Na micareta deste ano, em Feira de Santana, houve redução no valore de cachês pagos pela Prefeitura aos artistas locais. A reclamação foi feita pelo representante da Associação de Bandas e Artistas do Município (BANDAFS), Léo Águia, durante pronunciamento hoje (15) na audiência pública que tratou da situação do evento festivo, na Câmara, iniciativa do vereador Pedro Américo (Cidadania). Segundo Águia, houve queixas de artistas, também, referente a falta de trio elétrico para apresentação na avenida e por não terem conseguido entrar na grade de programação.
“A Prefeitura tem que saber que micareta não pode ser tratada só com policiamento e mudança de data. Inclusive, para os artistas, essa alteração é péssima”, disse, manifestando posição contrária à possibilidade da festa passar a ocorrer em novembro. Léo Águia argumentou que não existe programação de nenhum grande evento no primeiro semestre do ano em Feira. Sendo assim, os artistas ficariam sem uma atividade de porte para suprir suas necessidades neste período.
“Como pode pensar em mudar a data do evento, se não discutir antes a melhoria de cachês de apresentações locais?”, questionou. Ao contrário de informação da Prefeitura alegando ter contratado 80% dos artistas de locais, rebateu o representante da BANDAFS, este ano houve um maior volume de reclamação sobre a ausência de feirenses na programação.
Citando Marquinhos do Revolusamba (prejudicado por ficar sem trio), banda Lambasaia (quase excluída da grade), a “situação de penúria” a que são relegados blocos afros e de reggae, Léo Águia cobrou valorização para a classe artística na micareta: “Não é por questão de planejamento, é por falta de interesse. Esperamos que o poder público possa se atentar para isto”.
Músico, compositor e produtor, Charles Wagner se pronunciou indignado por ter sido um dos artistas que não obteve contratação. “A Prefeitura anunciou que abriria credenciamento e não abriu. Queremos saber: qual o critério usado para estas contratações? O que é de direito deve ser repartido para todos”, protestou.
Também mostrando indignação, o artista Tom Brown pontuou que o reggae é uma das vertentes musicais que não é respeitada na cidade. “Não toco em espaços públicos e privados. Não participei em distrito nenhum, nada”, disse, solicitando que a Prefeitura explique os adotados para estabelecer os cachês locais. Ele pediu mudança do nome do Palco J. Morbeck, já que o artista não é expoente do cenário do reggae. “Reconhecemos que tem seu valor artístico. Mas, deixo a provocação para que seja mudado para Palco Reggae Jorge de Angélica”, sugeriu.
Integrante de banda e atuante no comércio fonográfico há 25 anos, Caetano Figueiredo é outro que não participou da micareta. Apesar de ter apresentado um projeto à Prefeitura, sequer conseguiu participar de reunião sobre a proposta. “Temos banda profissional, ensaiamos diversas vezes na semana e precisamos ser respeitados. A nossa voz tem que ser ouvida. O brilho da festa está no artista”, observou.
Resposta de Naron
As críticas são válidas e podem “servir para crescimento e melhorias da Micareta”, disse ontem (15), na Câmara, o diretor de Eventos da Secretaria de Cultura e Lazer do Município, Naron Vasconcelos. Ele foi um dos representantes do Governo Municipal presentes na audiência pública promovida pelo Legislativo para debater o futuro do evento. A iniciativa partiu do vereador Pedro Américo (Cidadania).
Naron informou que, diferente de reclamação feita pela Associação de Bandas e Artistas do Município, não houve falta de trio elétrico para as atrações de Feira.
“Todos foram atendidos, conforme a carga horária que estava estabelecida para trios e atrações”, afirmou. Um problema que houve com o Revolusamba, segundo ele, ocorreu em razão de questões tecnicas. “A banda não tocou no sábado, mas se apresentou no domingo”, explicou.
Naron garantiu que, embora exista dificuldade financeira em a gestão municipal custear a festa, foi respeitada a lei que obriga contemplar uma porcentagem determinada de atrações locais na grade. “Tivemos mais de 80%, beneficiados dentro da carga horária da festa e do orçamento disponibilizado”, afirmou, sugerindo que as bandas de Feira precisam “se atentar para a profissionalização e melhor organização”. Muitas não tocam, ele registrou, porque teriam dificuldade em apresentar os documentos exigidos.
Fonte: Câmara de Vereadores de Feira de Santana
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