Moradores do distrito de Matinha, em Feira de Santana, bloquearam a saída dos ônibus da empresa Rosa, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (22). Em frente à garagem da empresa que presta serviço de transporte coletivo, eles protestam contra os serviços fornecidos para a zona rural. Por conta do ato, os bairros da região Norte da cidade, como Asa Branca e Conceição, e o distrito de Maria Quitéria, por exemplo, estão sem transporte público.
Ao Acorda Cidade, os moradores informaram que só deixam o local após o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Sérgio Carneiro, comparecer para que eles possam apresentar suas reivindicações de melhorias.
“Saímos de casa às 3h da manhã para estarmos aqui, porque a gente vem sofrendo com o descaso total do poder público, da empresa Rosa. É ônibus querendo pegar fogo, quebrando o vidro com o passageiro dentro…. Na semana passada cortei meu pé, que o vidro estourou, cortou meu pé e ninguém toma providência. As pessoas chegam atrasadas no trabalho por questão do transporte. Os piores ônibus que têm na frota eles colocam lá”, reclamou Isabel Fonseca, moradora da Fazenda Candeal, na Matinha.
Uma moradora relatou ao Acorda Cidade no local do protesto que desde 2020, a comunidade tem se reunido com a secretaria e o dono da empresa de ônibus para resolver os problemas de transporte na zona rural, mas sem sucesso. A empresa alega não ter interesse em atender a região devido às condições das estradas.
“A gente já teve reunião com a secretaria e com o dono da empresa. Simplesmente ele respondeu para a comissão que ele não tinha interesse nenhum em rodar para a Fazenda Candeal I, nem para nenhum local da zona rural. Aí ficou por isso mesmo e a gente cansou. Os jovens perdem as primeiras aulas todos os dias, a gente não tem hora pra chegar em casa porque os ônibus demoram demais. Desde 2020 que a gente vem batendo nisso aqui, e não toma solução”, declarou uma moradora”, declarou.
Negociação
Diretor de Transporte da Semob, Rodolfo Suzart, tentou negociar com os moradores a liberação dos ônibus que atendem a outras localidades e bairros, mas os manifestantes decidiram manter o protesto para que nenhum ônibus saia da garagem da empresa Rosa.
“Se os rodoviários entrarem em greve, como eles estão ameaçando fazer, em busca de melhores salários, a cidade toda não vai ficar sem ônibus também? Ontem eu sentei no ônibus e poucos minutos depois o ônibus quebrou. Nenhum ônibus vai sair daqui agora”, afirmou uma moradora.
Ao Acorda Cidade, o secretário de Mobilidade Urbana, Sérgio Carneiro, informou que o protesto é liderado por um morador que já participou de reuniões na secretaria e foi esclarecido sobre a situação. Por outro lado, os moradores afirmaram que a manifestação representa toda a comunidade e que só será encerrada quando houver um documento assinado que garanta melhorias no transporte público.
De acordo com o secretário, a situação não é de fácil resolução. A empresa Rosa argumenta que as linhas rurais deveriam ser atendidas pelo transporte alternativo, e que a manutenção das estradas é um desafio. Entretanto, sem bilhetagem eletrônica, com vans operando em várias localidades e baixa demanda em algumas delas, o transporte alternativo não seria suficiente para atender às necessidades da população.
Sérgio explicou que, para viabilizar as mudanças, seria necessário aumentar os custos do transporte e do subsídio pago pela prefeitura, especialmente relacionado às gratuidades, como no caso dos idosos, por exemplo.
“Não consigo fazer as coisas de um dia para o outro. Vamos redimensionar esse transporte alternativo e buscar mais soluções para as pessoas que moram na zona rural do município. A implantação da bilhetagem eletrônica nas vans implicaria no aumento do subsídio que hoje é destinado ao transporte público da cidade. Antes, era possível resolver a questão do transporte apenas com o reajuste da tarifa. Avaliávamos, no período de um ano, o aumento dos custos do diesel, reajustes salariais, energia, entre outros, montávamos uma planilha de custos e fazíamos o reajuste. Mas, da pandemia para cá, houve uma crise no setor de transporte em todo o Brasil, não foi algo exclusivo de Feira de Santana. De 2019 até 2025, Feira perdeu cerca de 50% dos passageiros de ônibus. Em números absolutos, isso significa a redução de dois milhões para um milhão de passageiros por mês. Aumentar o subsídio seria uma solução difícil”, afirmou o secretário.
Sérgio informou ainda que está buscando alternativas e propôs uma reunião com os moradores para a próxima semana, uma vez que o gerente da empresa Rosa não está na cidade neste período.
Veja o vídeo
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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