Brincadeiras de criança

Crianças de hoje: o que mudou no jeito de brincar?

É possível aprender novas brincadeiras, conhecer novos brinquedos e até mesmo novos personagens, mesmo que os antigos não sumam da tela.

Foto: Giselleflissak  / iStock
Foto: Giselleflissak / iStock

Se antigamente as brincadeiras de criança aconteciam nas ruas, com brinquedos tradicionais e personagens, hoje em dia o cenário é diferente. Embora a presença de personagens, alguns até mesmo daquela época, ainda esteja presente, as brincadeiras se aplicam de um jeito diferente. Seja da Barbie até personagens de desenhos animados atemporais.

Impossível negar que a tecnologia não tenha impactado. Pelo contrário, muitos destes personagens surgem até mesmo em ambientes digitais. Mesmo que algumas mães evitem “tempo de tela” aos pequenos, é difícil negar que não há influência. 

Como a tecnologia influencia o comportamento das crianças nas brincadeiras?

Isso é mostrado até mesmo de forma científica, com dados e pesquisas. Por exemplo, um estudo feito pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, mostrou que a internet, o uso de smartphones e tablets a essa exposição tem moldado brincadeiras infantis nas mais variadas faixas de idade.

Os efeitos são os mais variados. Seja na repetição de comportamentos com conteúdos que crianças e pré-adolescentes consomem, como determinados influenciadores ou youtubers, até uma limitação de criatividade, que conversa justamente com isso.

Hoje, uma das brincadeiras mais procuradas por crianças tem a ver com jogos onlines e digitais, o que também abre uma cautela para uma exposição, uma vez que muitos deles propõem diálogos e interações com pessoas desconhecidas. Isso pede ainda mais cuidado dos pais e uma imposição de limites e regras.

A pesquisa também mostra como o “brincar virou híbrido”. Isso é, uma moeda de dois lados. A parte dos danos e da parte negativa que essa exposição à tecnologia e às telas pode trazer, é possível adaptar e usufruir o lado bom da tecnologia nas brincadeiras das crianças, tendo em vista que separar totalmente se tornou algo praticamente impossível, principalmente entre crianças em fase escolar ou que interagem com colegas da mesma idade.

É possível aprender novas brincadeiras, conhecer novos brinquedos e até mesmo novos personagens, mesmo que os antigos não sumam da tela. Mas mesmo com o surgimento de novos personagens, alguns que sempre estão em alta permanecem, como a Barbie. A boneca mais famosa do mundo segue sendo referência entre as crianças, agora adaptada em novos moldes — por exemplo, um dos filmes mais recentes que envolvem a boneca passa em um universo de videogames. Além disso, as próprias bonecas acompanham uma tecnologia que não era vista há anos atrás.

Isso acontece com outros personagens. Da Disney, por exemplo, começaram a ser adaptados pensando na tecnologia e na atualidade.

Além disso, existe um novo fenômeno: crianças influenciadoras. Seja no Youtube ou Tiktok, as crianças deixaram de consumir conteúdo, mas passaram a criar — algo que para muitas é considerado uma brincadeira, mas sempre pede uma supervisão e um cuidado redobrado dos responsáveis, tendo em vista a falta de limites na internet e a exposição que isso causa. Mesmo que a tecnologia e a internet possam ser utilizadas para bens educativos e até mesmo como uma forma de integração, o vício em telas deve ser evitado.

Se isso acontece com adultos, com criança não fica muito diferente. É preciso estimular o convívio social, brincadeiras em grupo e contato com a natureza, principalmente quando se tratam de crianças mais novas e que ainda estão em fase de adaptação.

Como dito anteriormente, não é fácil sair completamente da infância “digital”, mas o equilíbrio é tudo. Tendo em vista que as gerações estão cada vez mais conectadas, e isso desde muito cedo, saber adaptar e medir tempo é ideal.

Para isso, adultos responsáveis devem seguir como mediadores, seja acompanhando as brincadeiras, os acessos e ao que a criança se expõe ou que é exposta. Mudanças de comportamentos, como falta de atenção ou comportamentos mais violentos ou retraídos, devem ser investigados também.

O desafio da contemporaneidade será esse. Mas se compreendido com atenção, mesmo que os velhos tempos tragam uma certa nostalgia, esse novo jeito de brincar e essa nova infância pode ser aproveitada e marcar a vida das crianças. Vale destacar que uma criança feliz e criativa se torna, por consequência, um adulto feliz e criativo.

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