Berimbau

Conceição do Jacuípe recebe Iº Encontro Literário Café com Palavras

O evento reuniu diversos escritores locais, artistas, professores, alunos, autoridades e admiradores da arte de ler.

Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade
Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

No último final de semana, Conceição do Jacuípe provou que, além de ser dona de uma das mais tradicionais festas de São João da Bahia, tem grande potencial para ser reconhecida também como a terra da literatura. O 1º Encontro Literário Café com Palavras, Uma Dose de Literatura, reuniu diversos escritores locais, artistas, professores, alunos, autoridades e admiradores da arte de ler.

Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

O evento, que foi realizado no sábado (26) em um restaurante da cidade conhecida como Berimbau, contou com declamação de poemas, apresentações musicais, rodas de conversa e encenações teatrais. Ao Acorda Cidade, o idealizador do encontro, o professor e escritor José Ilton Gomes contou que a ideia surgiu após ele observar que o município é um dos poucos da região que não possui uma feira literária.

José Ilton Gomes, escritor e professor
José Ilton Gomes, escritor e professor | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“Eu acredito que Conceição do Jacuípe tem potência, mas, para isso acontecer, é preciso que todos nós, professores, alunos, escritores e comunidade, se una para trazer a nossa feira literária. Precisamos fazer esse ciclo de literatura para que a gente consiga trazer mais pessoas. Precisamos afastar os jovens dos maus caminhos e, para que isso aconteça, é necessária uma transformação que só vem através da leitura”, disse o escritor dos livros “A cada vibrato um poema” e “Se eu fechar os meus olhos”.

A professora Adriana Reis, que é especialista em metodologia e prática do ensino de língua portuguesa e mestre em estudos linguísticos e análise do discurso, fez uma leitura dramatizada de um texto da escritora Conceição Evaristo durante o encontro literário. A professora concordou com o colega ao afirmar que também acredita que o evento pode ser considerado um embrião para a feira literária de Conceição do Jacuípe.

Adriana Reis, professora | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“Conceição do Jacuípe precisa urgentemente de uma feira literária. Todas as cidades da região já têm e eu acho que o desenvolvimento comercial, o desenvolvimento intelectual da cidade precisa ser comemorado através de um evento literário. Ler é uma das coisas mais importantes que a pessoa pode fazer para poder ser e estar no mundo. Com a leitura, a gente descobre o que o mundo é para que a gente possa descobrir a nós mesmos”, disse a professora.

Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“A leitura precisa ser fomentada, precisa ser instigada. A gente quer que mais alunos e jovens venham para esses encontros para que a gente possa pensar num mundo melhor, porque a leitura faz da gente uma pessoa melhor. Berimbau precisa fomentar mais a cultura, que tem sido muito negligenciada, pelo menos a cultura mais formal. O que a gente vê de popular são manifestações que, muitas vezes, são frutos de outras culturas e a nossa própria cultura vai sendo jogada em segundo plano. E a nossa cultura tem leitura, tem escritor, tem gente boa. Então a gente precisa incentivar isso”, complementou a professora Adriana Reis.

Iranildo Alves, secretário de Educação do município de Teodoro Sampaio | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“Esse evento é de uma grandeza incomparável. A organização está de parabéns. Eu queria dizer que façam um evento desses com o público do Ensino Médio, com o público do Ensino Fundamental 2, para eles terem conhecimento do que foi produzido aqui hoje, um produto de muita qualidade e que foi um momento de aprendizado também”, disse o professor Iranildo Alves, secretário de Educação do município de Teodoro Sampaio.

Ler é viver

Jacira Santos, bibliotecária | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

O evento também contou com a participação de Jacira Santos, uma experiente bibliotecária, que fez a leitura de um poema presente no livro “Mulher Poesia”, obra que foi sorteada após a leitura para uma pessoa da plateia. Ao Acorda Cidade, a profissional afirmou que o encontro é um marco para a cidade, pois se propõe a inventar a arte de ler.

Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“Esse evento foi de grande importância, até porque essa proposta de trazer um café literário faz com que a gente pense na possibilidade de outros encontros que venham promover a cultura local, incentivar a leitura e estar sempre promovendo a escrita, não só trazendo os escritores, mas também trazendo os jovens que trazem essa escrita à tona nesses encontros”, disse Jacira.

Viliano Poeta | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“Como eu falei no início, foi um pontapé. Foi boa a ideia, porque foi um pontapé para que a gente consiga movimentar essa parte literária. Além de nós que estamos aqui, dos que vieram hoje, tem outras pessoas que não vieram. Toda plantação, primeiro você aduba a terra, planta para depois colher. Aqui foi o plantar, então futuramente nós vamos colher os frutos desse evento”, disse o escritor Viliano Poeta.

A leitura é uma arte

Quem esteve presente no primeiro encontro literário de Conceição do Jacuípe pôde acompanhar bem de perto o talento do ator, escritor e diretor de teatro Zezão. O artista declamou poemas, fez encenações e pôde compartilhar um pouco da experiência que ele tem com a literatura, área fundamental para a existência do teatro.

Zezão Pereira | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“Não existe teatro sem literatura. Todos os grandes teatrólogos escreveram seus textos para poder ir para o palco. A literatura está intrinsecamente ligada, não só no teatro, mas à vida de uma forma geral. O conhecimento só chega através da leitura. E, para se ler, é necessário que haja literários e a literatura está aí como peça de grande importância para a vida da gente”, disse Zezão.

Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

O professor e radialista Quirino compartilhou com a plateia a sua relação com a literatura e a importância do ato de ler na construção e na transformação de vida. Segundo o professor, incentivar a leitura é uma das maiores heranças que os pais podem deixar para os filhos. Ao Acorda Cidade, o dono da voz grave mais conhecida de Berimbau compartilhou um pouco da obra que está escrevendo no momento.

Quirino, professor, radialista e escritor | Foto: Jefferson Araújo / Acorda Cidade

“O livro chamado Sementes e Árvores de Berimbau, que trata de todas as áreas genealógicas da fundação da cidade. Conceição do Jacuípe tem história e a gente tem que fazer isso. Eu fiz uma pesquisa com quase 200 famílias que fizeram a construção de Berimbau. Esse tipo de estudo é importante para que os netos, bisnetos e tataranetos saibam de onde vieram, porque a cidade tem mais de 60 anos e precisa ser, no futuro, lembrada como surgiu”, concluiu Quirino.

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão 

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e Youtube e grupo de Telegram