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Médico diz que vacina da gripe pode reduzir risco de infarto em até 40%

Segundo o Ministérios da Saúde, o infarto agudo do miocárdio, ou apenas infarto, é a doença cardiovascular que mais mata no Brasil.

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Cardiologista 4 sintomas perigosos que podem indicar problemas no coração
Foto: arte

A vacina da gripe pode reduzir em até 40% as chances de um idoso ter um infarto. A afirmação é fruto de um estudo divulgado na última edição do Congresso Brasileiro de Cardiologia. No evento, que aconteceu em São Paulo, também foi apresentado que uma pessoa acima de 60 anos tem 10 vezes mais risco de ter um ataque cardíaco quando está gripada.

O congresso reuniu cerca de 8 mil cardiologistas e, além de debater temas tradicionais como métodos de controle e presença do AVC (Acidente Vascular Cerebral), infarto e hipertensão, a reunião deu destaque à relação benéfica entre alguns tipos de vacina e a prevenção de doenças ou complicações ligadas ao coração.

O cardiologista André Almeida, que participou do congresso, fez uma avaliação positiva sobre o evento. Com exclusividade ao Acorda Cidade, o médico ressaltou que, para além de discutir causas, sintomas e tratamentos para doenças que acometem o coração, ficou claro o papel das vacinas como aliadas do órgão vital.

André Almeida, médico cardiologista
André Almeida, médico cardiologista | Foto: Daniela Cardoso / Acorda Cidade

“Se sabe que o infarto está associado a um grande processo inflamatório. O período da pandemia foi terrível, mas deixou muitas lições para a gente. Uma delas é que a Covid-19 é um intenso processo inflamatório e, por si só, aumenta muito o risco de o paciente ter um infarto ou uma trombose”, disse o médico.

“E esse entendimento também foi passado para a influenza. A gripe e a Covid são coisas diferentes, mas ainda assim é uma virose, o que traz um processo inflamatório. Quem está com uma gripe forte tem 10 vezes mais risco de ter um infarto e a vacina da gripe reduz em 40% o risco de ter infarto. A mesma coisa em relação à pneumonia”, complementou André.

Vírus sincicial respiratório

Segundo o cardiologista, outro ponto que foi debatido no congresso foi a capacidade que o vírus sincicial respiratório (VSR), que comumente infecta o sistema respiratório de crianças e recém-nascidos, tem de provocar processos gripais severos em adultos. Em alguns casos, no grupo de pessoas acima de 60 anos, o vírus pode levar o paciente à UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

“Se sabe hoje que esse vírus, quando acomete uma pessoa, aumenta em 20 vezes o risco de complicações do coração, como complicações cardiovasculares, infarto e AVC. Ele aumenta em 20 vezes as chances, uma coisa absurda. Mas se sabe também que a vacina para ele reduz em 80% o risco de hospitalização por doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca.”

“Então o recado é claro: à luz dos conhecimentos atuais, você não deve se vacinar para a influenza apenas para evitar ter a gripe. Você deve se vacinar também para diminuir o risco de ter um infarto. E, se você teve um infarto, obrigatoriamente tem que usar a vacina da gripe porque isso pode diminuir o risco de complicações no coração“, complementou o médico.

Vírus da catapora

Antes de concluir, o cardiologista ainda fez um alerta para a vacinação contra o vírus da herpes zóster, que é uma doença viral causada pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca a catapora.

“Todo mundo que lá atrás teve catapora, quando era criança ou adolescente, o vírus da catapora não vai embora, ele fica no organismo. Quando chega a uma certa idade, principalmente depois dos 50, existe uma queda da imunidade e esse vírus volta, e volta zangado. Só que ele não volta mais para dar catapora, ele volta para dar uma infecção nos nervos”, disse André.

“Geralmente acomete os nervos da face, região das costelas e nas costas. É muita dor e muito sofrimento. E, mais do que isso, ele aumenta em 30% o risco de complicações cardiovasculares, como o AVC. Essa é a notícia ruim. E qual é a notícia boa? A vacinação contra ele reduz o risco de demência em pessoas acima de 50. Portanto, a vacina para influenza, pneumonias, Covid e herpes zóster é muito fácil de encontrar no posto de saúde. Se vacine”, disse o médico.

Colesterol e açúcar

O cardiologista ainda aproveitou a oportunidade para explicar que, durante o congresso, foram definidas novas diretrizes para os níveis aceitáveis e seguros de colesterol no sangue. Almeida ainda foi bem didático ao explicar a perigosa associação entre o consumo de açúcar e a formação das placas de colesterol.

“A pessoa que teve um infarto ou AVC deve ter um controle mais rigoroso do que aquelas pessoas jovens que não tiveram nenhum desses eventos. Então, por exemplo, numa pessoa de 40, 45, 50 anos que nunca teve infarto ou AVC, o valor recomendado é um. Se ela já teve um infarto ou AVC, é outro”, disse.

“Quando você coloca adubo numa plantação, ele faz a produção crescer mais rápido, e o açúcar é o adubo da placa do colesterol. O açúcar aumenta a velocidade de crescimento da placa de gordura, o que representa sérios riscos para o ser humano”, finalizou o médico.

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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