O sonho de ver ônibus elétricos circulando em Feira de Santana vai ter que esperar. Apesar dos testes terem mostrado resultados positivos, o projeto não avançará por enquanto. O motivo é o alto custo de aquisição do veículo, praticamente o dobro de um ônibus a diesel, somado à necessidade de uma estrutura de recarga (carregamento das baterias) que ainda não existe na cidade.
Mesmo sendo a segunda maior cidade do estado, a “Princesinha do Sertão”, também ainda enfrenta problemas básicos de mobilidade urbana, como buracos e crateras, mostrados frequentemente nos Flagrantes do WhatsApp do Acorda Cidade.
Tirando o cavalinho da chuva
Segundo o secretário de Mobilidade Urbana, Sérgio Carneiro, as concessionárias preferem comprar mais ônibus a diesel, do que um único elétrico, já que o preço é o dobro dos convencionais.
“O preço do ônibus elétrico é praticamente o dobro do ônibus a diesel. Então as operadoras e alguns governos que fazem aquisição direta preferem adquirir mais do que o elétrico. Esse alto custo efetivamente foi apontado como principal obstáculo”, destacou.
Além do valor, seria necessário estruturar pontos de recarga, o que amplia ainda mais o investimento por parte das concessionárias de ônibus. “Além do alto custo, tem a questão também da necessidade de infraestrutura para carregamento das baterias. Então você teria que ter toda uma infraestrutura de eletropostos que se somariam ao investimento da aquisição.”
Os testes em Feira de Santana fizeram parte de uma iniciativa do Fórum Baiano dos Secretários e Dirigentes Municipais de Mobilidade. A ação foi motivada após contato de fabricantes com o presidente do Fórum, Pablo Souza, Secretário de Mobilidade de Salvador.
“Ele foi contactado pelas empresas fabricantes, no intuito, obviamente, de mostrar o produto deles, eles pediram ao secretário que articulasse estes testes em algumas cidades, como Feira de Santana, Camaçari, Salvador, Jequié, Vitória da Conquista e Luís Eduardo Magalhães”, explicou.
O veículo foi recebido pela empresa São João e segundo o secretário, durante o período de circulação, agradou no desempenho. De fabricação chinesa, ele começou a circular em caráter experimental em agosto.
“É um veículo tão confortável quanto outros do mesmo padrão a diesel, ele é silencioso, tem suspensão a ar como outros também que nós temos rodando em Feira de Santana, ambientalmente polui menos e o que a gente pode verificar é que a bateria efetivamente tem um custo reduzido, mas ele precisa parar por quatro, cinco horas para a recarga”, confirmou ao Acorda Cidade.
Na avaliação do secretário, para que alternativas sustentáveis cheguem de fato às cidades, o secretário defende a necessidade de incentivos públicos. “Eu penso que o governo federal, que dá tantos incentivos à indústria automobilística, poderia se dirigir às prefeituras com algum tipo de incentivo, a começar pela criação do Fundo Nacional de Mobilidade Urbana.”
Sérgio reforçou que a mobilidade precisa ser encarada como prioridade no país, como são consideradas as áreas de segurança, saúde e educação. É preciso garantir o direito de ir e vir da população para que a sociedade possa alcançar todos os outros direitos garantidos em constituição. E para isso, é preciso que os governos criem incentivos que tornem os veículos sustentáveis mais acessíveis.
Enquanto os custos não caírem e os incentivos não chegarem, os ônibus elétricos devem continuar fora da realidade da cidade.
“Esperamos que os governos possam, todos eles, estabelecer algum tipo de incentivo que tornem esses ônibus elétricos mais baratos, com menos impostos, para que eles se tornem competitivos. Ou de outra forma, que a sua produção em escala e a sua saída, a sua venda, possa fazê-los se equiparar em preço ao ônibus a óleo diesel. Porque enquanto ele custar muito mais caro que o diesel, as pessoas vão preferir colocar, vão dar prioridade ao diesel.”
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Com informações do produtor interino do Acorda Cidade, Gabriel Gonçalves
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