Com as cores da bandeira do estado, as mesmas da camisa do seu homônimo da capital, o Bahia de Feira, mais antigo clube de futebol da cidade, reúne uma rica história da época do amadorismo aos dias atuais, como agremiação profissional. Já foi o ‘bicho papão do interior’, hoje é o ‘Tremendão’, mantendo-se sempre em lugar de destaque no cenário esportivo, até porque já trouxe para a Princesa do Sertão o título de Campeão Estadual.
Campeão baiano de 2011, em uma campanha histórica, e atualmente disputando o certame estadual da segunda divisão, visando retornar à principal em 2026, a Associação Desportiva Bahia de Feira (ADBF), fundada em 2 de julho de 1937, sendo assim a mais antiga agremiação esportiva da cidade, tem uma história interessante pontilhada de fases de enorme sucesso e outras menos favoráveis, mas sempre presente no cenário do futebol feirense. Admiradores do EC Bahia, clube de Salvador, os desportistas Afonso Martins (pai de Adilson e Val, que foram jogadores profissionais), Antônio Costa, Ernesto Ribeiro de Carvalho e Antônio Lopes resolveram fundar um time — e não poderia ser diferente — exatamente homônimo ao tricolor da capital.
Em 1942, ao lado do Fluminense, surgido em 1941, Flamengo, Floresta (atual Botafogo), Madureira, Kalilândia e Construção, o Bahia de Feira consignou a fundação da Liga Feirense de Desportos Terrestres (LFDT), hoje Liga Feirense de Desportos (LFD). Já contando com o apoio de torcedores do time da capital, o Bahia granjeou liderança na preferência dos adeptos do futebol local. No início, as disputas ocorriam em campos de areia, como o campo da Usina (eram dois), um pouco antes do Colégio General Osório, no início da Rua Castro Alves, e no Flávio Magalhães, na Rua Senador Quintino, sempre com grande público prestigiando.
Em 1942, o Botafogo foi o primeiro clube carioca a visitar Feira de Santana e enfrentou o Bahia de Feira, no chamado “Estádio da Vitória”, que ficava na atual Praça do Caminhoneiro ou Praça Jackson do Amaury (nome oficial). O time da estrela solitária venceu por 4 x 2, contando com Heleno de Freitas, considerado um dos maiores craques do futebol brasileiro de todos os tempos.
O Bahia: Belmiro, Gregório e Alfredo, Simônides, Ferreira e Justino. Gildo, Renato, Mário Porto, Dino e Nelsinho.
O Botafogo: Brandão, Borges e Grahmbel, Darci, Santamaria e Sabino, Geraldino, Pascoal, Heleno de Freitas, Geninho, Pirica.
Heleno de Freitas (2), Pirica e Pascoal marcaram para os cariocas; Mário Porto e Renato para o time feirense.
Com o título de ‘bicho papão do interior’, enfrentando com destemor e qualidade as equipes da capital e de outros estados, o Bahia viveu grande fase na década de 1950, trazendo reforços como Francisquinho, que veio do sul do estado, Vavazinho, Coruja, Nena, dentre outros. Em 1953, na inauguração do Estádio Municipal Almachio Alves Boaventura (hoje Alberto Oliveira), o ‘bicho papão’ derrotou o Galícia, da capital, por 2 x 0, com gols de Mário Porto. Façanha maior foi enfrentar, em 1954, o Internacional de Porto Alegre, que vinha de uma excursão invicta no país, inclusive em Salvador, onde, participando de um quadrangular, venceu o Flamengo por 4 x 0, o Bahia por 7 x 0 e o Vitória por 8 x 2. Aqui, foi derrotado por 2 x 1.
Só que o segundo gol feirense foi anulado sem qualquer razão, ficando o placar final em 1 x 1. Depois, comentários surgiram justificando o fato: “o Internacional não podia perder para um time amador no interior da Bahia”. O time gaúcho realmente contava com um grande elenco: Periquito, Oreco, Paulinho, Odorico, Salvador, Bodinho, Larry, dentre outros, alguns dos quais chegaram à seleção brasileira. No final da década de 1950, na presidência de Edgar Carneiro, o tricolor reuniu um forte elenco, quando surgiram os irmãos Edson Porto e Gilson Porto — este, inclusive, foi para o Corinthians Paulista e chegou à Seleção Brasileira.
Em 1967, o ‘bicho papão’ ingressou no profissionalismo e, em 1969, em uma decisão contestada, a diretoria mudou o nome para Feira de Santana Esporte Clube e as cores também — adotando as mesmas da bandeira do município. Todavia, um ano depois, voltou a ser o Bahia de Feira.
O clube já contou com dedicados dirigentes como Edgar Carneiro, Juca Dias, Ivanito Rocha, Francisco Lopes ‘Maranhão’, Roque Aras, Mário Porto, Oscar Marques, Noide Cerqueira, Rosalvo Reis, Joel Magno, Carlos Marques, José Falcão da Silva, Renato Sá e Moacir Cerqueira, dentre outros.
Atualmente, sob a administração do empreendedor Jodilton Souza, o Bahia de Feira, embora na segunda divisão do futebol baiano, é uma das mais sólidas agremiações esportivas do estado e, ao lado do EC Vitória, uma das duas a possuir estádio próprio e toda a infraestrutura compatível com sua importância no cenário do futebol nacional.
Por Zadir Marques Porto
AS informações são da Secretaria de Comunicação Social
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