Reflexão

Apae realiza Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Múltipla e Intelectual entre os dias 21 e 28 de agosto

A abertura das atividades na Apae em Feira de Santana será com uma caminhada que pretende reunir mais de mil pessoas.

Apae
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Múltipla e Intelectual será realizada entre os dias 21 e 28 deste mês de agosto. O evento, realizado em todas as unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de todo o Brasil, tem o objetivo de mobilizar a sociedade para refletir, dialogar e agir pelo enfrentamento do capacitismo e pela remoção de barreiras que ainda excluem as pessoas com deficiência.

Durante a edição do programa Acorda Cidade, Mary Portugal, diretora da unidade da Apae em Feira de Santana, e Cláudio Rios, responsável pela captação de recursos da unidade, falaram da importância do evento, que é realizado de forma conjunta com as mais de 2 mil associações espalhadas em todo o território nacional.

Mary Portugal, diretora da Apae em Feira de Santana | Foto: Iasmim Santos / Acorda Cidade

“O objetivo deste evento, além de demonstrar todo o nosso trabalho, é mostrar para a comunidade todo o trabalho oferecido pela Apae, principalmente na tentativa de trazer o protagonismo das pessoas com deficiência. Este ano, nós temos como tema: Deficiência não define, oportunidade transforma, inclua nossa voz’. Vai ser um momento em que vamos estar, de fato, dando esse protagonismo e mostrando a voz deles”, disse Portugal.

Programação da Semana

A abertura oficial das atividades da semana nacional da Apae em Feira de Santana será em uma quinta-feira, dia 21 de agosto, com uma caminhada que pretende reunir mais de mil pessoas, entre assistidos e familiares, saindo da sede da instituição em direção à Praça Bernardino Bahia.

Durante o percurso, devem acontecer momentos de paradas para reivindicações e apresentações culturais como peças teatrais. Durante o evento, também será realizada a tradicional “feirinha”, com exposição e venda de produtos confeccionados nas oficinas da Apae, como artesanato, pintura especial e arte em madeira.

Ao longo da semana, haverá debates e seminários em espaços como a Escola Georgina Erisman, com destaque para temas como inclusão no mercado de trabalho, protagonismo dos assistidos e desafios enfrentados pelas famílias. No dia 28, a Apae participará de um movimento estadual na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), em Salvador, reforçando a luta por visibilidade e políticas públicas.

Trabalho Coletivo

Referência no atendimento a pessoas com deficiência, a Apae oferece serviços nas áreas de educação, saúde e assistência social, atendendo mais de 5 mil pessoas com uma equipe de cerca de 200 profissionais. Em Feira de Santana, a entidade conta com um Centro Especializado em Reabilitação, com atendimento multidisciplinar e fornecimento de órteses, próteses, cadeiras de rodas e bolsas de ostomia. Recentemente a unidade inaugurou a primeira oficina ortopédica do interior da Bahia, ampliando a capacidade de atendimento da região.

Segundo a diretora, as associações são responsáveis por realizar atendimento e prestar assistência a mais de 2 milhões de pessoas em todo o país, e somente a unidade de Feira de Santana realiza atendimentos com abrangência em 47 municípios da região através do Sistema Único de Saúde (SUS). Um número que é muito expressivo, mas que se torna ainda mais desafiador com poucos investimentos.

Cláudio Rios, captador de recursos da Apae em Feira de Santana | Foto: Iasmim Santos / Acorda Cidade

“A maior dificuldade para manter as atividades da instituição, é realmente a necessidade de uma diversificação de fontes de receitas. Para a gente não ficar dependente de apenas uma receita, por exemplo, parcerias públicas, como convênios, e acabar tendo algum problema como mudança de gestão, atraso no repasse, como já ocorreu, e isso impactar diretamente nos nossos serviços”, disse Claudio.

O responsável pela captação de recursos da Apae em Feira de Santana complementou. “A gente tem recursos nas três esferas: municipal, estadual e federal. Municipal, através de convênios, parcerias, chamamentos públicos; estadual, também com algumas parcerias que são feitas com algumas secretarias, por intermediação da Federação Estadual das Apae’s”.

Reforço gigantesco

A unidade da Apae de Feira de Santana atua hoje como um Centro de Atendimento Educacional Especializado (CaEE), oferecendo suporte pedagógico para crianças e jovens com deficiência que estão inseridos na rede regular de ensino. Após mudanças na legislação de 2019, instituições como a associação deixaram de funcionar como escolas especiais e passaram a atuar no contraturno escolar, o que pode ser conhecido como “reforço escolar”, reforçando o processo de inclusão.

Porém, Mary explicou que na prática, no entanto, muitos estudantes permanecem diariamente na Apae devido à falta de estrutura adequada nas escolas públicas e à necessidade das famílias de conciliarem a rotina com o cuidado dos filhos. Comportamento que dificulta a evolução escolar dos assistidos.

“No papel isso não dá certo e a gente observa as reclamações que não dá certo. [Na prática a educação especial e inclusiva que é colocada em lei não existe]. A gente pode afirmar isso. Há faltas de profissionais especializados. A gente entende o lado do profissional também, que recebe uma clientela que eles não têm nenhuma habilidade. Às vezes um curso de um final de semana. Às vezes um curso de 20 horas, não é assim. Isso precisaria vir de uma formação mesmo” concluiu a diretora.

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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