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Ator que foi preso por engano perdeu 7kg na cadeia, diz amigo
Vinícius ainda não decidiu se vai pedir à Justiça indenização pelos dias que passou na prisão.
Acorda Cidade
Ao ser libertado do presídio onde permaneceu durante 16 dias por ter sido apontado como autor de um roubo, o psicólogo Vinícius Romão, de 26 anos, que mora no Méier (zona norte do Rio de Janeiro) afirmou que perdoa a autora da acusação que o levou à cadeia “Eu não guardo rancor. Ela estava nervosa e infelizmente me confundiu.” Questionado sobre o que pretende dizer à mulher quando se encontrarem, ele foi enfático: “Ela é que tem de dizer algo a mim”, mas completou: “Eu vou dizer que a desculpo”.
Durante os dias que ficou preso, Vinícius perdeu 7 quilos. Paulo Brito, amigo do ator, diz que ele costuma fazer exercícios, mas perdeu massa muscular durante o tempo que ficou detido. "Ele se alimentava do que era servido na cadeia. Mas o que realmente o fez perder peso também foi o fato dele não conseguir receber o pai. Ele só tinha contato com o advogado. O pai dele precisou fazer uma carteirinha especial para poder visitá-lo", disse ao Ego Paulo Brito.
Vinícius contou que ao ser preso, na noite de 10 de fevereiro, na 25ª DP (Engenho Novo), pediu para fazer ligações telefônicas para seu pai e uma ex-namorada, mas não foi autorizado. “Só pude avisar meu pai no dia seguinte”. Ele disse ter se integrado com os 15 detentos com quem dividiu a cela no presídio Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, mas criticou as condições da penitenciária e afirmou que há outras pessoas presas injustamente. “Dormia no chão, sobre um papelão. E tem muitos Vinícius lá dentro, muitas pessoas que cometeram crimes banais e estão sem banho de sol, sem contato com a família”.
Vinícius ainda não decidiu se vai pedir à Justiça indenização pelos dias que passou na prisão. “Vou conversar com meu advogado.” Formado em Psicologia e interessado em artes cênicas (participou, como figurante, da novela “Lado a Lado”, da TV Globo, e já participou de peças teatrais), Vinícius trabalha como vendedor em uma unidade da loja de roupas Toulon no Norte Shopping, no Cachambi (zona norte), e mora sozinho no Méier, a duas quadras do apartamento de seu pai, o tenente-coronel da reserva do Exército Jair Romão de Souza.
A mãe de Vinícius morreu em 2008. Na noite de 10 de fevereiro, Vinícius estava voltando para casa quando foi abordado pelo policial civil Waldemiro Antunes de Freitas Junior, da 11ª DP (Rocinha), que lhe apontou uma arma. A copeira Dalva Moreira da Costa havia tido a bolsa roubada e pediu ajuda ao policial, que passava ocasionalmente pelo local. Após descrever o ladrão como negro com cabelo estilo black power e camiseta preta, os dois avistaram Vinícius, que tinha essas características, e o policial o deteve. A conduta do agente está sendo investigada pela Corregedoria da Polícia Civil.
“Eu falei: vocês estão pegando o cara errado e a mulher entendeu que eu havia entregue a bolsa a um comparsa. Em depoimento na 25ª DP, Dalva afirmou ter reconhecido Vinícius, preso em flagrante. “Na hora não pude falar com ninguém. Passei a primeira noite na delegacia, e no dia seguinte fui levado ao presídio”, contou. “Perguntaram de que facção (criminosa) eu era e respondi 'neutro'. Me puseram numa cela onde a maioria era traficante ou acusado pela (lei) Maria da Penha (que pune agressões a mulheres)”, contou. “Senti medo, não do pessoal da minha cela, com quem convivi muito bem, mas de haver confronto entre grupos e eu acabar envolvido.” Amigos denunciaram o caso pela internet, gerando repercussão. A copeira voltou à delegacia e admitiu que pode ter confundido o autor do crime.
O advogado Rubens de Abreu pediu liberdade provisória a Vinícius, alegando que ele tem emprego e residência fixa, e o pedido foi atendido pela Justiça na terça-feira, 25. Um oficial de justiça levou o alvará de soltura ao presídio nesta quarta-feira e, às 13h42, Vinícius foi libertado. “A lição que fica é que a gente deve aproveitar cada minuto da vida, porque nunca sabe quando vai mudar. Tenho que agradecer aos meus amigos e à imprensa. Não fosse essa mobilização, eu ficaria lá”. Vinícius lamentou ter tido o cabelo rapado, como é de praxe ao entrar no presídio. “Era minha maior característica”. Ele também questionou a possibilidade de um criminoso se recuperar na prisão. “A ideia é a pessoa sair melhor do que entrou (na cadeia), mas faltam recursos. Não tinha nem uma caneta nem atividades que ocupem os presos”. As informações são do Correio.
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