Trocar de carro continua sendo uma das decisões financeiras mais relevantes para o brasileiro. Em meio à desaceleração do mercado automotivo e à ascensão dos modelos híbridos e elétricos, o processo de escolha se tornou mais complexo. Hoje, fatores como custo de manutenção, consumo, depreciação e infraestrutura de abastecimento têm peso igual ou maior do que o preço de compra.
Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a projeção de crescimento das vendas de automóveis e comerciais leves em 2025 foi revisada para 2,6%, abaixo da expectativa inicial de 4,4%. O ajuste reflete um ritmo mais lento nas vendas, mesmo com a melhora das condições econômicas e da confiança do consumidor.
Por outro lado, o mercado de eletrificados avança rapidamente. Dados citados por portais especializados indicam que, em agosto de 2025, os veículos elétricos e híbridos já representaram cerca de 11,4% das vendas totais no país. Dentro desse grupo, os modelos 100% elétricos e híbridos plug-in responderam por mais de 7% dos emplacamentos. A mudança aponta para um movimento consistente de transição energética no setor automotivo brasileiro.
Outro fator relevante é o crescimento das montadoras chinesas no país, que se consolidaram como a quarta maior força do mercado. Segundo informações publicadas por veículos do setor, a expansão dessas marcas ocorre graças à oferta de modelos tecnológicos e com preços mais competitivos, o que intensifica a concorrência e acelera a popularização dos elétricos.
Esse cenário diversificado exige que o consumidor adote uma postura mais analítica ao considerar a troca de veículo. O preço de compra deixou de ser o principal fator de decisão. Hoje, o custo total de propriedade é o que determina se a escolha será financeiramente vantajosa.
Avaliar o custo total de propriedade
O custo total de propriedade engloba depreciação, consumo de combustível ou energia, seguro, impostos e manutenção. Um automóvel pode perder até 25% do valor de mercado no primeiro ano, dependendo da marca e do modelo. Veículos importados ou de baixa procura tendem a desvalorizar mais rapidamente.
Além disso, diferenças nas condições de seguro e revisões podem alterar significativamente o custo final. Um carro mais barato na compra pode se tornar mais oneroso a longo prazo. Já os elétricos, apesar do investimento inicial mais alto, oferecem custo operacional menor, especialmente em trajetos urbanos curtos, por conta da economia no abastecimento.
Financiamento e crédito
Grande parte das compras de automóveis no Brasil é feita por meio de financiamento. Nesse cenário, é essencial comparar taxas, prazos e encargos antes de fechar o negócio. Uma alternativa com custo menor é o empréstimo com garantia de veículo, modalidade em que o próprio bem é usado como garantia e permite juros mais baixos do que os de um crédito pessoal convencional.
Independentemente da forma de pagamento, especialistas recomendam que o valor das parcelas não ultrapasse 30% da renda mensal líquida e que o comprador considere o Custo Efetivo Total (CET), que inclui tarifas, seguros e impostos embutidos no financiamento.
Escolher o tipo de motorização
O perfil de uso deve orientar a escolha do tipo de motorização. Para quem circula em trajetos curtos e urbanos, os modelos elétricos e híbridos são opções mais econômicas e sustentáveis. Já motoristas que percorrem longas distâncias ou viajam com frequência ainda encontram nos motores a combustão maior autonomia e infraestrutura de abastecimento mais ampla.
Nos híbridos, é importante avaliar a durabilidade das baterias e o custo de substituição após o período de garantia. Em alguns estados, há ainda incentivos como descontos no IPVA e isenção de rodízio, o que pode tornar o investimento mais vantajoso.
Infraestrutura e manutenção
A infraestrutura de recarga é um dos principais pontos de atenção para quem considera um elétrico. Embora o número de eletropostos tenha crescido nos últimos anos, a cobertura ainda é concentrada nas capitais e principais rodovias. Para quem mora fora dos grandes centros, pode ser necessário instalar um carregador residencial, o que implica custos adicionais.
A manutenção também é um diferencial. Os carros elétricos têm menos peças móveis e dispensam trocas de óleo, o que reduz a frequência de revisões. No entanto, a assistência técnica especializada ainda é limitada em algumas regiões, o que pode elevar o custo de reparo.
Planejamento antes da troca
A decisão de trocar de carro deve considerar o momento econômico, o perfil de uso e o planejamento financeiro. Avaliar o custo total, o tipo de motorização e as opções de crédito disponíveis ajuda a evitar gastos desnecessários e escolhas impulsivas.
Com o avanço das novas tecnologias, a diversificação das marcas e a ampliação dos modelos eletrificados, o consumidor brasileiro tem hoje mais alternativas, e também mais responsabilidade na hora de decidir. Em um mercado em transformação, o melhor negócio é aquele que equilibra custo, necessidade e sustentabilidade.
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