Você sabia que já existiu uma planta que valia mais do que uma joia? A Monstera deliciosa, hoje presença comum em apartamentos urbanos, já foi símbolo de riqueza e refinamento nos salões aristocráticos do século XIX. Com suas folhas recortadas e presença escultural, ela cruzou oceanos e épocas até se tornar uma queridinha do design contemporâneo — mas sua história vai muito além da estética.
Monstera deliciosa era artigo de luxo nos jardins vitorianos
A Monstera deliciosa, originária das florestas tropicais da América Central, chegou à Europa no século XIX em meio à chamada “febre botânica”, uma onda de colecionismo de plantas exóticas promovida por aristocratas e exploradores. Na era vitoriana, possuir uma planta tropical em casa não era apenas questão de gosto — era sinal de status. E a Monstera, com seu porte exuberante, folhas fenestradas e crescimento vigoroso, virou uma espécie de troféu verde.
Os jardins de inverno, construídos por famílias ricas na Inglaterra e em partes da França, abrigavam espécies tropicais como orquídeas, samambaias e, claro, a Monstera deliciosa. Com o domínio britânico em colônias tropicais, o transporte de mudas ficou mais fácil — mas o cultivo ainda exigia estufas climatizadas e cuidadosos jardineiros. Ou seja: só os abastados podiam mantê-la com saúde.
Uma planta que simbolizava o “exótico” no lar europeu
Na época, tudo que vinha dos trópicos causava fascínio. As folhas da Monstera, com seu visual inusitado, representavam a beleza “selvagem” e incomum das Américas. A estética colonialista via nas plantas tropicais um objeto de dominação e curiosidade. Ter uma Monstera em casa era como dizer: “tenho acesso ao mundo”.
Ela passou a figurar também em pinturas, tapeçarias e decorações de palácios. Era comum ver retratos de senhoras da elite posando ao lado de grandes vasos de Monstera — um paralelo às esculturas de mármore, mas com vida.
Quando a Monstera virou item de desejo nas décadas recentes
Com o tempo, o fascínio aristocrático cedeu espaço ao uso decorativo. Já no século XX, a Monstera deliciosa voltou à moda nos anos 1950, durante o auge do design moderno. Ela aparecia em salas com móveis de linhas retas, trazendo um toque natural sem perder a elegância.
Hoje, com a popularização da estética “urban jungle”, a planta tropical voltou a dominar feeds do Instagram, Pinterest e revistas de decoração. Mas nem sempre as pessoas conhecem seu passado luxuoso. Mais do que uma tendência, a Monstera carrega séculos de fascínio, simbolismo e adaptação.
Cultivar Monstera deliciosa ainda exige atenção especial
Mesmo sendo considerada resistente, a Monstera deliciosa não é uma planta que aceita qualquer ambiente. Ela precisa de luz filtrada (nada de sol direto o dia inteiro), regas regulares sem encharcar e espaço para crescer — suas raízes aéreas são características marcantes e exigem vasos profundos ou tutoramento.
Se cultivada com paciência, ela pode durar anos e atingir alturas impressionantes. A folha só se rasga com o tempo, conforme a planta amadurece. Por isso, ver uma Monstera com folhas “lisas” indica que ela ainda é jovem — ou está em condições de luz muito fraca.
Ela também tem valor simbólico no Feng Shui e decoração
Além do apelo visual, a Monstera deliciosa é associada à energia da prosperidade. Em algumas leituras de Feng Shui, ela representa crescimento e expansão. Seu porte escultural é ideal para ocupar espaços amplos, como salas de estar, corredores largos ou halls de entrada.
Por seu tamanho, recomenda-se evitar cômodos muito pequenos — ela precisa respirar. Mas com o local certo, pode transformar a energia de um ambiente. É como se ela impusesse respeito, ao mesmo tempo que convida à contemplação.
Da elite aos apartamentos: uma jornada tropical
Hoje em dia, qualquer pessoa pode cultivar uma Monstera deliciosa em casa. Mas há algo mágico em saber que essa planta, que você talvez tenha colocado no canto da sala, já foi tratada como joia rara por duquesas inglesas.
Essa conexão entre o cotidiano e a história faz dela mais do que um item de decoração. É um lembrete de que o que cultivamos, literalmente, carrega histórias — e que o simples gesto de regar uma planta pode nos aproximar de um passado onde a natureza era venerada como arte.