A proposta de suspensão da obrigatoriedade de aulas práticas em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) tem gerado diversas opiniões em Feira de Santana e em todo o Brasil. Diante da polêmica, o portal Acorda Cidade ouviu profissionais do setor para entender seus pontos de vista.
O coordenador da 3ª Circunscrição Estadual de Trânsito (Ciretran), Joelton Vieira, expressou preocupação com a proposta. Ele mencionou que a reprovação nos exames práticos é alta, mesmo com a expertise das autoescolas, e teme que o fim da obrigatoriedade faça com que alunos sejam entregues a instrutores autônomos, sem a estrutura e regulamentação adequadas.
Ele também mencionou a qualidade do serviço prestado pelas 39 autoescolas na região da terceira Ciretran, que abrange diversas cidades.
“A autoescola é uma empresa que gera emprego e que tem uma série de regras a seguir. Eles não fazem nada por vontade própria, é tudo imposta por portarias. Então, os veículos que são adaptados. E nós temos noção da qualidade do serviço prestado pelas autoescolas de Feira de Santana”, declarou.
Para o coordenador, a medida pretende baixar os valores das autoescolas, mas ressalta que esses valores são definidos por portaria e pelas etapas do processo da concessão da Carteira Nacional de Habilitação.
Joelton Vieira também questiona como seria a atuação de instrutores particulares e o papel regulador do Detran/Ciretran nesse cenário. Ele considera que a medida pode comprometer a formação de futuros motoristas.
Na oportunidade, opinou achar positivo um projeto do governo para dividir a carteira B em veículos automáticos e manuais.
O instrutor de trânsito Paulo Brás também se mostrou preocupado, afirmando que a proposta tende a regredir o trânsito, que já é violento e agressivo. Ele argumentou em entrevista ao Acorda Cidade que, assim como uma criança precisa de escola e professores para se tornar um profissional, o trânsito exige conhecimentos técnicos e práticos que as autoescolas proporcionam.
Paulo Brás também alertou para o impacto no desemprego de instrutores e no fechamento de autoescolas.
“isso apenas é uma consulta. Não é que não vai ser obrigado. Vai continuar tendo aulas teóricas e todo o processo. O que é que nós estamos observando? Que esta proposta tende a regredir o nosso trânsito. A gente está observando que essa proposta, não traz segurança para o trânsito. Além disso, são vários profissionais instrutores pais de família que precisam do seu seu trabalho. Então essa proposta, se aprovada, vai ter impacto no emprego de muitos profissionais e para os donos das autoescolas. Muitos sobrevivem disso. Vai ter um impacto muito grande. Mas a visão que a gente tem não é só questão da empresa, é questão do trânsito também, questão de segurança. Se um médico erra, ele pode matar uma pessoa, mas se um motorista de ônibus errar, ele mata várias pessoas. Esse profissional precisa de um instrutor técnico, alguém técnico que ensine bem e saiba o que está fazendo. Não é qualquer parente que vai ensinar”, declarou.
Já o proprietário de autoescola, Anderson Trindade minimizou o impacto da proposta, considerando que se trata apenas de uma consulta pública e que outras situações semelhantes já foram superadas. Ele ressaltou que a autoescola prepara os futuros condutores de forma teórica, técnica e prática para um trânsito caótico e violento.
Anderson Trindade afirmou que os alunos continuam frequentando as aulas normalmente e que, mesmo que a obrigatoriedade seja suspensa, as autoescolas continuarão sendo uma opção para quem busca uma formação completa.
“E em outros momentos já passamos por outras situações idênticas a essa e o que prevaleceu foi a educação para o trânsito, porque nós falamos de vida, nós falamos de educação para o trânsito. A autoescola prepara os futuros condutores para esse trânsito que a gente já vê, que é um trânsito caótico e violento. Nós preparamos de forma teórica, técnica e prática”, disse.
Com informações dos repórteres Ed Santos e Paulo José do Acorda Cidade
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