Müller Comandante do CPRL rebate críticas feitas por vereador sobre dados de redução dos assassinatos em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O fato de Feira de Santana ter passado os últimos sete dias sem registrar nenhum tipo de homicídio é uma marca que pode ser comemorada. Além do comportamento positivo da última semana, ao analisar o desempenho do mês de outubro, do dia 1º até o dia 12, é possível notar também uma redução de 90% nos números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). Foram 22 homicídios registrados nos primeiros doze dias de outubro do ano passado contra 2 homicídios registrado até agora.

Para o coronel da Polícia Militar (PM), Michel Müller, responsável pelo Comando de Policiamento Regional Leste (CPRL), a redução no número de homicídios em Feira de Santana não faz parte de um “momento isolado”, e sim é fruto de um trabalho constante e de cooperação mútua entre as forças de segurança pública do estado.

“Aquela 10ª colocação de Feira de Santana na lista das cidades que têm mais homicídios por grupo de 100 mil habitantes é muito incômoda para todos nós, é desconfortável para todos nós, e nós que somos profissionais sabemos da nossa responsabilidade. Entendemos que está existindo um esforço muito grande para a reversão desses números, inclusive do governo. Podemos sim comemorar e dizer que continuaremos lutando bravamente para que a população se dê conta de que Feira é uma boa cidade para viver, sim”, disse Müller.

Trabalho cooperativo e constante

O coronel fez questão de destacar que a queda nos indicadores de violência em Feira de Santana é um movimento constante. Müller lembrou que, ainda no primeiro semestre deste ano, os números indicavam uma redução expressiva na taxa de homicídios na cidade, tendência que reforça a convicção do comando de que as forças de segurança estão trabalhando da forma mais acertada.

“Essa decisão de lançar o policiamento orientado pela inteligência, tomando decisões cada vez mais acertadas, com medidas em alvos específicos tem trazido resultados. E não há dúvida de que deveremos permanecer nessa mesma direção, de continuar nesse policiamento cada vez mais fundamentado, com informações produzidas com muito cuidado, estudadas com muito cuidado, com o Disque-Denúncia funcionando muito bem. As pessoas têm participado e trazido informações relevantes para as polícias tomarem decisões e direcionarem o policiamento da melhor forma possível”, disse Müller.

Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Ações antes, durante e depois

O comandante do CPR-L afirmou, em entrevista ao Acorda Cidade, que a PM em Feira de Santana tem buscado se posicionar estrategicamente em locais que já se sabe que podem trazer algum tipo de desdobramento, estudando inclusive os eventos que vão acontecer no final de semana e aqueles que poderão, dentro de um contexto de análise de risco, trazer algum tipo de problema para a segurança pública.

“O direcionamento desses esforços para fazer frente a esses eventos tem o cuidado de fazer o chamado antes, durante e depois, de modo que a gente não tenha reprodução de fatos que possam sugerir violência, e havendo violência, sugerir o crime mais gravoso, que é o crime de homicídio. Nós temos o cuidado de lançar mão do nosso esforço operacional sempre observando o que a gente chama de contenção. Temos as informações, sabemos dos riscos que poderão ocorrer e produzimos o policiamento pensando exatamente nisso”, afirmou o coronel Müller.

Combate às drogas

Além das ações de prevenção, o coronel Müller chamou a atenção para o enfrentamento ao que ele considera como sendo um dos grandes desafios de todo o estado brasileiro: o crime organizado. O comandante lembrou que o cenário é muito desafiador, não só na Bahia, e que ações efetivas vêm sendo tomadas para combater essas organizações ilícitas.

“O grande desafio é enfrentar o crime organizado, que, diga-se de passagem, o maior negócio do crime organizado ainda é o narcotráfico. E nós precisamos aprimorar as ações que efetivamente impliquem na redução, primeiro, do consumo. As pessoas precisam buscar alternativas terapêuticas para se afastar desse mundo das drogas e nós criarmos, a exemplo do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência das Polícias Militares do Brasil, ações de Estado, ações de governo que impliquem na redução do consumo.”

Confiança nos dados

O comandante do CPRL afirmou que acredita fielmente que os dados mostram um comportamento de queda nos homicídios em Feira de Santana. Müller lembrou que os crimes são amplamente acompanhados pela própria imprensa feirense e por organizações ligadas à segurança pública do estado, característica que indica que o nível de confiança nos números está na casa dos 100%.

“Por vezes, na nossa estatística, é obrigada a alterar algo até um ano depois. Uma pessoa que foi vítima de uma ação violenta está internada e um ano depois morre, a gente volta lá no nosso registro e considera aquele fato criminoso como um homicídio dentro da nossa estatística”, disse Müller.

“Então, aqui na Bahia, os números são absolutamente verdadeiros. Não existe um vazio estatístico, de se colocar, como por exemplo, ‘morte a esclarecer’, tem o esclarecimento imediato. E isso não é que eu esteja me referindo a um estado específico, estou apenas afirmando que aqui na Bahia os dados são computados desta forma”, completou o comandante.

Reduções expressivas

O coronel Müller lembrou que a PM busca todos os dias gerar e manter a sensação de verdadeira segurança no povo baiano. O comandante lembrou que, assim que assumiu o cargo de subcomandante do CPR-L, em 2023, dois bairros se destacavam no número de homicídios, Conceição e Mangabeira, e a partir das ações acertadas juntamente com a Polícia Civil, os bairros possuem hoje uma das maiores taxas de redução.

“Só temos um distrito que não tem um número tão impactante mas há uma redução sistemática. A gente acredita que, com esse prolongamento no tempo, permanecendo esses indicadores de redução, aí sim vai chegar para as pessoas essa sensação confortável que nós desejamos: acreditar no aparelho policial, acreditar nas forças de segurança e se dar conta de que nós temos uma proposta de oferecer melhor condição de vida para as pessoas”, concluiu o comandante Müller.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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