Feira de Santana

Rui Costa prega cautela ao receber solicitações da Missão Brasília: “Precisamos transformar ideias em projetos”

O chefe da articulação política do governo Lula elogiou a iniciativa promovida por lideranças feirenses em torno da Missão Brasília.

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Foto: Dilton Coutinho/Acorda Cidade

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, recebeu na manhã desta quinta-feira (18) uma pasta com detalhamentos de ideias de projetos voltados para o desenvolvimento de Feira de Santana. A entrega aconteceu na esteira de eventos da Missão Brasília, comitiva formada por empresários e políticos locais que foram até a capital do país defender os interesses da Princesa do Sertão.

Foto: Fabiano Cerqueira

Em entrevista ao Acorda Cidade, o chefe da articulação política do governo Lula elogiou a iniciativa promovida por lideranças feirenses e reforçou que a Missão Brasília pode servir como um alerta para o surgimento da consciência comum de que a sociedade deve se apropriar de projetos voltados para as cidades.

“A gente tem péssima mania no Brasil de achar que quem tem que projetar a cidade são os governantes. A nossa cidade não pertence aos governantes, eles são administradores passageiros. Quem tem que se apropriar, opinar, debater, discutir é a sociedade. São os empresários, a imprensa, a comunidade. Eles tem que debater os grandes projetos para o presente e para o futuro da nossa cidade”, disse Costa.

“E aqui eu vi a sociedade de Feira de Santana representada por vários segmentos debatendo obras, ações estruturantes para projetar o futuro da cidade. Isso só merece nosso aplauso, nosso reconhecimento, para que a gente vá discutindo o que importa, colocando de lado diferenças religiosas, esportivas, políticas e pensando no lugar que a gente mora, na cidade que a gente vive, pensando no bem-estar de todos”, complementou o ministro.

Pés no chão

Rui Costa, que possui uma ampla experiência política, defendeu que todos os projetos são essenciais para o desenvolvimento de Feira de Santana. Porém, o ministro, que já foi governador da Bahia, pregou cautela no dimensionamento das propostas.

Rui Costa, ministro da Casa Civil | Foto: Dilton Coutinho / Acorda Cidade

“Nós precisamos transformar essas excelentes ideias em projetos. “O que faz [surgir] o dinheiro é o projeto’. Uma boa ideia é o início. Sem uma boa ideia também não tem projeto. Mas não basta ficar só na boa ideia, porque senão você fica eternamente contemplando uma boa ideia e não torna realidade nunca. O que torna uma boa ideia em realidade é projeto. E, a partir dessas boas ideias, nós precisamos materializar os projetos”, disse.

“Por exemplo, aqui foi apresentada a necessidade de um hospital de oncologia em Feira. Absolutamente necessário e pertinente essa ideia. Só que o valor previsto aqui, em torno de R$ 40 milhões, para fazer 224 leitos de oncologia, sala de cirurgia e tratamento, não é verdadeiro. Só um acelerador linear (equipamento utilizado para tratamento de câncer) custa quase R$ 10 milhões. Então, nós precisamos pegar uma boa ideia e caminhar para o projeto construtivo.”

Na expectativa

Juscelino Brito, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana (CDL), foi responsável por entregar a Rui Costa a pasta com as ideias de projetos. Ao Acorda Cidade, o empresário feirense reconheceu a cautela pregada pelo ministro, ainda mais levando em consideração cálculos para as próximas eleições, mas reforçou que continuará focado na missão.

Juscelino Brito, presidente da CDL | Foto: Dilton Coutinho / Acorda Cidade

“O deputado Zé Neto está muito atento a isso. Nós conversamos com o ministro, nós temos o entendimento de que essas pautas estão sendo trabalhadas e vai dar certo. A gente não pode perder a esperança. Feira de Santana está aqui mobilizada para trazer recursos. Nós não podemos ficar parados esperando acontecer. O que nós estamos fazendo aqui hoje, de novo, é histórico. Isso chama a atenção do Brasil e chama a atenção dos políticos daqui de Brasília”, disse Brito.

E o trem Feira x Salvador?

Ainda com um tom muito sereno, o ministro responsável por coordenar a articulação política do Palácio do Planalto respondeu ao ser questionado se não aprovaria a construção de uma linha de trem que ligasse duas das três cidades mais importantes do estado.

Rui deixou claro que não é contra a construção da linha de trem Feira de Santana x Salvador, mas ressaltou que, assim como em todas as outras ideias de projetos para Feira de Santana apresentadas pela Missão Brasília, preocupa-se com a viabilidade das pautas.

“O que eu estou dizendo é que nós precisamos dar viabilidade econômica e técnica. Porque não tem número de passageiros suficientes para pagar o investimento, nem mesmo o custeio. Se a gente não agregar outros serviços, não terá viabilidade. Então, na minha opinião, a viabilidade para essa ferrovia passa pelo uso compartilhado de passageiro e carga”, disse o ministro.

Foto: Dilton Coutinho / Acorda Cidade

E a Universidade Federal de Feira?

Por fim, o ministro explicou a atuação do governo frente à solicitação de apoio para a construção da Universidade Federal de Feira de Santana. Costa disse que o governo Lula assumiu o país com sérios problemas estruturais envolvendo as instituições de nível superior. Para ele, antes de pensar em novas universidades, é preciso concluir a infraestrutura das existentes.

“Curso de Medicina sem hospital, curso de Química sem laboratório, curso de Educação Física sem quadra, universidade sem auditório, universidade sem refeitório, funcionando precariamente. Então, entre manter várias universidades funcionando precariamente e anunciar novas, o presidente Lula, corretamente, priorizou neste mandato concluir a infraestrutura das universidades existentes e só em um novo mandato pensar na expansão de novas universidades”, finalizou Rui Costa.

Com informações do radialista Dilton Coutinho do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão

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