Decisões são tomadas com mais estratégias por mulheres, diz estudo. Foto: Reprodução.
Por décadas, as mulheres foram rotuladas como biologicamente mais avessas ao risco do que os homens. Mas essa narrativa está sendo desafiada por um levantamento de estudos recentes conduzido pela empresa de pesquisas comportamentais VIP Grinders em colaboração com a terapeuta clínica Niloufar Esmaeilpour, fundadora da Lotus Therapy. O trabalho mostra que elas não têm menos coragem que homens, têm mais estratégia.
A percepção popular de que o risco é algo “masculino” se baseia em estudos com recortes estreitos, muitas vezes enviesados por uma ótica masculina. “Se perguntarmos quem andaria de moto sem capacete, os homens são maioria. Mas se a atividade for ginástica acrobática ou hipismo – que também oferecem riscos físicos – as mulheres lideram”, explica Thekla Morgenroth, professora de psicologia da Universidade Purdue.
Além disso, decisões de alto risco pessoal, como empreender enquanto se cuida de uma família ou realizar uma cirurgia estética, raramente são consideradas nas pesquisas tradicionais, mesmo envolvendo riscos financeiros, sociais e emocionais relevantes.
Um recente estudo da universidade Harvard, o MIT e Wharton School da Universidade da Pensilvânia comprovaram o viés de gênero em situações críticas: um pitch de negócios tem mais que o dobro de chance de conseguir financiamento se for apresentado por um homem, mesmo com conteúdo idêntico ao de uma mulher.
Dados revelam que mulheres assumem riscos, só que de forma mais estratégica
Uma pesquisa de 2022 publicada na Psychology of Women Quarterly mostra que não há diferenças significativas entre homens e mulheres em termos de risco no trabalho. Outro estudo, da Journal of Business Research, apontou que as executivas são mais propensas a investir em projetos de longo prazo, como grandes pesquisas ou novas tecnologias, decisões que envolvem grandes incertezas, alto custo e retorno futuro.
No universo das apostas esportivas, por exemplo, mulheres obtiveram um ROI médio de quase 20%, enquanto os homens tiveram perdas médias de 5%. Um resultado que só reforça a tese: elas não se arriscam menos, só jogam melhor.
Niloufar Esmaeilpour, que atende executivas, fundadoras e líderes corporativas, observa esse padrão na prática: “As mulheres com quem trabalho tomam grandes decisões todos os dias. Mas elas costumam pensar além do resultado financeiro: como isso vai afetar minha equipe? A cultura da empresa? O impacto ético?”, diz. “É um risco pensado, estruturado, com múltiplas variáveis.”
A estrutura também influencia o comportamento de risco
Segundo uma análise da Harvard Business Review, mulheres em cargos de liderança são mais punidas quando erram. Isso faz com que muitas decisões consideradas “cautelosas” na verdade sejam apenas mais conscientes das consequências. Não se trata de medo, mas de cálculo diante de expectativas desiguais.
Telma Casaca, especialista da VIP Grinders, reforça: “Por muito tempo, nos disseram que mulheres não gostam de se arriscar. Mas o que vemos, na prática e nos dados, é que elas são extremamente estratégicas. Sabem que não podem errar tanto quanto os homens e, por isso, pesam cada variável antes de dar o salto.”
8 mulheres que redefiniram o que é ousar
A equipe também reuniu oito histórias inspiradoras de mulheres que transformaram seus setores ao assumir riscos calculados:
- Oprah Winfrey – Criou sua própria produtora e se tornou a primeira bilionária negra do entretenimento.
- Whitney Wolfe Herd – Saiu do Tinder e fundou o Bumble, um app que coloca as mulheres no controle.
- Sheryl Sandberg – Deixou o Google para apostar no então iniciante Facebook e ajudou a expandir globalmente.
- Denise Coates – Hipotecou o negócio da família para criar a Bet365, hoje líder global em apostas online.
- Ronda Rousey – Convenceu o UFC a abrir espaço para o MMA feminino e se tornou um fenômeno.
- Melanie Perkins – Fundadora do Canva, ouviu mais de 100 “nãos” antes de transformar o design digital.
- Serena Williams – Assumiu riscos dentro e fora das quadras, do empreendedorismo à maternidade.
- Malala Yousafzai – Enfrentou o Talibã para defender a educação de meninas e venceu o Nobel da Paz.
Sobre a VIP Grinders
Fundada em 2011, a VIP Grinders é uma das maiores plataformas internacionais de dados, análises e acompanhamento de performance para jogadores e entusiastas do mundo todo. A empresa tem investido em pesquisas sobre comportamento, tomada de decisão e performance estratégica, com foco especial em gênero, vieses e mudanças culturais nas novas gerações. Seus estudos já foram mencionados por veículos como The Guardian, The Telegraph e New York Post.
Confira o levantamento completo com link para todos os estudos aqui.
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