
A Polícia Civil de Feira de Santana tem intensificado as ações contra facções criminosas e a ocupação territorial por meio de pichações em bairros da cidade. Em entrevista ao Acorda Cidade, o delegado Yves Correia, chefe da Diretoria Regional do Interior Leste (Dirpin), informou que já foram ultrapassadas mais de 620 prisões somente neste ano de 2025, número considerado histórico para o município.
A operação mais recente, denominada Muralha, também teve o objetivo de combater às pichações de facções criminosas em muros e prédios residenciais. Segundo o delegado, essas marcas representam uma tentativa de grupos de “delimitar territórios”, o que causa sensação de medo e insegurança entre os moradores.
“Essa delimitação de território é algo absurdo, que acontece não só aqui em Feira de Santana, como em diversas regiões do Brasil. Então isso daí de algum modo eles querem delimitar os locais de domínio deles ou então de possíveis invasões de grupos rivais”, explicou Yves Correia.
Ele destacou que apagar pichações das facções faz parte de ações implementadas para restaurar o sentimento de segurança na população.
“Porque não é o ideal que você tenha escolas, casas, condomínios residenciais com esse tipo de apologia a grupo criminoso, até porque aqui na Bahia a gente não permite esse tipo de situação. Estamos reforçando a nossa inteligência aqui em Feira de Santana, então a tendência é que você veja cada vez mais operações.”
Segundo ele, os bairros escolhidos inicialmente foram definidos com base em índices de crimes violentos letais intencionais (CVLI) e tráfico de drogas, mas a ação poderá se estender a outras regiões conforme novas denúncias.
“Essa operação Muralha já está surtindo um efeito extremo e não vai parar. A gente já está programando diversas outras. Inclusive, se as pessoas tiverem outras localidades que possam indicar para a polícia, pode mandar até para a produção no Acorda Cidade, que a gente já coloca também no circuito”, indicou.
Denúncias também podem ser realizadas através do 181.
Yves Correia reforçou ainda que a presença de pichações criminosas contribui para o medo e para a sensação de ausência do Estado, por isso é imprescindível remover a afronta dos criminosos.
“Dá sensação de medo, uma vez que se você chega num local que você tem diversas pichações de grupos criminosos, isso é péssimo para a localidade, porque fica parecendo que o Estado ali não está presente. Então precisamos não deixar que esses indivíduos delimitem território”, afirmou.
Com 13 anos de experiência como policial civil no Rio de Janeiro, o delegado fez um paralelo com o cenário do estado carioca, onde a ocupação territorial de facções tornou o acesso a comunidades ainda mais difícil.

“Desde a minha época que lá estive, já tínhamos uma grande dificuldade de acessar aquelas comunidades, justamente por conta dessa ocupação territorial que esses grupos criminosos fizeram. E se armaram cada vez mais e se armam cada vez mais. Então a gente precisa sim evoluir e progredir aqui sempre para que não deixemos chegar nesse estágio.”
Ele também revelou que traficantes e homicidas mortos recentemente na operação no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do estado, comandavam ações criminosas em Feira de Santana. Para o delegado, é importante a integração das forças de segurança para conter essa organização dos criminosos.
“Vários eram lideranças, inclusive, comandavam indivíduos aqui em Feira de Santana. Ou seja, perceba que há uma interestadualidade nessas situações hoje de crime, de tráfico. Então o cara lá do Rio, ele estava liderando e comandando, inclusive, mortes aqui, comandando o tráfico.”
“Trabalhar integrado, inclusive, com os outros órgãos estaduais também, para que a gente consiga avançar sempre nesse trabalho de inteligência e se articular para identificar essas lideranças que mesmo de fora do Estado seguem causando terror em quem vive na nossa Feira de Santana.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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