

Segundo o especialista, o equipamento atua como uma extensão dos movimentos do médico, eliminando o tremor natural das mãos humanas e permitindo maior precisão. “Todo cirurgião tem algum grau de tremor. O robô elimina esse tremor, o que torna a cirurgia mais precisa e com resultados melhores, especialmente em casos de câncer de próstata”, explicou.

Recuperação mais rápida e resultados funcionais

Médico urologista uro-oncologista e especialista em cirurgia robótica Nilo Jorge Leão
Urologista Nilo Jorge Leão | Foto: Ny Silva/Acorda Cidade

De acordo com Nilo Jorge Leão, os principais benefícios da cirurgia robótica são a segurança e a rápida recuperação dos pacientes.

“O tempo de alta hospitalar é de menos de 24 horas. O retorno às atividades normais, como dirigir, ocorre em menos de uma semana. O trabalho pode ser retomado em até 14 dias, e atividades que exigem esforço físico, em cerca de 30 dias.”

Além disso, a precisão do procedimento reduz complicações funcionais. “A chance de o homem ficar impotente ou com incontinência urinária é muito menor. E a cirurgia robótica se aplica a várias áreas, como ginecologia, coloproctologia e cirurgia torácica”, acrescentou.

Uso em diferentes especialidades

A tecnologia é utilizada em procedimentos urológicos, ginecológicos, intestinais e torácicos. “Na ginecologia, ela é eficiente no tratamento de miomas e câncer de útero. Na coloproctologia, é indicada para câncer de reto, e na cirurgia torácica, para câncer de pulmão”, detalha o médico em entrevista ao Acorda Cidade.

O uso do robô possibilita, por exemplo, a preservar estruturas delicadas, como nervos e vasos sanguíneos. “Ele enxerga 15 vezes melhor do que o olho humano e não treme, o que permite preservar melhor as estruturas e obter resultados mais consistentes.”

Custo e acesso à tecnologia indisponível no SUS

Apesar dos avanços, a cirurgia robótica ainda não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Bahia. “Essa é uma batalha que eu venho travando com governantes. Tenho um projeto para levar a cirurgia robótica a dois hospitais públicos em Salvador, o Hospital Municipal e as Obras Sociais Irmã Dulce, mas os custos ainda são altos”, afirma.

O médico ressalta que outros estados, como o Ceará, já oferecem o procedimento na rede pública. “O Instituto do Câncer do Ceará já possui cirurgia robótica. A patente do robô foi quebrada recentemente, e com mais empresas produzindo, os preços devem cair, tornando a tecnologia mais acessível.”

Hoje, os custos de uma cirurgia robótica particular variam. “Mesmo pacientes com bons planos de saúde precisavam desembolsar de R$ 100 mil a R$ 150 mil. Agora, com mais planos cobrindo parte do valor, o custo gira em torno de R$ 50 a R$ 60 mil para quem paga integralmente”, informou o médico ao Acorda Cidade.

Formação de profissionais

A cirurgia robótica é utilizada em diversas subespecialidades, especialmente por cirurgiões oncológicos e ginecologistas especializados em endometriose. Para operar com o robô, é necessário um processo de capacitação específico.

“O Conselho Federal de Medicina já definiu regras. O profissional precisa cumprir uma carga horária mínima em simulação virtual, acompanhar cirurgiões experientes e só depois pode utilizar o robô de forma autônoma”, explicou Nilo Jorge Leão.

O especialista destaca que o avanço da cirurgia robótica deve continuar crescendo com a ampliação da tecnologia e a redução dos custos, tornando o acesso mais amplo para pacientes e profissionais de saúde em todo o país.

Em resumo, o robô, controlado remotamente pelo cirurgião, oferece:

  • Visão Ampliada e Tridimensional: Uma visão 15 vezes maior e em 3D, permitindo uma precisão sem precedentes.
  • Precisão Aprimorada: O sistema elimina o tremor natural das mãos do cirurgião, garantindo movimentos mais precisos e delicados.
  • Recuperação Acelerada: O tempo médio de internação hospitalar é inferior a 24 horas após a cirurgia.
  • Melhores Resultados Funcionais: A preservação de estruturas delicadas do corpo humano reduz significativamente os riscos.
  • A cirurgia robótica não se limita à urologia, sendo aplicável em diversas especialidades médicas, como Ginecologia: Tratamento de miomas uterinos e câncer de útero; Coloproctologia: Cirurgia de câncer de reto; Cirurgia Torácica: Remoção de tumores pulmonares; Urologia: Tratamento de câncer de próstata e Hiperplasia Prostática Benigna (HPB).

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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