Feira de Santana

Médico baleado reencontra policiais da 67ª CIPM que prestaram socorro: “São heróis, saem de casa sem saber quando voltam”

O médico Daniel Braga foi baleado na região da nuca durante um assalto no distrito de Matinha. No domingo (7), ele recebeu alta.

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Médico baleado reencontra policiais da 67ª CIPM que prestaram socorro: “São heróis, saem de casa sem saber quando voltam”
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O reencontro entre o médico oftalmologista Daniel Braga e os policiais militares da 67ª Companhia Independente (CIPM), responsáveis por seu resgate após a tentativa de latrocínio sofrida na noite do último dia 30 de agosto, foi um momento de emoção, gratidão e testemunhos de fé. O encontro aconteceu nesta quarta-feira (10), na residência do médico, em Feira de Santana.

Daniel foi baleado na região da nuca durante um assalto no distrito de Matinha. No domingo (7), uma semana após o ocorrido, ele recebeu alta com homenagens de amigos e familiares. Como já foi mostrado pelo Acorda Cidade, para ele tudo foi “um grande milagre de Deus”.

Ao Acorda Cidade, o cabo PM Jacques, que está há quase 18 anos na corporação, contou em entrevista como foi a chegada dos policiais até o local. Eles estavam a caminho de uma pizzaria para buscar o jantar, quando foram acionados pelo Centro Integrado de Comunicação (Cicom).

Segundo o cabo, quando avistaram Daniel ele estava consciente e conversando. Até a chegada deles, ele ficou paralisado do pescoço para baixo por até 30 minutos. “Quando eu mantive o contato com ele, ele pediu socorro: ‘me tire daqui, me ajude’.”

Sem equipamentos adequados, a guarnição precisou agir rápido, sendo orientada e tranquilizada pelo próprio médico, que explicou como retirá-lo de dentro do veículo. Daniel já tinha perdido muito sangue e foi levado de imediato a um hospital particular.

“Ele falou: ‘eu sou médico, pode dar socorro’. Ele conversou, manteve a tranquilidade da guarnição, e aí a gente tomou a atitude: vamos preservar a vida dele. Foi quando eu carreguei ele nos braços, junto com o cidadão que estava lá também, pegou pelas pernas, e a gente colocou ele na viatura e o mais rápido que a gente podia deslocar, para não lesionar ele no deslocamento, a gente foi.”

Médico baleado reencontra policiais da 67ª CIPM que prestaram socorro: “São heróis, saem de casa sem saber quando voltam”
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Durante o trajeto, os policiais escolheram a rota mais rápida possível até o hospital, pela Avenida Ayrton Senna. Segundo o cabo, o momento exigiu improviso e decisão imediata, ações comuns no dia a dia de um PM, mas que ainda assim sempre são tomadas no calor do momento.

“A gente tem um treinamento básico de socorro, porém, a gente tem que tomar decisões em frações de segundos. Decidir entre a vida e a morte, se prestava socorro ou se não prestava. Seria melhor deixar ele lá ou levar de imediato para o hospital? Como ele nos tranquilizou, o mais rápido foi levar ele para o hospital, já que também havia uma equipe esperando por ele.”

Médico baleado reencontra policiais da 67ª CIPM que prestaram socorro: “São heróis, saem de casa sem saber quando voltam”
Cabo PM Jacques | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Cabo Jacques relembrou o turbilhão de emoções que passou na sua cabeça no momento em que se deslocava até o hospital para socorrer um cidadão vítima da criminalidade em Feira de Santana.

“Se ele poderia morrer ou não ali? Então a gente vê a situação, um cidadão de bem, um inocente, sendo vítima de um marginal que não tem apreço nenhum pela vida. E a gente vê essa situação, a gente se põe no lugar. Podia ser comigo, podia ser com qualquer outro pai de família, um trabalhador. Então, a primeira coisa é falar: ‘vamos salvar o cara, velho. Tem que salvar, tem que tirar ele daquela situação pra não deixar que o mal vença’. Eu estou feliz que ele sobreviveu”, declarou o PM ao Acorda Cidade.

A gratidão de quem sobreviveu

Daniel Braga também conversou com o Acorda Cidade. Na oportunidade, ele agradeceu aos policiais, à equipe médica, à família e a todas as pessoas que torceram por sua recuperação. Sentindo muitas dores, o médico contou que todos os dias tem chorado, seja de dor, pois ainda está em reabilitação e passando pela fisioterapia, mas também de alívio pela oportunidade de construir uma nova história.

“Eu acho que é um momento de crescimento, evolução em ambas as vertentes, tanto pessoal, quanto profissional, quanto espiritual também.” Em nenhum momento ele esmoreceu, nem sentiu medo de não sobreviver. “Até porque acho que isso foi um presente de Deus, eu não perdi a consciência. Medo eu não senti hora nenhuma, pelo contrário, como eu estava sozinho, eu e Deus, na hora eu não tinha momento pra pensar em coisa ruim.”

Médico baleado reencontra policiais da 67ª CIPM que prestaram socorro: “São heróis, saem de casa sem saber quando voltam”
Médico Daniel Braga | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ele disse que, quando avistou os policiais, a emoção e a gratidão foram grandes.

“São heróis, realmente. A Polícia Militar temos que agradecer muito, é uma corporação invejável do ponto de vista de honra, de caráter e determinação, porque esse pessoal sai de casa sem saber se volta ou quando volta.”

O médico ainda disse que sua percepção sobre a polícia mudou ainda mais. A violência presente no cotidiano das pessoas tem feito milhões de vítimas no país, mas acreditar que existem mais pessoas boas do que más é fundamental para seguir em frente.

“Mas a gente tem que pensar que o mundo é preenchido e repleto por pessoas boas, pessoas de bem, de caráter. E é isso que move o mundo.”

Antes de finalizar com o Acorda Cidade, Daniel ainda fez uma reflexão sobre o que poderia tirar desse momento para a sua vida. “É que a vida não pertence à gente. A nossa vida pertence a Deus. Então a gente tem que só esperar o que Deus tem pra gente, encontrar esse propósito e seguir.”

O comandante da 67ª CIPM, major Reis, também esteve presente no reencontro. Orgulhoso do trabalho dos policiais, para ele foi gratificante reencontrar Daniel em plena recuperação.

Médico baleado reencontra policiais da 67ª CIPM que prestaram socorro: “São heróis, saem de casa sem saber quando voltam”
Major Reis | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O que algo parecia impossível, Deus se fez presente e acabou colocando anjos aqui na terra, anjos com farda e anjos com jaleco. A atuação deles foi primorosa, tiveram pouco tempo para decidir. Ele mesmo quem conduziu aquele processo de estabilização, de retirada de dentro do carro, de colocação dentro da nossa viatura. E todos esses ingredientes foram importantes para o sucesso da nossa operação”, afirmou o major.

Acompanhe a entrevista completa no vídeo abaixo:

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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