
O Brasil vivenciou uma das mais significativas transformações no sistema de pagamentos das últimas três décadas. Em 1996, 3,3 bilhões de cheques foram compensados, enquanto em 2024, o número foi de 137,6 milhões, representando uma queda de 96% no período, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Paralelamente, até o final do primeiro semestre de 2025, foram realizadas cerca de 37 bilhões de transações via Pix, um crescimento de 27,6% em relação ao mesmo período de 2024. O número total de transações para o ano completo deve ser consideravelmente maior com essa tendência de crescimento.
Além disso, no auge do uso, o Pix chegou a registrar quase 290 milhões de operações em um único dia em setembro de 2025. Ou seja, o volume de transações Pix no Brasil em 2025 está na casa de dezenas de bilhões ao longo do ano, confirmando sua consolidação como principal meio de pagamento instantâneo no país.
“Podemos ver nessa linha histórica do tempo como o setor financeiro foi se transformando nas últimas décadas. Se antes o cheque representava status e confiança em uma transação, hoje o Pix reflete agilidade e inclusão financeira. A grande adesão da população mostra não apenas a praticidade da tecnologia, mas também como ela se tornou parte do cotidiano, desde pequenas compras no comércio até movimentações de grandes empresas”, destaca o CMO e diretor de negócios da Lina Open X, Murilo Rabusky.
Três décadas de evolução nos meios de pagamento
A transformação dos meios de pagamento no Brasil reflete mudanças tecnológicas e comportamentais profundas na sociedade. “Em três décadas, o país saiu de um modelo baseado principalmente em papel-moeda e cheques para se tornar referência mundial em pagamentos digitais instantâneos”, ressalta Rabusky.
Esta evolução aconteceu em quatro fases distintas, cada uma marcada por inovações tecnológicas e mudanças regulatórias que moldaram os hábitos de consumo dos brasileiros.
1995-2005: Era do cheque
Durante esta primeira década, o cheque reinava como principal meio de pagamento não presencial no Brasil. O país chegou ao pico de 3,3 bilhões de cheques compensados anualmente em 1996, quando era considerado sinônimo de modernidade e praticidade. Simultaneamente, os cartões de crédito e débito começaram a expandir-se no mercado, embora de maneira discreta, pavimentando o caminho para a revolução que estava a caminho.
2005-2015: Ascensão dos cartões
A segunda fase foi marcada pela popularização massiva dos cartões de débito e crédito, que passaram a competir diretamente com os cheques nas preferências dos consumidores. “O internet banking ganhou força significativa neste período, oferecendo aos brasileiros a primeira experiência robusta de serviços bancários digitais. No final desta década, o mobile banking começou a emergir, sinalizando uma nova era de conveniência e acessibilidade”, completa o especialista da Lina Open X.
2015-2020: Transição digital
Para Murilo, os cinco anos que antecederam o lançamento do PIX foram fundamentais para preparar o terreno da revolução dos pagamentos instantâneos. “As carteiras digitais se popularizaram entre os consumidores, enquanto o Banco Central trabalhava no desenvolvimento do sistema de pagamentos instantâneos. A pandemia de COVID-19 funcionou como um catalisador, acelerando dramaticamente a adoção de pagamentos digitais e criando o ambiente perfeito para a chegada do PIX”, explica.
2020-2025: Era do PIX
O lançamento do PIX em novembro de 2020 marcou o início da era atual dos pagamentos no Brasil. “Desde sua criação, o sistema de pagamentos instantâneos rapidamente ganhou popularidade e, em 2023, se consolidou como a transação mais utilizada do país. O PIX foi responsável por incluir 71,5 milhões de usuários no sistema financeiro, democratizando o acesso aos serviços bancários e estabelecendo o Brasil como referência mundial em inclusão financeira digital”, analisa o diretor de negócios da Lina Open X..
Mitos e verdades sobre a segurança do PIX
MITO 1: “O Pix é menos seguro que outros meios de pagamento.”
O Pix utiliza as mesmas tecnologias de criptografia que bancos tradicionais, com protocolos internacionais como ISO 20022 e certificação digital pela ICP-Brasil, garantindo o mesmo nível de proteção dos sistemas bancários já consolidados.
Rabusky alerta que o ponto de atenção está no comportamento do usuário: “O elo mais frágil do sistema não é o Pix, mas sim o fator humano. Golpes de engenharia social, como links falsos ou mensagens no WhatsApp, são os maiores riscos. Por isso, educação digital é tão importante quanto a tecnologia de segurança em si.”
MITO 2: “Dados pessoais ficam expostos nas transações PIX”
“Não, as chaves PIX (CPF, e-mail, telefone) são apenas identificadores. Os dados bancários permanecem criptografados no Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI)”, declara Murilo.
MITO 3: “É impossível recuperar dinheiro enviado por engano”
Existe o Mecanismo Especial de Devolução (MED) para contestações, além de protocolos de devolução automática em casos específicos.
MITO 4: “O PIX não tem limites de segurança”
Bancos estabelecem limites diários e noturnos, com possibilidade de redução pelo usuário através dos canais digitais.
Tecnologias de proteção em constante evolução
O ecossistema de pagamentos brasileiro incorpora constantemente novas camadas de segurança. Entre as principais tecnologias implementadas estão:
- Tokenização: Substituição de dados sensíveis por tokens únicos
- Biometria avançada: Reconhecimento facial, digital e comportamental
- Machine Learning: Detecção de padrões fraudulentos em tempo real
- Criptografia de ponta a ponta: Proteção integral das informações
- Autenticação multifator: Múltiplas camadas de verificação
“A evolução tecnológica dos sistemas de pagamento no Brasil acompanha padrões internacionais de segurança, com investimentos contínuos em inteligência artificial e análise comportamental para prevenir fraudes”, destaca Rabusky.
O futuro dos pagamentos digitais
Três décadas separam o país de um cenário em que o cheque era dominante até a realidade atual, em que o Pix dita tendências mundiais. Hoje, o Brasil é estudado como case global de inovação em pagamentos instantâneos, inspirando outros mercados.
O cenário aponta que a próxima década trará ainda mais inovações: do Pix Automático ao Real Digital, passando pela consolidação do Open Finance. “A trajetória de 30 anos prova que o Brasil não tem apenas adotado novas tecnologias, mas liderado essa agenda. O futuro dos pagamentos será cada vez mais integrado, ágil e confiável e a experiência brasileira já serve de modelo para o mundo”, finaliza Murilo Rabusky.
Lina Open X
A Lina nasceu com o objetivo de construir soluções tecnológicas para apoiar instituições financeiras e seguradoras brasileiras em todas as necessidades relacionadas ao ecossistema de compartilhamento de dados e serviços do Open Finance. A empresa, que começou seus trabalhos no Open Banking, já é líder no Open Insurance e se consolidou como um dos mais importantes provedores de Open Finance do mercado brasileiro, sendo o parceiro estratégico de importantes instituições como B3, RTM e TecBan. Saiba mais: https://linaopenx.com.br/
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