Quase 200 homens recebem por dia o diagnóstico de câncer de próstata no Brasil: impacto vai além da saúde física

Receber o diagnóstico de câncer nunca é fácil para ninguém. No mês da campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, esse é um momento importante para reforçar que saúde, física e mental, caminham lado a lado na busca pela cura. Para os homens que ainda são cercados de receios e tabus, falar sobre câncer de próstata é essencial para prevenir a doença.

No Brasil, são registrados mais de 71 mil novos casos da doença por ano. Isso significa que, todos os dias, quase 200 homens recebem o diagnóstico. O dado preocupa porque muitos ainda descobrem a enfermidade já em estágio avançado, quando as chances de tratamento e cura são menores. Depois do câncer de pele, é a doença mais comum entre eles.

Nesta sexta-feira (12), data em que se comemora o Dia do Urologista, o Acorda Cidade conversou com o médico Eduardo Cerqueira, que trouxe detalhes importantes sobre a doença, mas também o quanto cuidar da saúde mental também faz parte na luta contra o câncer. Apesar de ser tradicionalmente lembrado durante o Novembro Azul, o urologista reforça que o tema deve ser debatido ao longo de todo o ano.

Eduardo explicou que o câncer de próstata é uma doença relativamente comum, relacionada à proliferação de células na próstata de forma desenfreada. Como a maioria dos cânceres, ele pode acarretar outros problemas ao paciente porque essas células não respeitam o limite do órgão e começam a invadir outras partes do corpo, causando lesões graves e podendo levar a óbito. 

Além da dimensão física, a doença também provoca abalos emocionais, levando pacientes diagnosticados a desenvolver problemas psicológicos. 

“Muitos pacientes com diagnóstico desenvolvem quadros de depressão; muitos quando recebem o diagnóstico de câncer de próstata, eles têm muito receio e têm uma resposta depressiva decorrente do medo de perder a capacidade de manter a sua atividade sexual. E isso impacta muito a sua qualidade de vida”.

Segundo o médico, a autoestima dos pacientes é uma das primeiras condições a serem afetadas, principalmente pela questão sexual, o medo de que as consequências da doença possam evoluir para uma disfunção erétil.  

“O homem, ele é geralmente o provedor da família, ele tem aquela posição de proteger sua família, de encarar os problemas e, quando é um problema que vai atingir justamente ele, muitas vezes ele se sente frágil no momento em que ele percebe que ele vai precisar do auxílio da família”.

Quais os sinais e sintomas?

Um dos grandes desafios é que, nos estágios iniciais, o câncer de próstata costuma ser silencioso. Por isso, a ida regular do paciente ao urologista e o diagnóstico precoce são fundamentais na prevenção da doença. É importante ir ao especialista pelo menos uma vez ao ano. 

 “Quando o câncer tem sintomas, geralmente você tem uma doença que já está disseminada”, afirmou Eduardo Cerqueira.

Entre os sinais já em fase avançada, o médico citou: dor óssea, sangramento na urina, obstrução urinária, trombose de membros inferiores e a trombose venosa, que também é uma das complicações do câncer. Mas todos esses sintomas tendem a surgir quando a doença já está disseminada. 

Impacto físico e mental do diagnóstico

O impacto do diagnóstico gera muitas dúvidas, medos e inseguranças, muitas vezes relacionadas ao tratamento e à pós recuperação. 

“Muitos pacientes têm receio da questão da cirurgia, como vai ser essa cirurgia e as consequências. Após os tratamentos de câncer de próstata, eles podem levar tanto à incontinência, que é a dificuldade de controlar a urina, o paciente ficar com a urina pingando, como à disfunção erétil, a dificuldade de ter ereção e manter uma relação sexual.”

Segundo o urologista, com os avanços da medicina, os pacientes têm alcançado melhores resultados. Por exemplo, a cirurgia robótica, que tem melhorado a continência urinária após o procedimento. 

“Temos tidos resultados realmente excepcionais nessa questão, com uma melhor recuperação da continência muito mais rápido e com resultados melhores, e com uma recuperação da ereção e da potência sexual realmente num grau bem mais importante, bem mais relevante do que o que se conseguia com a cirurgia aberta.”

Reforçar a saúde mental é essencial no tratamento

Para Eduardo, a adesão do paciente ao tratamento depende principalmente do quadro psicológico de cada um. Muitos podem apresentar, logo no início, sinais depressivos, de desesperança e, mesmo quando iniciam, podem se afastar dos cuidados. 

“Atrasam nas consultas, se recusam a fazer o tratamento, se recusam a fazer a cirurgia e acabam muitas vezes retornando já com a doença mais agressiva, mais avançada, com volume de doença maior que compromete de forma importante o resultado do tratamento. Quando identificamos que o paciente está com o quadro depressivo, a gente sempre busca o apoio de um psicólogo para se associar ao nosso tratamento para melhorar o resultado e que esse paciente não perca o segmento”, explicou ao Acorda Cidade. 

O urologista reforça que quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores as chances de recuperação. Quanto menor for o volume de doença, melhor o resultado dos tratamentos, independente do grau do tumor.

Entre as opções de tratamento estão: a cirurgia aberta convencional; a cirurgia robótica, considerada uma evolução cirúrgica para o câncer de próstata; tratamentos de radioterapia para aqueles casos que não são elegíveis para cirurgia. 

Existem também os tratamentos para doença avançada. Atualmente, entraram diversas tipos de medicamentos, segundo o médico, cada uma com um resultado melhor. “Hoje a gente consegue, inclusive, tratar cânceres disseminados no paciente com o controle da doença muito efetivo e com alívio importante dos sintomas.”

Para quem tiver interesse, pode acompanhar o urologista nas redes sociais através do @dr.eduardocerqueira ou pelo número do WhatsApp (75) 9 9152-1372. 

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