Desde a madrugada, fiéis preparam tapetes para Procissão de Corpus Christi em Feira de Santana

Desde as 4h da manhã desta quinta-feira (19), diversos grupos ligados a paróquias da Igreja Católica em Feira de Santana estão confeccionando os tradicionais tapetes temáticos para a procissão de Corpus Christi. O evento, instituído no calendário litúrgico no século XIII é fruto de um movimento eucarístico da época.

Em Feira de Santana, os tapetes estão sendo confeccionados em trechos das avenidas Senhor dos Passos e Getúlio Vargas, rua Conselheiro Franco, rua J. Pedreira e ao longo da Praça Bernardino Bahia. Por volta das 8h30 será realizada uma missa campal, na Praça Padre Ovídio, presidida por Dom Zanoni e celebrada por todos os párocos da cidade.

“Essa celebração vai contar com a presença de todas as paróquias da cidade, então, em Feira de Santana hoje pela manhã não tem missa em nenhuma paróquia. Todos estaremos juntos na praça da catedral. No final da celebração, teremos a procissão com o Santíssimo Sacramento. É o único dia em que o Santíssimo sai em procissão, passando pelos tapetes que estão sendo confeccionados por nossos jovens, pelas comunidades. E no final, ocorrerá a bênção do Santíssimo lá na Praça da Matriz”, disse o padre Paulo de Tarso.

A felicidade em fazer parte

O professor aposentado Mário Leal foi um dos muitos fiéis que participaram da confecção dos tapetes. Ao Acorda Cidade, ele confessou que iniciou os trabalhos por volta das 4h da manhã, com o grupo do qual faz parte há cerca de 40 anos, o CJC [Comitiva dos Jovens em Cristo].

“Chegamos às quatro da manhã já para guardar o espaço e começar a confecção. No nosso tapete, estamos com a pomba do Espírito Santo, o cálice, homenageando os dois papas: o Papa Francisco e o Papa Leão XIV e também o Ano Jubilar, peregrinos de esperança. Nosso tapete também representa um momento de vida, momentos que eu vivenciei na última visita que fiz ao Vaticano”, disse.

O professor contou que o CJC é o primeiro grupo de jovens da Igreja Católica em Feira de Santana. Nos cerca de 47 anos de existência, as últimas quatro décadas foram dedicadas à confecção dos tapetes para a celebração de Corpus Christi todos os anos.

“Isso representa, para a gente, a possibilidade de dar essa representação pública do corpo e do sangue de Cristo, Jesus presente na Eucaristia, que sai às ruas. É a única procissão obrigatória, inclusive, da Igreja Católica, essa solenidade de Corpus Christi. Jesus vem, o Santíssimo Sacramento vem às ruas e a gente demonstra a nossa fé”, disse o professor.

Alta dedicação

Os tapetes podem ser confeccionados com os mais variados componentes: pó de serragem, sal, folhas e galhos. A jovem Natália Figueiredo França, que é moradora do bairro Tanque da Nação e faz parte da Pastoral da Acolhida, estava com um grupo de cerca de 10 pessoas confeccionando um tapete.

“Para mim é um grande prazer estar aqui, fazendo esse tapete, para dizer que eu tenho fé no Cristo Eucarístico. E, em algumas horas, Ele vai passar, concretizando a minha fé. Estar do lado d’Ele, o significado da confecção é a gente dar o melhor, de estar aqui tão cedo e dar o nosso o melhor que a gente tem. Não tem hora, não tem cansaço que possa impedir de estar aqui”, concluiu.

O comerciante Humberto faz parte do Santuário Senhor dos Passos e participa há muitos anos da confecção dos tapetes. Ao Acorda Cidade, mesmo com um pouco de pressa para finalizar o tapete e seguir para a missa campal, ele resolveu falar sobre o turbilhão de bons sentimentos envolvidos na tradição.

“É um prazer. É engraçado que todos os anos, quando a gente se reúne, que vê o resultado, não só os nossos do Santuário, mas também os de todas as outras paróquias, tem muitos outros tapetes belíssimos aí. É uma satisfação ver como o povo de Deus é organizado, como a gente consegue arregimentar forças para fazer esses tapetes belíssimos, para que a gente possa fazer um dia de Corpus Christi realmente belíssimo”, disse Humberto.

“A juventude está em peso. Para muita gente que diz que a Igreja não está em movimento, que está decaindo, aí você pode olhar: a juventude está presente, atuante, fazendo esse movimento cada vez mais jovem, a Igreja mais jovem. Está se renovando, e é necessário renovar. É necessário e urgente que a gente traga sempre as novas gerações para dentro da Igreja, porque, como a gente tem visto, as coisas do mundo puxam a juventude, e a gente tem que fazer esse movimento inverso”, complementou o fiel.