Vivemos um tempo em que ouvir o outro parece exigir mais esforço do que nunca, e a convivência parece cada vez mais difícil. O ritmo acelerado das rotinas, o excesso de informações e o bombardeio de opiniões nas redes sociais têm reduzido nossa paciência e capacidade de escuta. E isso não é apenas impressão. De acordo com o relatório global “World Mental Health Day 2024“, divulgado pelo Instituto Ipsos em 2024, o Brasil é o quarto país mais estressado do mundo.

Por que estamos tão intolerantes? Para ajudar a responder essa pergunta complexa e atual, conversamos com a médica psiquiatra Luiza Soares para entender sobre as causas desse comportamento e as consequências para a humanidade.

Para a especialista, essa intolerância é consequência direta de um acúmulo de carga emocional e ao modo como a sociedade moderna lida com o tempo e as emoções. “A gente vive um mundo acelerado, uma sobrecarga emocional que diminui nossa capacidade de lidar com o outro. O diálogo deu lugar à reatividade emocional”, afirmou a psiquiatra ao Acorda Cidade.

Luiza Soares, médica psiquiatra. Foto: Paulo José / Acorda Cidade

Como consequência, segundo a especialista, essa aceleração constante tem enfraquecido a escuta e o diálogo, transformando facilmente qualquer divergência em embate. “É um ciclo que se perpetua: o conflito mal administrado gera tensão, ansiedade e novos conflitos”, afirma.